Desde os anos 1940 esses multicoloridos caminhões enfeitam as ruas e estradas do país asiático. Extinta marca inglesa Bedford é a preferida
Cores! Uma profusão de cores! Assim podem ser descritos, sem exageros, os caminhões decorados do Paquistão, um país sul-asiático com cerca de 250 milhões de habitantes, que faz fronteira com a Índia, China, Irã e Afeganistão.
Obras de arte sobre rodas
É quase impossível se ver por lá um caminhão original de fábrica. Assim que comprados, são imediatamente encaminhados para uma das inúmeras oficinas de decoração que se espalham por esse país islâmico.
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Lá eles têm suas cabines e carrocerias ampliadas, são pintados e enfeitados. Cada veículo tem um visual único, não havendo dois iguais. São empregados os mais diversos materiais, dependendo da região: metais, madeiras, plásticos, tecidos, partes de animais como peles e chifres, luzes, pedras, bijuterias e tudo o mais que a imaginação do decorador mandar.

Aliás, o mercado de decoração de veículos emprega um número enorme de profissionais das mais diversas áreas como pintores, escultores, eletricistas, carpinteiros, soldadores e tapeceiros. Somente na cidade de Karachi, um dos principais centros dessa arte no Paquistão, calcula-se que mais de 50 mil pessoas dependam direta ou indiretamente do ofício.
Essa arte popular inclui, em menor grau, também ônibus, automóveis e tratores
Caminhões decorados são caros!

Decorar um veículo não custa barato, apesar da baixa remuneração dos trabalhadores. Dependendo do grau de sofisticação, o caminhoneiro pode desembolsar entre US$ 800.00 e US$ 5.000.00.
É uma quantia altíssima, se levarmos em consideração que o Paquistão tem renda anual per capta de somente US$ 1.484 e que 20% da população vive abaixo da linha de pobreza. Além disso, o caminhoneiro precisa sem trabalhar, aguardando a conclusão do serviço, que pode levar até 2 meses.

Um fato curioso é que grande parte dos caminhões paquistaneses pertence a empresas frotistas, onde os caminhoneiros são apenas funcionários. Entretanto, é a norma entre os proprietários de frotas autorizar o motorista a levar o seu veículo de trabalho a uma loja de carroçarias para tê-lo decorado de acordo com seu gosto pessoal, com as despesas pagas pela empresa.
Temas incluem política, cinema, religião…

Os temas são os mais variados e vão de cotidiano a mulheres, de políticos a símbolos patrióticos, de artistas de cinema a imagens ocidentais, de talismãs a símbolos religiosos como imagens de divindades e templos.
Geralmente, todos esses temas se mesclam num mesmo caminhão, ficando os religiosos na parte dianteira e os profanos na traseira. Mas a decoração não se limita somente à parte externa.
É enorme também o número de ornamentos no interior da cabine: fotografias, franjas, bordados, poesias manuscritas, tapetes e peles.

Tradição chegou na época da independência
Não se sabe exatamente quando começou essa tradição. De acordo com historiadores, foi em meados de 1940, década em que o país se tornou independente. Nessa época os caminhões começaram a se popularizar no país no transporte de mercadorias e houve o surgimento das primeiras transportadoras. Como era grande o número de analfabetos, cada empresa passou a dar destaque a seu logotipo, para que a população pudesse reconhecer. Gradualmente as pinturas foram tornando-se mais e mais fantasiosas.
Bedford era a marca preferida

Em décadas passadas, os caminhões da marca Bedford eram os preferidos dos caminhoneiros paquistaneses. Com cabines arredondadas — consideradas ideais para pinturas e modificações — esses pesos pesados de origem inglesa foram fabricados até meados dos anos 1980, quando a Vauxhall, então subsidiária da General Motors, decidiu encerrar sua produção.
Desde então, foram adotados os japoneses, principalmente os das marcas Hino, Nissan, Toyota e Isuzu. Mas até hoje os clássicos Bedford são os mais desejados para essa incrível arte popular.
Redação: Fernando Barenco
Fotos: divulgação/Wikipedia
Video: Canal Popular Mechanics no Youtube
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