Fernando Barenco

Um ano perdido (também) para o Antigomobilismo?

O segundo semestre já está aí e pelo jeito o cenário para os encontros de carros antigos se manterá o mesmo da primeira parte de 2020

Estávamos em meados de março quando as medidas de isolamento social caíram como uma bomba sobre nossas cabeças e alteraram completamente a vida como a conhecíamos até então.

Um dos primeiros setores da economia a ‘fechar’ foi o de eventos e sem dúvida será um dos últimos a voltar à normalidade. Natural. Sem público, sem aglomeração, não há evento.

A partir daí, o que vimos foi uma enxurrada de cancelamentos de encontros de carros antigos que aconteceriam no primeiro semestre. E de fato, praticamente nada ‘ao vivo’ em termos de antigomobilismo aconteceu, exceto alguns passeios e carreatas de carros antigos que ocorreram aqui e ali e que dividiram opiniões.

E não apenas aqui. Nos Estados Unidos nos últimos meses pipocaram notícias de cancelamentos dos famosos concursos de elegância, entre eles o chiquérrimo Peeble Beach.

No início da semana recebemos um comunicado oficial de cancelamento do mais importante evento de antigomobilismo da América do Sul: a Autoclásica, que acontece anualmente na Argentina — sempre em outubro — e que é muito frequentado pelos brasileiros.

Agora, às portas do segundo semestre, o que vemos aqui no Brasil é a tendência de cancelamentos dos eventos da segunda metade do ano também, como pode ser facilmente constatado em nosso Calendário de Eventos.

VW Fusca 1300 1968
R$ 33.000,00

DKW Belcar Rio 1965
R$ 80.000,00

R$ 48.900,00

Ford LTD 1978
R$ 86.000,00

Chevrolet Tigre 1946
R$ 170.000,00

R$ 32.000,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 95.000,00

FNM 2000 JK 1963
R$ 175.000,00

R$ 120.000,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

FNM Jk 2150
R$ 135.000,00

O glamouroso Brazil Classics Show (Araxá-MG), cuja 24ª edição aconteceria inicialmente no feriado de Corpus Christi (junho) e que havia sido adiado para o sete de setembro, não acontece mais esse ano. Foi “adiado” para 2021. Sim, “adiado”, já que se trata de um evento bienal e que em situações normais não é realizado em anos ímpares.

“Mas, independentemente de autorização governamental, há outros fatores que são primordiais para que um evento de antigomobilismo possa acontecer”

No momento em que ocorre a flexibilização das medidas de isolamento social em vários estados e cidades do país, nada mudou em relação aos eventos, que continuam impedidos de acontecer por determinação dos governos estaduais.

A exemplo de Araxá, o maior encontro de automóveis antigos do país — o Brasileiro de Águas de Lindóia-SP — adiou em março seu anual que seria em abril, como em anos anteriores. Agora, o evento está agendado para acontecer de 9 a 12 de outubro.

No entanto, o Estado de São Paulo ainda está neste momento (18 de junho) nas Fases 1 e 2 (vermelha e laranja) de suas medidas da retomada das atividades econômicas e sociais, o chamado ‘Plano São Paulo’. E a volta dos eventos e outras atividades que geram aglomeração somente se dará na última fase deste programa de flexibilização, a de número 5 (azul). A conferir.

Mas, independentemente de autorização governamental, há outros fatores que são primordiais para que um evento de antigomobilismo possa acontecer.

O mais importante deles é o patrocínio. Qualquer clube ou grupo que se disponha a organizar um evento sabe, que em situações normais já não é fácil conseguir um volume de patrocínios que permita bancar um evento, cujas despesas são enormes. Mesmo com cobrança de inscrições, etc, os patrocinadores cobrem boa parte dos custos.

O atual momento é de devastação econômica, com empresas inoperantes ou reabrindo neste momento depois de três meses de portas fechadas, com caixas vazios, penduradas em empréstimos, demitindo pessoal. Muitas delas simplesmente não resistindo à pandemia e quebrando. Como conseguir patrocínio?

Outro fator é o prazo. É preciso ter uma previsão mínima de quando o país voltará a abrir as portas para os eventos, para que haja um tempo mínimo para o planejamento e a organização de um encontro.

E mais: grande parte da comunidade antigomobilista é composta por pessoas na faixa dos 50, 60 anos ou mais. São as do chamado grupo de risco e não apenas pela faixa etária, mas também pelo fato de muitas possuírem algum tipo de doença pré-existente, que pode complicar bastante a situação, caso ela seja contaminada pela Covid-19.

Então, será que, mesmo que os encontros de carros antigos voltem a acontecer nos próximos meses, essas pessoas irão querer arriscar as suas saúdes ou até mesmo as suas vidas, participando deles?

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