Coberturas

37ª Exposição de Automóveis Antigos de Teresópolis, RJ

Três dias repletos de emoções

Num final de semana que começou chuvoso e terminou ensolarado, evento foi escolhido o Master da FBVA no Rio de Janeiro a partir do próximo ano

O encontro de carros antigos mais antigo do Brasil — que acontece de forma ininterrupta desde 1982 — teve sua 37ª edição no último final de semana, de 05 a 07 de julho, nos jardins do Teresópolis Golf Club. Para a rapaziada do Amigos do Antigo, clube que assumiu em 2010 a missão de manter o legado do Dr. Robson Ferreira, foram dias de expectativas e diferentes emoções.

- 25 E 26 DE MARÇO -
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1º dia – A Chuva

Sexta-feira. Depois de um mês inteirinho de inverno ensolarado, uma frente fria caiu implacavelmente sobre a Região Sudeste na véspera do primeiro dia evento e, claro, não poupou a região Serrana. Trouxe muita chuva e vento, além de uma brusca queda na temperatura. E o mal tempo acabou adiando a viagem de muitos antigomobilistas, que via de regra odeiam colocar suas preciosidades automotivas na chuva. Esse imprevisto logicamente trouxe uma grande apreensão aos organizadores. Depois de meses e meses de planejamento e preparativos, a meteorologia iria sacanear e jogar literalmente um ‘balde de água fria’ num evento tão caprichosamente organizado?

2º dia – A novidade

Sábado. Ainda bem que a chuva passou! Em compensação a temperatura caiu ainda mais, exigindo que expositores e público visitante tirassem do guarda-roupa aqueles quase esquecidos casacões usados apenas em situações extremas, além de gorros, luvas, cachecóis e todo e outros agasalhos da Europa.  Mas o frio acabou fazendo parte do evento e com certeza vai ser lembrado por um longo tempo. Afinal, no fundo é o que se espera ao fazer uma visita à Região Serrana em pleno inverno!

O Teresópolis Golf Club é um local privilegiado para este tipo de evento


Aos poucos os carros antigos foram chegando e se juntando àqueles mais corajosos que chegaram no dia anterior, tomando seus lugares nos amplos jardins do Golf Club. Aliás, que espaço fantástico para se fazer um encontro de carros antigos. Cabem ali, sem muito esforço mais de mil automóveis. Todos bem estacionados em setores organizados, áreas planas, longes de barrancos ou outros lugares que possam representar qualquer risco para o automóvel ou seus ocupantes. Tudo gramado, com muita sombra proporcionadas pelas árvores — legal para fazer piqueniques —, visual fantástico, estacionamento amplo para quem opta pelo carro moderno e que fica praticamente no centro da cidade, em local de fácil acesso. Enfim, o espaço que todo clube de antigomobilismo sonha encontrar um dia!

A partir do alto, à esquerda: apresentação da Banda ReciclArte; O Landau do Papa; A benção das chaves


A cerimônia de abertura aconteceu às 16 horas e contou com a presença de autoridades locais, entre elas o Vice-Prefeito Ari Boulanger, que lembrou da importância do evento para a cidade. Crianças de escolas municipais da Banda ReciclArte fizeram uma apresentação utilizando apenas instrumentos feitos de material reciclado. Muito bacana!

Padre André Barbosa Abençoou as chaves dos veículos em exposição. Chegou a bordo do Ford Landau 1979 preto que transportou nada menos o próprio Papa João Paulo II em sua viagem ao Brasil, em 1980.

O Diretor da FBVA, Augusto Mosca (e), anuncia que o evento será o Master do Rio de Janeiro, a partir de 2020


O Vice-Presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA) Augusto Mósca, após fazer muitos elogios ao encontro, anunciou que a partir do ano que vem ele será o Evento Master da entidade no Estado. São sete os eventos anuais com esse status, nas diversas regiões do Brasil, entre eles o bienal de Araxá-MG e o Sul-Brasileiro, que se reveza entre os três estados Sul. No Rio de Janeiro, anteriormente o título de Master pertencia ao Veteran Car Clube do Brasil – RJ. Para ser consagrado como Master, o evento precisa ter algumas características, entre elas acontecer em cidade com atrativos turísticos, durar ao menos três dias e ter a participação de pelo menos 300 veículos. As premiações de veículos também seguem critérios padronizados. Junto com o prestígio, vem a responsabilidade.

3º dia – Finalmente o Sol

A tirolesa foi novidade este ano e fez a alegria da garotada


Domingo. O dia amanheceu lindíssimo, sem uma nuvem no céu. O frio deu uma razoável trégua. Os automóveis não tardaram a chegar, em alguns momentos causando até aquele característico pequeno engarrafamento na entrada. Uma das novidades deste ano, a tirolesa fez sucesso com a criançada (e alguns marmanjos também), dando aquele ‘sobrevoo’ sobre a exposição. E para elas tinha também playground e passeio de trenzinho e de mini-Fusca. A praça de alimentação ficou lotada. Muitas opções gastronômicas, enquanto no palco em frente rolavam diversos shows de rock ao longo de todos os dias. O mercado de pulgas esteve bem variado.

Mas e os carros?

Os sete carros de Hilton Júnior e seu irmão chegaram numa cegonha e ‘causaram’


Claro, vamos falar um pouco sobre eles. Ainda na sexta-feira, mesmo debaixo de chuva, ‘aportou’ em Teresópolis uma cegonha carregando sete Volkswagens, dos modelos apelidados de ‘quadrados’, que fazem a cabeça do antigomobilista mais jovem, na casa dos 30 anos. Vamos à lista: Passat GTS Pointer 1986, Gols GTi 1990, 1993 (2) e 1994, Voyage Sport 1993 e Saveiro Summer 1996. Detalhe: todos caprichosamente restaurados pelo famoso Studio By Deni, de Indaiatuba – SP, cujo trabalho completo custa em torno de R$ 100 mil. Os esportivos pertencem aos irmãos Hilton Júnior e Fábio Tadeu, do Rio de Janeiro. Fazem parte da coleção dos brothers outros três carros: dois VWs e um ‘estranho no ninho’: um Opala 1979. Esses não foram a Teresópolis porque no momento estão também aos cuidados do By Deni. Conversamos com o Hilton, que nos contou que para os próximos anos o objetivo é comprar e restaurar dois VWs a cada ano, até formar uma coleção com 20 automóveis.

Panther Pink: detalhes do Super Bee,  eleito o melhor do evento e que será o tema dos cartazes do ano que vem


Um dos carros que mais chamou a atenção do público foi o Dodge Super Bee 1970, não tanto pelo fato de ser um dos maiores representantes da geração muscle car americana. Mas por sua pouco usual cor de rosa, que nem parecia original. Mas não! Trata-se do tom Phanter Pink de fábrica que cobriu as carrocerias de alguns modelos Dodge naquele ano. Do Super Bee, foram bem poucos. De acordo com o proprietário, o colecionador de Teresópolis José Zembrod, existem hoje apenas sete Super Bee com essa configuração em todo o mundo.

Ancião: o Ford Modelo T 1927


O mais antigo automóvel em exposição foi o célebre Ford Modelo T 1927 — em seu último ano de produção, mas ainda com rodas de madeira, manivela de ignição (que a essa altura era usada apenas em emergências) e seu característico (e complicado) sistema de condução. Eleito o carro do Século XX, teve produção de mais de 15 milhões de unidades. Desta mesma época, havia também dois Modelos A 1929: uma pick-up e um Tudor, e ainda um belo e raro Dodge Coupê 1935, com dois estepes e o ‘banco da sogra’.

O BMW Club do Rio de Janeiro trouxe 10 carros. Destaque para o conversível de Walter Nicoliello (d), que participa da novela


O BMW Club do Rio de Janeiro participou do evento com dez carros, produzidos a partir dos anos 1990, até modelos contemporâneos. O mais antigo foi o conversível vermelho E30 1992, apelidado pelos sócios do clube de ‘Famosinha’, por sua participação na novela global ‘Verão 90’.

Nelson e seu lindo Renault Dalphine francês


Já o ex-piloto e restaurador Nelson Cintra exibia com orgulho seu Dauphine 1962  de ‘tripla nacionalidade’: ‘made in France’, fabricado para o mercado americano e que acabou vindo parar no Brasil há alguns anos. Num primeiro momento, o carro parece idêntico ao fabricado aqui, mas há sutis diferenças: frisos laterais, velocímetro em milhas, aquecimento interno, rodas com desenho diferente, lanternas dianteiras e traseiras diferentes. O carro foi restaurado pelo próprio Cintra há alguns anos e sua oficina, em Petrópolis – RJ.

Fuscas, Kombis, Opalas e Mavericks


Os Fuscas tomaram conta de uma grande área dos jardins do Golf Club, com modelos originais, modificados e ‘rats’, além Kombis, Brasílias, Variants e outros derivados. Chevettes, Fiats 147 e Mavericks também estiveram em bom número, assim como o Opala, com carros dos mais diversos anos e configurações, inclusive um Comodoro 1978 com motor V8 350, o mesmo do Corvette e Camaro.

Alguns ‘Novos Clássicos’ dos anos 1990


A exemplo dos VW ‘quadrados’ já citados, outros ‘novos clássicos’ nacionais e importados também marcaram forte presença, como Escort XR3, Kadett GSi, Uno 1.6R, Omega, Parati, Passat VR6, Alfa Romeo 156, entre outros. Modelos que aos poucos vão ganhando notoriedade no mundo dos clássicos e o coração dos colecionadores.

Diogo e seu Amphicar, que depois de pronto vai ficar lindo como esse do detalhe 


Um dos veículos mais legais do evento, por enquanto ainda está na fase de ‘escombros’, mas se depender Diogo Moreira não por muito tempo. Estamos falando de um sensacional Amphicar, o carro anfíbio alemão que está em fase inicial de restauração na Aliens Garage, de Teresópolis. Foram produzidos menos de quatro mil, entre 1960 e 1965. São raríssimos no Brasil.

— Estamos na fase de preparação da carroceria e o motor, um Triumph, já foi para a retífica. O carro pertence a um cliente de São Paulo e pretendemos terminar o trabalho até o final de 2020. Vamos testar o Amphicar no lago da Granja Comary. — contou Diogo, que é dono da oficina.

Leonardo Campos, Delson e Sidney Mandarino: a homenagem a Wallace Torres foi o momento mais emocionante da premiação


Foram premiados 20 veículos, alguns entre os já citados aqui. Momento emocionante foi a entrega do Prêmio Wallace Torres, em homenagem a esse jovem antigomobilista petropolitano que morreu de forma inesperada, vítima de problemas cardíacos há um ano. Com a presença de seu pai, Delson, foi premiado o melhor Hot Rod, a réplica Chevrolet Coupê 1934.

<strong>CONFIRA A LISTA COMPLETA DE PREMIADOS!</strong>
  • Ford Modelo T 1927 – Djalmar
  • Ford Modelo A Tudor 1929 – Antônio
  • Impala Sport Coupe 1961
  • Simca Chambord Tufão 1964 – Célio Pavão
  • Puma Spyder 1972 – Fernando Menezes
  • Ford LTD 1979 – Maurílio Alvim
  • Brasília 1978 – Guilherme Ramos
  • Fusca 1973 – Guilherme
  • Passat LSe 1980 – Mário
  • Opala Diplomata 1986 – Caio Mário
  • Escort XR3 1986 – Joel
  • Ônibus Amélia Mercedes Benz – André Simas
  • BMW E30 Conversível 1992 – Walter Nicolino
  • Gol GTi 1993 – Hilton Júnior
  • Réplica Chevrolet 1934 – Birinha
  • Troféu Mirim ‘Amiguinhos do Antigo’ – Opala 1974 – Lucas
  • Troféu Robson Ferreira – Dodge Super Bee 1970 – José Zembrod
  • Homenagem Especial – Landau 1979 – Sérgio Castelo Branco

Para encerrar o evento no final da tarde de domingo — um pouco antes da vitória da Seleção Brasileira na final da Copa América contra a Seleção Peruana — foi feito o sorteio de um Escort XR3 1993, entre os expositores e os que adquiriam bilhetes no valor de R$ 10,00 cada. E o esportivo acabou permanecendo em Teresópolis. O ganhador foi Luiz Augusto Gonçalves, que comprou um único bilhete. Eta sorte danada!


GALERIA DE IMAGENS


Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco
Video: Organização do evento

Sorteio do Escort XR3 ao vivo da nossa 37ª Exposição de Automóveis Antigos!

Publicado por Amigos do Antigo em Domingo, 7 de julho de 2019

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