Repórter Maxicar

Museu do Automóvel de Canela: celeiro de preciosidades nacionais

Museu do Automóvel de Canela

Além de clássicos importados, ele reúne alguns dos mais raros modelos já produzidos no Brasil, como Democrata, Hoffstetter, Lafer LL e Esplanada GTX

A Serra Gaúcha é uma das regiões turísticas mais visitadas do Brasil, atraindo anualmente milhões de turistas brasileiros e estrangeiros, principalmente no inverno. De colonização principalmente alemã e Italiana, a Serra Gaúcha é rica em cultura, tradição, história, paisagens deslumbrantes, gastronomia, vinhedos… e nos últimos anos se notabilizou pelos museus de automóveis.

Primeiro foi o Hollywood Dream Cars, em Gramado, especializado em carros americanos dos famosos ‘anos dourados’, que abrande o período que vai do final da II Guerra Mundial até o início dos anos 1960.

Importados

Em 2015 foi a vez de Canela, cidade distante apenas 10 km de Gramado, ganhar também seu atrativo turístico-automobilístico: o Museu do Automóvel de Canela. O empreendimento é obra dos Irmãos Azambuja, da também gaúcha Passo Fundo, tradicionais colecionadores de automóveis e figuras muito conhecidas entre os antigomobilistas de todo o Brasil.

O acervo do museu é bem eclético, com mais de 40 automóveis produzidos entre os anos 1920 e 80, expostos em uma área de 1.700 M2. São muitos clássicos americanos como os icônicos Ford Modelo T 1924, Buik Eight 1948, Ford Thunderbird 1955, Cadillac Fleetwood 1959 e Chevrolet Impala 1960.

Museu do Automóvel de Canela

Há também alguns modelos de origem europeia, como a italiana Ferrari 308 GT4 1974, o inglês Rolls-Royce Silver Shadow 1979 e os alemães BMW Isetta 300 1958 e Mercedes Benz 190 SL 1956.

Mas o que mais nos chamou a atenção foi incrível acervo de nacionais raros. São cinco modelos que raramente vemos até mesmo nos principais encontros de carros antigos brasileiros. Imagine o privilégio de poder vê-los reunidos em um mesmo local! Só eles já valeriam a visita!

IBAP Democrata 1968

IBAP Democrata

Em 1963 o empresário Nelson Fernandes fundou a IBAP — Indústria Brasileira de Automóveis Presidente. Seu objetivo era fabricar um carro sofisticado 100% nacional (ou quase!). Assim nasceu o Democrata, um três volumes de duas ou quatro portas, carroceria em fibra de vidro, cujo único componente importado era o motor V6 italiano. Os veículos seriam adquiridos através da compra antecipada de ações da IBAP, empresa que chegou a ter 120 funcionários. Mas, segundo consta, a pressão das montadoras multinacionais fez com que Fernandes fosse acusado de fraude (algo nunca comprovado), o que acabou sepultando seu sonho. Foram produzidos apenas cinco protótipos completos. Hoje, restam apenas três.

Lafer LL

Lafer LL

Muito diferente do MP Lafer que conhecemos — o gracioso conversível com mecânica VW, inspirado no famoso inglês MG TD —, o Lafer LL é um coupê com carroceria em fibra de vidro e motor 6 cilindros do Chevrolet Opala, projetado por Rigoberto Soler (leia-se Brasinca Uirapuru). A inspiração saiu de dois modelos europeus: o Mercedes Benz SLC  e o Fiat Coupê 130 Pininfarina. Foi apresentado no Salão do Automóvel de 1976 e era recheado de recursos tecnológicos. Era muito caro. Custava o equivalente a três Ford Galaxie. Foram fabricados meros sete carros em três anos.

Willys Itamaraty Executivo

Willys Itamaraty Executivo

Lançado no V Salão do Automóvel de 1966, a versão limusine do Willys Itamaraty tinha alguns centímetros a mais em relação à versão convencional, além de luxos como interior em couro, bancos extras para acompanhantes e separação de vidro entre motorista e passageiros no banco de trás. Sua carroçaria foi desenvolvida em conjunto com a Karmann-Ghia. Foram fabricados somente 27 unidades do Willys Itamaraty Executivo e apenas 8 foram vendidos a particulares. Os demais foram destinados a órgãos governamentais, como a Presidência da República e alguns de seus ministérios e a governos estaduais.

Hofstetter

Hofstetter

O protótipo do Hofstetter ficou pronto em 1973 e era usado em passeios pelas ruas de São Paulo, sempre chamando muito a atenção. Então, seu criador, Mário Richard Hofstetter, avaliou que seria uma boa ideia fabricá-lo em série. A primeira apresentação oficial aconteceu no Salão do Automóvel de 1984. Com carroceria futurista em fibra de vidro, portas “asa de Gaivota” e acabamentos muito caprichados, tinha suspensão do Chevrolet Chevette. Usou motores VW 1.6 do Passat e depois VW AP 1.8 Turbo, que gerava 140 cv. Seu preço o tornou um esportivo para poucos. Por isso, em nove anos foram vendidos apenas 18 exemplares.

Chrysler Esplanada GTX

Simca Esplanada GTX

Lançada no finzinho de 1968 (como modelo 1969) a versão esportiva do Esplanada foi uma iniciativa da Chrysler (enquanto preparava o lançamento da linha Dodge no Brasil), que no ano anterior havia assumido os negócios da Simca. O motor era o mesmo V8 Emisul dos demais modelos herdados da marca de origem francesa, mas o câmbio era de quatro marchas no assoalho, em conjunto com os bancos individuais reclináveis, separados por um belo console de madeira. A produção da Esplanada GTX não foi tão reduzida quando os demais modelos raros citados aqui: 631 unidades. Mas hoje é dificílimo de ser encontrado.

Além dessas cinco “moscas brancas”, o Museu do Automóvel de Canela, abriga em seu acervo outros nacionais considerados bastante exclusivos, caso do GT Malzoni 1966; dos Simcas Jangada 1962 e Presidence 1961; da Kombi de Luxo 6 Portas 1971; do Dodge Dart SE 1972 e do Brasinca Uirapuru 1965.

O Museu do Automóvel de Canela fica na Praça das Nações, 281 – bairro São José. Funciona todos os dias, exceto às terças e quartas-feiras, das 9h30 às 18h. Depois de um período fechado por causa da Pandemia da Covid-19, voltou a funcionar normalmente em agosto, com as devidas medidas preventivas.

Texto e edição: Fernando Barenco


NR: Recebemos essas fotos através de um grupo do Whatsapp e tentamos identificar a autoria, mas não tivemos sucesso. Caso você seja o autor das imagens, por favor entre em contato conosco, para os devidos créditos.

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