Uma festa que cresce a cada ano
Os veículos ocuparam cada espaço do Hotel Fazenda Raposo, num evento com público excepcional e várias atrações
Aconteceu no último final de semana — de 5 a 8 de junho — um dos maiores (senão o maior!) encontro de carros antigos do Rio de Janeiro: XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo. Não por acaso, ele acaba de entrar para o calendário oficial de eventos do Estado.
Não temos o número oficial, mas fácil, fácil, havia uns 800, 900 veículos, espalhados por cada cantinho disponível das dependências do Hotel Fazenda Raposo, onde toda a mágica acontece. Nós que não comparecemos no ano passado, ficamos espantados em constatar que este ano até o enorme pátio da Água Mineral Raposo — que fica colada ao Hotel — foi disponibilizada para o evento e na tarde de sábado (quando o negócio ferve de verdade!) recebeu pelo menos uma centena de carros.
Localização privilegiada
Como em anos anteriores, a presença de público foi excepcional
E ficamos nos perguntando: “de onde vem tanta gente?!?” A explicação para tamanho sucesso, além do calor humano dos organizadores, das várias atrações e da infraestrutura, passa também pelo fator geográfico. Embora seja um pequeno distrito de Itaperuna, distante 40 km da sede do município, Raposo fica estrategicamente localizado próximo às divisas de Minas Gerais e Espírito Santo. Então, o que acontece é um grande congraçamento entre antigomobilistas de três estados.
Os mais variados segmentos no XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo
Como em anos anteriores, o veículos foram separados por segmentos ou por modelos, no caso dos de maior quantidade: Chevrolet Opala, VW Fusca e seus derivados, picapes, caminhões, off-roads, Puma, Mopar, novos clássicos dos anos 1990/2000, VW Passat, Ford Modelo A e até um setor para trailers e motorhomes. Quem queria adquirir seu primeiro clássico ou ampliar sua coleção, pôde contar com um setor de veículos à venda e um leilão presencial que ofereceu vários modelos.
Atrações extras
O Chá Delas e o Tombo da Polenta
No Espaço Gourmet, que esse ano foi bastante ampliado, aconteceram diversos shows ao vivo à tarde e à noite, durante todo o fim de semana. Lá aconteceu na noite de sexta-feira duas apresentações típicas do interior do Espírito Santo: o “casamento pomerano”, de origem alemã e o “tombo da polenta”, que faz parte da cultura dos imigrantes italianos que colonizaram o estado. Já o “Chá Delas” abriu a programação do dia, acontecendo a partir das duas da tarde, nas dependências do Hotel.
Benção das Chaves, Fórmula Manivela e Festa Junina
O dia seguinte foi recheado de atrações extra-exposição de carros: às 10 horas da manhã houve a tradicional e aguardada bênção das chaves. No começo da tarde teve início uma divertida gincana e a “Fórmula Manivela”, exclusiva para os “calhambeques” dos anos 1920/30 Ford e Chevrolet, que aconteceu no centro de Raposo.
Partidas e chegadas
Como não poderia faltar, na noite de sábado foi a vez da “Festa Junina”, com comidinhas típicas e a animada dança da quadrilha.
Domingo pela manhã, enquanto os antigomobilistas que chegaram quinta e sexta-feira, vindos de cidades mais distantes, se preparavam para pegar a estrada de volta para casa depois de um final de semana especial, aqueles de cidades mais próximas chegavam para um “bate-e-volta”, aproveitando o último dia.
Confira alguns destaques do XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo – RJ
Maurílio deu entrevista para a TV local. Seu Chevrolet foi um dos destaques
- Chevrolet Bel Air 1956 – Ele foi um dos carros mais admirados e fotografados do XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo. Ficou pertinho de um dos cantinhos “Eu fui!”. Então, aproveitamos a composição como nossa foto principal. Com pintura em dois tons cobre e bege, esse lindo Chevrolet pertence ao colecionador Maurílio Alvim, de Juiz de Fora – MG.
Os norte-americanos Charger 1973 e Chrysler Imperial e os nacionais Charger R/T e Le Baron
- MOPARS – Para os modelos Chrysler foi montada uma “ilha” com uma dúzia de incríveis exemplares. O luxuoso Chrysler Imperial Le Baron 1975 e o Dodge Charger 1973 foram os dois norte-americanos. Entre os Dodges brasileiros, Charger R/T laranja do ano de lançamento: 1971, cuja grade dianteira, conta a lenda, era feita a mão com frisos dobrados em gabarito; Charger R/T 1975; Le Baron 1979; e Magnum 1981, já produzido pela Volkswagen, conforme indica a plaqueta.
Ford F1 e F100, Chevrolet Veraneio em duas gerações e Toyota Hilux SW4
- Picapes – No “Espaço Cláudio Boechat”, em homenagem ao um querido colecionador de Cataguazes – MG que morreu em 2020, ficaram reunidas picapes e utilitários dos mais variados anos. Entre as mais antigas uma Ford F1 hot rod 1948 e sua sucessora, a F100 em versões original e hot rod. Entre as nacionais, uma rara Dodge D100 e duas Chevrolet Veraneio: uma 1974 da versão clássica e uma 1994 da segunda versão. Para alguns pôde parecer estranha a presença de uma Toyota Hilux SW4, cujas linhas são bem de acordo com os SUVs modernos. É que o utilitário japonês fabricado em 1997 “envelheceu muito bem” e daqui a apenas 2 anos já será oficialmente um veículo antigo, podendo até pleitear placas pretas.
Pai e filho: Kelison e Enésio Peterle e o Fordinho da família
- “Calhambeques” — Entre os anciãos sobre rodas das décadas de 1920/30 conhecemos o viajado Ford Modelo A da Família Peterle, de Vila Velha – ES, que além de viajar uma vez por ano até à Bahia já foi até ao Uruguai.
O número de Opalas foi grande
- Chevrolet Opala – O maior clássico da Chevrolet brasileira de todos os tempos esteve presente às dezenas, com muitos exemplares de excepcional qualidade, como o Sedan 4 cilindros 1970 verde e o Gran Luxo 6 cilindros 1974 marrom.
FNM D11000, Peterbilt e Ciferal Dinossauro II da Cometa
- Caminhões – O XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo deu mais espaço aos caminhões em relação aos anos anteriores e o número deles foi proporcionalmente maior. Entre os mais antigos, um mal-encarado FNM D11000; o igualmente assustador Peterbilt M280 1953, similar ao do filme dos anos 1970 dirigido por Steven Spielberg “Encurralado” e o “bicudinho” Mercedes-Benz LP 312 1957, primeiro modelo MB fabricado no Brasil.
De quebra dois ônibus para lá de clássicos, ambos com carroceria da extinta Ciferal: um Dinossauro II Scania 1979 da Cometa e um “Papo Amarelo” Mercedes-Benz 1968.
Volkswagens refrigerados a ar: Fusca, TL, Brasília e Karmann-Ghias
- VW refrigerados a ar – Como é de praxe em qualquer encontro de carros antigos no Brasil, o número de Fuscas foi incontável. Destaque para uma dupla de exemplares impecáveis que estiveram lado a lado: Última Série 1986 exemplar numerado 263/850 e 1500 1972, que de acordo com a descrição, pertenceu ao multicampeão brasileiro de futebol Paulo Lobo Zagalo.
Entre os derivados do Fusca, os três modelos de quatro portas: VW 1600 “Zé do Caixão” (1969/1970) com diversos exemplares; VW TL 1973 e Brasília LS 1979.
O número de Karmann-Ghias também foi acima da média, com cerca de 8 deles durante os quatro dias de evento.
Pumas: Spider 1971 e GTB S1 1977
- Puma – Esse fora-de-série teve também uma marcante participação. Gostamos de dois modelos pioneiros: o Spider 1971 verde limão, que foi a primeira versão conversível, depois rebatizada de GTS, e que possui alguns detalhes exclusivos como o aerofólio traseiro e o capô dianteiro com detalhes em baixo-relevo. Podia vir também com capota rígida, mas poucos foram vendidos com esse opcional. O outro, o GTB 1977, que foi primeiro Puma equipado com mecânica 6 cilindros do Chevrolet Opala.
O VW Passat em várias versões
- VW Passat – Para os entusiastas do primeiro Volkswagen refrigerado a água do Brasil, uma sequência de carros muito bem conservados e de versões variadas: LS, LSE (o famoso 4 portas “Iraque”), o esportivo GTS Pointer e um raro e pouco conhecido Flash, uma versão também com uma pegada esportiva, equipada com o mesmo motor 1.8 do GTS e cuja produção se limitou a 1987.
Opel Kadett Saloon
- Ainda Estou Aqui – No final do ano passado um certo Opel Kadett B vermelho ficou mundialmente famoso por causa do filme brasileiro vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional “Ainda Estou Aqui”. Trata-se de um carro fabricado na Alemanha, “antepassado” de nosso Chevette, e raro aqui no Brasil. Mas no XIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo havia um. Carro muito bem conservado, fabricado em 1968, com placas de Castelo – ES e na versão Sedan de 4 portas chamada de Saloon, que é ainda mais rara. Nós nunca tínhamos visto nenhum ao vivo.
Redação: Fernando Barenco
Fotos e Video: Fátima Barenco e Fernando Barenco
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