Repórter Maxicar

Chevrolet Série M Copper-Cooled 1923: um fracasso refrigerado a ar

Chevrolet Série M Copper-Cooled

Essa foi a primeira tentativa da GM com esse tipo de motor. O desastre foi tamanho, que a GM teve que recolher todos os carros fabricados, incluindo os já vendidos

Recentemente falamos aqui no Maxicar sobre a Franklin, uma extinta marca norte-americana que com pioneirismo, fabricou durante 30 anos automóveis com motores refrigerados a ar, a partir de 1903. No rastro do sucesso da Franklin, a já poderosa General Motors quis se aventurar no segmento: assim nascia o Chevrolet Série M Copper-Cooled, em 1923.

 A história da criação do Chevrolet Série M começa em 1918, quando a GM encarregou Charles F. Kettering, então engenheiro-chefe da Delco, do desenvolvimento de um motor refrigerado a ar, já que ele tinha algumas vantagens em relação ao refrigerado a água: não exigia radiador e tubulação, tinha custo mais baixo e apresentaria menos problemas no inverno, em regiões mais frias da América do Norte.

A simplicidade mecânica do Chevrolet Série M e o motor sem a carenagem, sendo possivel ver as aletas de cobre


O projeto teve início em 1918. E embora consumisse muitos recursos, se mostrava muito promissor. O objetivo era empregar o motor refrigerado ar em uma linha popular, que pudesse concorrer com o estrondoso sucesso do Ford Modelo T, além da própria Franklin. Mas essa atuava no segmento de carros mais requintados e luxuosos.

Kettering optou por usar várias aletas de cobre na posição vertical (daí a nomenclatura “Copper-Cooled” = “refrigerado a cobre”), soldadas aos cilindros de ferro fundido. É que o cobre tem condutividade térmica 10 vezes melhor que a do ferro. Uma grande ventoinha puxava ar para cima, refrigerando o motor de quatro cilindros com válvulas suspensas.

O lançamento

Touring e Utility Coupê


O projeto era ambicioso, com previsão de produção de 50 mil carros por ano. A primeira “fornada” do Chevrolet Série M Copper-Cooled ficou pronta em maio de 1923. Era um modelo simples, nas versões Touring (conversível de 4 portas) custando US$ 725; e Utility Coupê (duas portas e teto rígido), ao custo de US$ 880. Mais caros que modelos correspondentes da Linha Chevrolet refrigerada a água, que custavam US$ 495 e US$ 640, respectivamente. Mais caros também que o Ford T, cujos valores variavam de US$ 319 a US$ 695.

O layout era basicamente como o de um carro convencional. Mas, no lugar da grade do radiador havia pequenas aberturas tipo persiana para a refrigeração. Curioso notar, que sobre elas foi colocado um emblema, que sugere algo como um bocal para abastecimento de água “fake”. Talvez para não causar algum estranhamento à clientela.

O fracasso do Chevrolet Série M Copper-Cooled

Mas, apesar de grandes investimentos durante cinco anos, parece que o Chevrolet Série M Copper-Cooled não foi suficientemente testado. Em regiões de clima mais quente, o carro apresentou problemas sérios de superaquecimento, o que poderia causar graves acidentes.

Dos 759 exemplares produzidos, 300 chegaram às Concessionárias Chevrolet de todo o país. Para evitar consequências muito negativas, a Chevrolet imediatamente recolheu e destruiu todos os carros, inclusive os cerca de 100 que já haviam sido vendidos. Atualmente restam apenas dois exemplares: um no National Automobile Museum, em Nevada; e o outro no Henry Ford Museum, no Michigan.

Trinta e três anos depois, a Chevrolet faria sua segunda tentativa de produção de um automóvel refrigerado a ar: o Corvair. Mas esse é assunto para outra matéria.

Redação e edição: Fernando Barenco
Fotos: Divulgação de época


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