Ele foi criado especialmente para bater o recorde mundial de velocidade. E conseguiu! Ou quase…
Em 1911, a Fiat construiu dois protótipos do S76 com um único propósito: quebrar o recorde mundial de velocidade, que até então pertencia ao alemão Blitzen-Benz, que em 9 de novembro de 1909 havia atingido 202,7 quilômetros por hora, no circuito de Brooklands, na Inglaterra. Nascia assim uma lenda: “A Besta de Turim”!
Um motor de 28.5 litros
O Fiat S76 foi equipado com um motor de incríveis 28.5 litros, que rendiam 290 cv de potência, embora tivesse apenas 4 cilindros. Um torque absurdo! O câmbio era de quatro velocidades e a tração para as rodas traseiras se dava através de correntes.
O primeiro protótipo permaneceu em poder da própria Fiat por alguns anos, sendo então desmontado. O segundo (esse sobrevivente) foi vendido a um príncipe russo chamado Boris Soukhanov. Depois de duas tentativas frustradas de quebra do recorde de velocidade em pistas inglesas — já que o monstro mecânico assustava até mesmo os mais experientes pilotos, por ser considerado “indomável” — a marca foi finalmente batida em dezembro de 1913 na Bélgica, pelo piloto Arthur Duray. No entanto, problemas na cronometragem da prova não tornaram oficiais os 213 quilômetros por hora alcançados.
Na década seguinte, “A Besta de Turim” foi vendida a um entusiasta das corridas que vivia na Australia. Nos anos seguintes participou de diversas competições, mas foi sofrendo várias alterações, inclusive mecânicas.
“A Besta de Turim”: o sumiço e o renascimento
Depois de décadas desaparecido, o histórico veículo havia sido dado como definitivamente perdido, até que o colecionador britânico Duncan Pittaway descobriu o seu chassi, além de algumas outras peças originais.
No entanto, ainda faltava o motor. Mas, por uma espécie de milagre, o original daquele carro desmontado ainda existia. Estava há mais de um século sem funcionar. Assim, o quebra-cabeça começou a ser montado.
A partir de fotos da época e cópias dos projetos originais da Fiat, o S76 foi sendo pacientemente reconstruído. Um trabalho minucioso que levou nada menos que 10 anos. Nesse link você pode conferir um resumo do processo de reconstrução e o motor voltando a rugir novamente pela primeira vez.
Sua triunfal reestreia nas pistas aconteceu durante o famoso Festival de de Velocidade de Goodwood de 2015.
Nesse vídeo:
Desde então ele é um habitual frequentador desse evento anual. Esse vídeo sensacional mostra a sua participação na edição de 2020. A pilotagem em pista molhada é do próprio Duncan Pittaway.
Mas, porque “A Besta de Turim”? O sugestivo apelido foi dado por populares ainda na época do recorde, devido ao som considerado ensurdecedor de seu enorme motor e das chamas cuspidas de seus dois escapamentos laterais. Um espetáculo que, ainda hoje, arrepia quem o vê em ação.
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