Repórter Maxicar

Exposição ‘Styling the Future’ reúne famosos carros-conceito da General Motors

Exposição 'Styling the Future' reúne famosos carros-conceito da General Motors
Em primeiro plano, o Buick Le Sabre 1951

Mostra acontece em Newport, EUA e reúne ícones como o Buick Y-Job, de 1938; Cadillac Ciclone, de 1959; e Mako Shark, de 1961.  Os carros pertencem ao acervo do famoso GM Heritage Center

Uma incrível exposição reúne alguns dos mais famosos carros-conceito já criados pela General Motors: é a ‘Styling the Future: A History of GM Design and Concept Cars’, que vai até o dia 11 de novembro, no Audrain Automobile Museum, em Newport, estado de Rhode Island — EUA.

Exposição 'Styling the Future'

Exposição acontece no Audrain Automobile Museum  (Divulgação)


Dos 12 automóveis da exposição — pertencentes ao GM Heritage Center,  o museu da gigante que reúne cerca de 600 veículos e fica no estado do Michigan — o mais antigo é justamente o único a não se tratar de um conceito. No entanto, o Cadillac Fleetwood 1931 tem grande importância histórica para a General Motors:  foi o primeiro automóvel americano equipado com um motor V16. Disponível em 10 versões de carroceria (o da mostra é um Dual Windshield Sport Phaeton), o Cadillac V16 rendia 175cv e apesar do peso, podia atingir 80 milhas/h, o que era bem rápido para a época.

Cadillac V16 1931


O mago do design

Exposição 'Styling the Future' reúne famosos carros-conceito da General Motors

DKW Belcar 1963
R$ 80.000,00

Mercedes-Benz 300 SL 1992
R$ 195.000,00

VW Brasília 1974
R$ 22.000,00

FNM Jk 2150
R$ 150.000,00

R$ 48.900,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

Willys Rural 4X2 1968
R$ 80.000,00

R$ 80.000,00

Ford Jeep CJ-5
R$ 48.000,00

Ford Escort XR3 1992
R$ 29.900,00

R$ 110.000,00

VW Kombi Standard 1995
R$ 55.000,00

Exposição ‘Styling the Future’ é um tributo a Harley J. Earl


E esse V16 foi também um projeto do então recém contratado Harley Earl, a lenda do design automotivo, o primeiro diretor da ‘Art and Color Section’ da GM, tornando-se depois seu vice-presidente. Entre seus muitos méritos estão o fato de ter sido o pioneiro no uso de modelos de argila esculpidos à mão e ter posteriormente criado a ideia do carro-conceito, como você vai ver já, já…

Futuristas e funcionais

Imagina: o Y-Job acabou virando carro de uso diário de seu criador


Também nessa mostra nada menos que o primeiro carro-conceito da história da indústria automobilística, o Buick Y-Job 1938, que como você já deve ter deduzido, é uma criação do mago Harley Earl. Em termos de estilo o Y-Job estava pelo menos uma década à frente de seu tempo, tanto que em 1948 um jornalista o fotografou na rua e achou que se tratava de um lançamento da Buick para o ano seguinte. Ele era bem mais baixo — com suas rodas de 13 polegadas — e longo que os carros da época. Seus faróis eram escamoteáveis (como os do Cord 810/812, lançado dois anos antes), as lanternas traseiras embutidas, a capota era elétrica e ficava oculta num compartimento. O painel moderno, com velocímetro redondo ao centro não custou a virar tendência. Uma curiosidade: o Y-Job acabou se transformando no carro de uso diário de Harley Earl por vários anos…

Exposição 'Styling the Future' reúne famosos carros-conceito da General Motors

…Até que em 1951 nascia o Buick Le Sabre, outra futurista criação de Earl claramente inspirada nos aviões a jato. Foi influenciado não apenas no design, mas também no nome pelo caça F-86 Sabre, fabricado entre 1949 e 1956. Uma abertura frontal em forma de turbina faz o trabalho de refrigeração do motor V8, no lugar da tradicional grade.  Como no Y-Job, os faróis ficam ocultos. O teto conversível se fecha automaticamente ao primeiro sinal de chuva, graças a um sensor. Os assentos são aquecidos, como os carros de luxo de hoje. Boa parte da carroceria é de magnésio fundido, com o assoalho em alumínio. E o mais incrível: próximo de cada roda há um macaco hidráulico oculto, acionado no painel, usado para a troca de pneus ou manutenções simples. Esse avião sobre rodas também foi usado cotidianamente por seu criador, o que deveria causar grande espanto!

Mais convencional, mas não menos interessante

O Le Mans é um dois lugares, apesar do tamanho


Bem mais convencional, o Cadillac Le Mans 1953 foi uma homenagem à famosa corrida francesa.  O avantajado esportivo de apenas dois lugares serviu de inspiração para os modelos Cadillac lançados nos anos seguintes. Externamente as diferenças não são extremas. Oito polegadas mais baixo que os demais modelos daquele ano, seu parabrisa também é bem mais curto e envolvente. No interior a grande inovação está no banco, que além de deslizar automaticamente para trás para facilitar o acesso dos ocupantes, possui regulagem com ‘memória’, como nos carros de hoje, quase 70 anos depois! Foram fabricados quatro Cadillacs Le Mans, nas versões com dois faróis e barbatanas traseiras convencionais e com faróis quádruplos e barbatanas mais finas e modernas, como esse da exposição ‘Styling the Future’ do Audrain Automobile Museum.

Parece coisa de ‘Os jetsons’

Exposição Audrain Automobile - Cadillac Cyclone 1959

Tudo no Cyclone remete ao espaço e ao futuro


Mas em matéria de futurismo o Cadillac Cyclone 1959 é imbatível. Parece até um daqueles veículos voadores saídos do desenho animado ‘Os Jetsons’, dos anos 1960. Oficialmente batizado de XP-74, ele foi o último ‘dream car’ projetado por Harley Earl, que a essa altura já estava em vias de aposentadoria, depois de trabalhar 32 anos na General Motors. Seu desenho foi obviamente inspirado na corrida espacial. No lugar no teto, uma bolha transparente revestida com prata, para proteger os ocupantes dos raios solares UV. Um sistema de comunicação com microfones e caixas de som externas, permitia falar com quem estivesse do lado de fora. E os dois cones pretos dianteiros não tinham função meramente decorativa. São sensores de proximidade — como os de carros de luxo atuais — que alertam o motorista através de sinal sonoro e uma luz no painel sobre a aproximação de outro veículo ou algum objeto.  Há 60 anos…

E o Corvette virou tubarão

O Mako Shark inaugurou o visual de tubarão do Corvette


Criado em 1961 por Larry Shinoda, sob supervisão de Bill Mitchell — que substituiu Harley Earl — o Mako Shark emprestou muito de seu estilo ao Corvette a partir de 1963, ano que marcou uma grande mudança de estilo no esportivo da Chevrolet. Oficialmente batizado de XP-755. Seu ‘focinho’ aerodinâmico foi baseado no tubarão que Mitchell havia pescado e cuja cabeça embalsamada ele mantinha em seu escritório. A pintura com inúmeras camadas também foi inspirada nos tubarões, com um cinza azulado na parte de cima, que vai clareando até chegar à parte inferior. Em 1968 a GM criou o Mako Shark II.

Homenagem a outro V16

Esse Cadillac 2003 homenageia o V16 de 1931


Dando um salto de quatro décadas, chegamos a 2003 com outro Cadillac conceito: o Sixteen, que homenageia o primeiro carro de nossa lista da exposição do Audrain Automobile Museum, aquele V16 de 1931. O enorme automóvel prima pelo luxo. Interior revestido em couro, madeira de lei e alumínio; tapetes em tecido de seda e relógio da marca Bvlgari. Seu motorzão V16 tem 13.6 litros e nada menos que 1.100 cv. Mas parte  ‘cavalaria’ pode ‘descansar’ para economizar combustível. Um sistema permite desligar cilindros, podendo funcionar com apenas 4, 8 ou 12 cilindros operantes. A pintura é um show à parte. São 20 demãos: uma camada base preta e 19 camadas de tinta pérola fina para dar brilho.

E mais na Exposição ‘Styling the Future’

Além desses incríveis modelos, a exposição ‘Styling the Future’ traz ainda o Chevrolet Corvair 1954, uma variação fastback do conversível Corvette (nenhuma relação com o Corvair lançado em 1960); o Corvette EX-87, espartano de testes do motor V8, do mesmo ano; o Firebird II de 1958, também projetado por Earl com inspiração na corrida espacial; o Aerovette XP-882 1973, com carroceria em fibra de vidro e motor rotativo Wankel de 6,2 litros; e o Impact Experimental 1990, carro elétrico que deu origem ao EV1, modelo que era arrendado aos clientes da California e Arizona entre 1996 e 1999, na primeira experiência da General Motors com veículos elétricos.

Texto e edição: Fernando Barenco
Fotos: Pedro Paulo Barenco Ducommun, a quem agradecemos

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