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Abarth: a história da divisão Fiat de performance, que chega ao Brasil

Abarth
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Hoje com o status de marca da Stellantis, a Abarth nasceu independente em 1949, na Itália, pelas mãos de um piloto. A logomarca do escorpião bateu inúmeros recordes nas pistas

A Fiat acaba de anunciar (com direito até a ação de marketing durante o Big Bhother Brasil) o lançamento no Brasil de modelos com a marca Abarth. O primeiro será o Pulse Abarth, que chegará no terceiro trimestre desde ano.

A Abarth nasceu como uma empresa independente logo depois da II Guerra Mundial, na Itália. Vamos conhecer um pouco de sua história?

Abarth: o começo de tudo

Com 11 anos, ele já mostrava que era ligado em performance ao forrar com tiras do couro do seu cinto as rodas do patinete de madeira e assim ganhar mais velocidade e aderência.

Abarth

Carlo Abarth (na moto), desafiando o Orient Express, em 1934


Carlo Abarth nasceu na Áustria em 15 de novembro de 1908. Começou sua carreira nas pistas, sobre duas rodas e desde muito jovem já se aventurava na fabricação de veículos. Em 1934, ainda vivendo em Viena, desafiou e venceu o famoso trem do Expresso do Oriente numa moto esquipada com sidecar fabricado por ele mesmo — com o dinheiro que recebeu de herança de sua mãe. Uma disputa de 1.200 milhas, de Viena a Ostende, na Bélgica.

VW Kombi Standard 1995
R$ 55.000,00

FNM 2000 JK
R$ 120.000,00

Fiat Coupê 1995
R$ 60.000,00

R$ 48.900,00

DKW Belcar 1963
R$ 80.000,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 100.000,00

FNM 2000 JK 1963
R$ 190.000,00

R$ 120.000,00

VW Fusca 1300 1968
R$ 33.000,00

R$ 32.000,00

Nos anos seguintes, foi cinco vezes campeão de motociclismo da Europa, como piloto independente, também com motocicletas de sua própria fabricação. Mas em 1939 ele sofreu um grave acidente durante uma corrida na Iugoslávia, que o deixou hospitalizado por mais de um ano e pôs fim à sua carreira nas pistas.

Cisitalia e Porsche

Com o fim da Guerra, Abarth se mudou para Itália, se naturalizou e mudou seu primeiro nome austríaco — Karl — para sua versão italiana: Carlo. Em 1947, se tornou o diretor esportivo da equipe de corridas da Cisitalia, fundada no ano anterior por Piero Dusio. Conheceu Ferry Porsche, filho de Ferdinand e passou a representar a marca alemã na Itália e a fazer parcerias com a Cisitalia, na fabricação de carros de corrida.

Abarth

Abarth e seus carros em 1965


Em 1949 Carlo Abarth deixou a Cisitalia e inaugurou em Bolonha a “Abarth & C.”. Escolheu o escorpião como sua logomarca. O motivo é bem simples: esse era o seu signo do zodíaco. Mas parece até que antevia o simbolismo: o sucesso da Abarth com carros pequenos e “venenosos”, como os escorpiões.

Especializada em escapamentos

Propaganda de 1955 dos famosos sistemas de escapamento


A Abarth começou sua história produzindo sistemas de escapamento e outros componentes para melhorar o rendimento de carros de qualquer marca e logo seus produtos se transformaram em grande sucesso comercial, apesar de custarem o dobro dos componentes comuns, então disponíveis no mercado italiano.

No ano seguinte a Abarth & C. já empregava 40 pessoas, com vendas de mais de 1.000 sistemas de escapamento, que se tornou sua especialidade. O crescimento foi tamanho, que a empresa teve que se mudar para uma nova sede, agora em Turim.

O recordista Fiat Abarth 750 1956


Paralelo a isso, Abarth continuava investindo nas pistas com enorme sucesso. Sua série de recordes começou em 1956 com o Fiat Abarth 750, quando os pilotos Remo Cattini, Umberto Maglioni, Mario Poltronieri e Alfonso Thiele bateram o recorde de distância percorrida em 24 horas (3.743km), com velocidade média de 155.985 km/h. O aerodinâmico bólido pesava apenas 385 quilos e seu motor Fiat 600 preparado rendia 47cv. Abarth viria a estabelecer depois outros 132 recordes internacionais.

O lançamento do 500 e a parceria com a Fiat


Em 1958 a Fiat lançava seu novo carrinho urbano: o Cinquecento (500). Carlo Abarth viu nele uma grande oportunidade e passou a comprar alguns exemplares semiacabados diretamente da Fiat. Mantendo a aparência praticamente original, a Abarth conseguiu dobrar a potência de 13 para 26cv, instalando um novo carburador, otimizando o sistema de alimentação e instalando seu famoso sistema de escapamento esportivo. Nascia assim a versão apimentada Fiat Abarth 595, que quebrou seis recordes internacionais em seu primeiro ano e em 1965 já havia conquistado mais de 800 vitórias.

Seguiram-se o 595 SS e o 695 SS, ainda mais potentes. A Abarth tornou-se uma referência entre os pilotos que buscavam kits de performance para transformar seus carros em algo mais poderoso. Estavam disponíveis também versões de rua.

A Abarth se transformou numa parceira oficial da Fiat. A logomarca do escorpião tornou-se um ícone de desempenho e conquistou fama mundial nos anos 1960.

A compra pela Fiat

Em 1971, a Abarth foi comprada pelo Grupo Fiat e se transformou em sua divisão oficial de carros de performance, assim como têm outras marcas, como BMW, Mercedes-Benz… Contava então com cerca de 400 funcionários. Carlo Abarth continuou como consultor por mais alguns anos, voltando depois a viver na Áustria, onde morreu em 1979.

Durante os primeiros anos sob o comando da Fiat, a Abarth continuou tendo êxito nas pistas, com o 124 Abarth, vencedor dos títulos europeus de 1972 e 1975, o 131 Abarth, campeão mundial de rali em 1977, 1978 e 1980, e o Ritmo Abarth.

Abarth

Fiat Abarth 131


Mas aos poucos a marca Abarth foi perdendo o prestígio entre os consumidores e a venda de modelos de rua e equipamentos começou a minguar. Suas atividades foram encerradas em 1984.

O retorno da Abarth

Oficialmente, a Fiat trouxe de volta a Abarth — agora como uma marca do grupo — em 2007 (embora tenha sido vendido no Brasil o Stilo Abarth em 2002 e 2003).


Em 2014 tivemos o novo Fiat 500 Abarth, que vinha equipado com motor 1.4 turbo de 16v, que podia chegar a 200 km/h. Tinha também grafismos e emblemas alusivos à marca do escorpião, escapamento duplo, rodas de 16 polegadas e interior exclusivo.

Agora a Stellantis anuncia novos modelos Abarth — inclusive em versões elétricas — que serão vendidos em todo o mundo. Assim, espera reviver aqueles gloriosos tempos.

Texto: Fernando Barenco
Fotos: Divulgação Stellantis


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