Coberturas

2º Circuito Imperial de Automobilismo – Petrópolis, RJ

2º Circuito Imperial de Automobilismo

Resgatando histórias e lembranças de um passado glorioso

Com programação variada e grande público, evento na Região Serrana Fluminense celebrou as antigas corridas em circuito de rua

No último fim de semana Petrópolis reviveu os lugares, as histórias, os personagens e a saudade de suas célebres corridas de automóvel em circuito de rua dos anos 1950 e 60. Para as nova gerações, o 2º Circuito Imperial de Automobilismo foi uma oportunidade de conhecer mais sobre essa importante faceta da “Cidade Imperial”, berço do automobilismo brasileiro, desbravado quatro décadas antes pelo piloto petropolitano Irineu Corrêa, que entre as façanhas está o fato de ter sido o primeiro piloto brasileiro a correr no exterior.

O 2º Circuito Imperial de Automobilismo agitou a Região Serrana Fluminense


Hoje, a cidade é famosa por abrigar equipes de Stock Car, a principal categoria do automobilismo Brasileiro, equipes essas que tiveram fundamental participação no 2º Circuito Imperial, que você poderá conferir nos próximos parágrafos.

O evento que teve como principal atração o desfile de carros antigos pelo traçado de rua original, aconteceu sábado e domingo, 2 e 3 de setembro, com uma cerimônia de abertura com homenagens e coquetel de boas-vindas para expositores e convidados, nas antigas instalações da Fábrica de Tecidos São Pedro de Alcântara.

Exposição

Para o público, o evento começou na manhã de sábado, com uma bela exposição de carros clássicos nas proximidades da Catedral São Pedro de Alcântara, que fica no coração do Centro Histórico, rodeada de outros famosos pontos turísticos como o Museu Imperial, o Palácio de Cristal, a Casa da Princesa Isabel, o Palácio Rio Negro e a Casa de Santos Dumont, chamada por ele de “A Encantada”.

Na primeira foto, a exposição de Karmann-Ghias. No detalhe os presidentes de dois clubes do modelo: Artur Vidal, de São Paulo; e Marcos Tadeu, do Rio de Janeiro. Na segunda imagem, a turma animada que viajou 480 km!

Ford Verona GLX 1.8
R$ 30.000,00

Mercedes-Benz 300 SL 1992
R$ 195.000,00

BMW 2002 Tii 1972
R$ 220.000,00

R$ 32.000,00

R$ 48.900,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 95.000,00

VW Saveiro Summer 1996
R$ 70.000,00

R$ 45.000,00

Ford Jeep CJ-5
R$ 48.000,00

DKW Belcar 1963
R$ 80.000,00

R$ 45.000,00


Foram cerca de 90 carros, fabricados entre as décadas de 1920 e 90, incluindo exemplares originais e réplicas de corrida. O modelo homenageado foi o VW Karmann Ghia, esportivo que completou 60 anos de lançamento no Brasil no ano passado. O Karmann-Ghia Club do Rio Janeiro levou ao evento nada menos que 38 exemplares, incluindo três de Minas Gerais e três de São Paulo — esses últimos do KGC de Carros Clássicos / Reumatismo Car Clube. Além dos Karmann-ghias, o animado grupo paulista prestigiou o 2º Circuito Imperial de Automobilismo com dois outros carros, numa viagem de 480 km, provavelmente a maior distância percorrida.  

Palestra e talk show

A progamação cultural teve palestra, lançamento de livro, bate-papo e exposição


Enquanto isso, próximo dali, no Centro de Cultura Raul de Leone acontecia a palestra de José Augusto Varanda, que viveu de perto as corridas de automóveis daquela época, já que é filho do famoso piloto Aylton Varanda. Ele colocou suas memórias no livro “Petrópolis no Cenário Automobilístico Nacional, que foi lançado durante o evento, com renda destinada a um projeto social da cidade.

Em seguida, um bate-papo mediado por Luiz Salomão, com a participação de Andréas Mattheis, piloto e chefe da equipe Ipiranga Racing de Stock Car; e do ex-piloto Sidney Cardoso, que participou das corridas em Petrópolis na década de 1960. Também no local, uma exposição de miniaturas automotivas e de troféus, capacetes, macacões e outros equipamentos da Stock Car.

Um domingo ensolarado

Uma multidão acompanhou a largada, que aconteceu próxima à Catedral São Pedro de Alcântara


As principais atrações do 2º Circuito Imperial ficaram para a ensolarada manhã de domingo. A exposição de carros antigos continuou, atraindo a atenção de um grande público, entre moradores locais e turistas.

Por volta de meio dia e meia, os motores foram ligados e uma verdadeira multidão se reuniu em frente à Catedral para acompanhar a largada do passeio de duas voltas pelo itinerário original de 3,2 km do antigo circuito petropolitano de rua.

O Alfa Romeo Fúria foi o primeira da fila, acompanhado do Willys Mark 1


Como “batedor”, Andréas Mattheis a bordo de um Buggy, seguido pelo Alfa Romeo Fúria pilotado por André Valente; a réplica Willys Mark 1, com Vicente “Muca”; a réplica DKW Carretera de Roberto Fróes; o Puma de corrida de José Manuel Paiva. Foram acompanhados pelo grande pelotão de Karmann-Ghias e em seguida os demais carros inscritos.

Para encerrar a programação oficial do 2º Circuito Imperial, uma eletrizante competição de pit stop com as equipes das três equipes de Stock Car participantes do evento: A. Mattheis Motorsport (Ipiranga Racing), R. Mattheis (Blau Motorsport) e a A. Mattheis Vogel Motorsport.

A competição de pit stop com equipes da Stock Car fechou a programação do 2º Circuito Imperial de Automobilismo


Para a prova foi usado o “O Carro Oficial do 2º Circuito Imperial de Automobilismo”, o Chevrolet adesivado com o tema do evento, que foi cedido pela Equipe Ipiranga Racing. O público acompanhou com atenção e empolgação as diversas “paradas no box”, para as ultrarrápidas trocas de pneus e abastecimento, com duração média de apenas 11 segundos.

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Máquinas & Personagens – 2º Circuito Imperial de Automobilismo

  • Fúria 1970 – Projetado por Toni Bianco, este é um dos apenas cinco construídos. Foi encontrado em lastimável estado em Brasília há mais de uma década e restaurado pelo atual proprietário, o colecionador Antônio Villas-Boas. O motor é um 2.000 do Alfa Romeo GTV.  O modelo de corrida deu origem ao Bianco, esportivo com mecânica VW 1.600.
  • Willys/Renault Gordini Carreteira – Nos anos 1960 Nelson Cintra ganhou de seu pai um Gordini que logo adaptou para corridas. Com passar do tempo, ele o transformou em uma carreteira, fazendo várias modificações para melhorar a aerodinâmica. O carro foi então vendido. Depois de deixar as corridas, Cintra passou a se dedicar exclusivamente à restauração de automóveis. Há cerca de 30 anos ele reencontrou por acaso seu Gordini Carreteira (o que havia sobrado dele!) em um ferro velho. O carro foi então restaurado por ele.
  • Puma Espartano – O antigomobilista José Manuel Paiva nos apresentou seu Puma GTE 1971 de corrida. Ele nos contou que o resgatou em um terreno no bairro carioca de Jacarepaguá e só depois de iniciada a restauração descobriu tratar-se do carro que pertenceu ao piloto Fernando La Rocque, pela inscrição na porta, que estava coberta por várias camadas de pintura. Na época do resgate estava sem o motor, que havia sido guardado por anos pelo próprio La Rocque e cedido para o projeto. É um boxer 2.100 com dois carburadores Weber, com 140hp de potência. O carro mantém o mesmo padrão de pintura da época.
  • Stock CarA segunda edição do Circuito Imperial contou com a participação de três autênticos bólidos da Stock Car. Além do já citado carro oficial do evento, dois Chevrolets Cruze, ambos da Equipe R. Mattheis. 
  • Réplica DKW Belcar Carreteira – Roberto Fróes, do Rio de Janeiro é um apaixonado por DKWs e sua história nas pistas brasileiras. Há alguns anos, quis homenagear a Equipe DKW-Vemag criando uma réplica da famosa carreteira Belcar conhecida como “Mickey Mouse”. Mas, conversando com o ex-piloto Bob Sharp, foi desaconselhado, principalmente por sua pouca dirigibilidade devido ao menor entre-eixos. Como queria um carro para poder levar nos eventos, optou então pela réplica do carro nº 10 que ficou em quarto lugar nas Mil Milhas Brasileiras de 1961, que foi pilotada por Bird Clemente e Marinho. Ele nos mostrou orgulhoso as mensagens do chefe dos mecânicos da Equipe DKW-Vemag, Miguel Crispim e do próprio Bird, escritas sobre o capô.
  • Um Karmann-Ghia diferente – Entre os mais de 30 Karmann-Ghias participantes, o Conversível branco 1970 de Miguel Valente tem uma característica bem peculiar, que certamente passou despercebida pela maioria absoluta das pessoas que participaram do evento: sua carroceria é em fibra de vidro e o trabalho de restauração foi tão detalhado, que é impossível descobrir esse segredinho. Já contamos sua história nessa reportagem de 2018.
  • Tributo ao Willys Mark 1 – Nos anos 1967, o piloto e projetista Toni Bianco modificou dois Alpine A110 franceses para a Equipe Willys, que foram batizados de Willys Mark 1. Este carro é um tributo ao original Nº 21, que se acidentou justamente no Circuito de Petrópolis em 1968, quando era pilotado por Carol Figueiredo, que milagrosamente sobreviveu. Um dia antes, outro acidente tirou a vida do piloto Sérgio Cardoso. As tragédias colocaram fim às corridas de rua da cidade.

Redação e edição: Fernando Barenco
Fotos: Fátima Barenco e Fernando Barenco


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