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Os valores dos automóveis antigos: o céu é o limite!

[dropcap]H[/dropcap]á até uns 15, 10 anos passados, quando a internet ainda engatinhava no Brasil e poucas pessoas sequer tinham computadores em casa, o mercado de automóveis antigos era bem diferente do que é hoje.

Naquela época, era difícil encontrar parâmetros de preço na hora de vender aquele clássico, que já havia ficado lá no fundo da garagem por meses ou anos, pegando poeira e umidade. Geralmente fruto da herança de algum apaixonado que acabou deixando o carro para o parente mais próximo, que além de não gostar nada da coisa, não entendia nada também.

Mas ele se esquece de um detalhe fundamental: carro anunciado não significa carro vendido! Há quanto tempo será que todos aqueles carros consultados estão à espera de um comprador?

Era a vez do espertinho de plantão, que acabava levando aquela raridade, pagando preço de banana.

Atualmente, mesmo estes herdeiros, já ficaram mais espertos e consultam a grande rede na hora de determinar um preço de venda. O terreno para o malandro anda a cada dia menos fértil.

Mas agora acontece um fenômeno que acaba mais atrapalhando do que ajudando os negócios: os automóveis antigos estão ficando a cada dia mais caros por conta justamente desta facilidade de consulta de preços. Explico, dando um exemplo:

Joãozinho tem há muitos anos um Fusca 1969. É seu carro de uso diário, mas Joãozinho é muito cuidadoso e conseguiu manter o VW em bom estado e ainda bastante original. Como não é um antigomobilista, ele agora decidiu vender o carro para comprar um mais novo. Mas quanto será que vale seu Fusca? Sem parâmetro, Joãozinho resolve consultar os sites especializados. Lá encontra preços que vão dos R$ 10 mil aos R$ 30 mil para Fuscas em sua faixa de ano. Ele se entusiasma:
— Até R$ 30 mil num Fusca? Puxa vida! O meu deve valer pelo menos R$ 18 mil, com toda certeza!
Mas ele se esquece de um detalhe fundamental: carro anunciado não significa carro vendido! Há quanto tempo será que todos aqueles carros consultados estão à espera de um comprador?

Isso está criando uma verdadeira bola de neve nos preços dos automóveis antigos no Brasil!

Dei como exemplo o Fusca, que é um carro popular e cujo mercado anda saturado de ofertas, apesar dos preços altos. Ou seja, a lei da oferta e da procura tem sido revogada neste caso. Mas essa situação acontece com qualquer marca e modelo. Antigos nacionais ou importados.

Dia desses recebemos para anunciar aqui no Portal Maxicar um clássico esportivo brasileiro dos anos 70, cujo valor de mercado gira em torno de R$ 45 mil (isso para não vender tão facilmente). Seu proprietário pedia por ele R$ 85 mil. Depois de muito refletir, decidimos por não anunciar o carro, pois entendemos que além de não termos condições de vender o automóvel por aquele preço, estaríamos contribuindo para fazer crescer a tal bola de neve.

Outro exemplo conhecido é o dos Karmann Ghias conversíveis. Há até algum tempo ouvia-se falar em R$ 90 mil como valor de mercado. Agora já se fala em R$ 120, R$ 130, R$ 150 mil… Sinceramente, não conheço nenhum que tenha sido vendido nem mesmo por R$ 90 mil. Mas os preços continuam subindo…

Não espere recuperar todo aquele dinheiro da restauração que levou mais de um ano para ser concluída. Restauração em geral não é um bom investimento.

Por isso, pelo bem do mercado, gostaria de deixar algumas dicas para quem deseja vender seu automóvel antigo com certa facilidade, mas sem entregar o carro de bandeja.

– Antes de determinar o valor de seu carro, faça uma consulta isenta, colocando na balança as qualidades e os defeitos de seu carro em comparação com aquele similar que você encontrou a venda na internet. Observe também os opcionais e os acessórios. Jamais pense que seu carro é o melhor do mundo!

– Preço diferenciado somente para carro diferenciado. Por exemplo, aquela raridade com “R” maiúsculo que ficou por muuuuuuitos anos guardadinho sobre cavaletes e tem míseros 2 mil quilômetros rodados, apesar de seus quase 40 anos. Esse sim, vale bem mais que os demais.

– Procure saber há quanto tempo aquele carro a venda que serviu de parâmetro para você já está anunciado. Anunciar por X é uma coisa. Vender por X é outra bem diferente.

– Automóveis em ótimo estado, originais de fábrica, têm mais valor que os restaurados, por melhor que seja a restauração. Os antigomobilistas em geral preferem assim. Já vi caso de cliente deixar de comprar um carro porque recebeu retoque na pintura que era 100% de fábrica, ou porque foi aberto um buraco no painel para a instalação de um rádio.

– Não espere recuperar todo aquele dinheiro da restauração que levou mais de um ano para ser concluída. Restauração em geral não é um bom investimento. Deve-se aventurar a isso por gosto e não para ganhar dinheiro. Qualquer pecinha custa caro e você dificilmente irá conseguir recuperar o valor investido, a não ser que o carro restaurado seja um exemplar raríssimo, com poucas unidades fabricadas ou disponíveis.

– Carros com placas pretas valem mais que os com placas cinzas, embora o objetivo das placas pretas não sejam o de valorizar. Mas atenção: quem conhece automóvel antigo reconhece de longe um automóvel com placa preta fajuta (e tem muita por ai!). Por isso, na hora de vender um automóvel com placas pretas, ponha a mão na consciência e se pergunte: meu carro merece realmente esta placa? Mais importante que a cor da placa é a qualidade do carro que a ostenta!

Por último, aquela regra de ouro que vale para o mercado como um todo, e não apenas para veículos antigos: produto vendável é aquele de boa qualidade e com preço justo!

 

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