Sua carroceria foi encomendada por um magnata francês a uma fabricante de aviões. O atual proprietário pagou por ele mais de US$ 9 milhões
Seu nome é bem grande e pomposo: Hispano-Suiza H6C Tulipwood Torpedo by Nieuport 1924. Faz jus ao carro, que é de fato uma obra de arte.
Ele disputou o título com vários fortes concorrentes, como um Maybach SW38 Spohn 1939, o Invicta 4½ Litre S Type Corsica 1933 e o Maserati 200SI Fantuzzi Open Sports Racer 1956.
Mas acabou levando o reconhecimento máximo, o troféu “Best in Show” de um dos mais opulentos concursos de elegância de todo o mundo: o Pebble Beach Concours d’Elegance. Um evento que acontece desde 1950, na Califórnia.

Este ano, 229 automóveis entraram na competição, com 174 inscritos de 31 estados norte-americanos, além de 55 participantes de outros 22 países.
Inclusive foi a estreia do Brasil na competição, com dois modelos do acervo do Museu Carde: o Du Pont Model E Touring 1927 e o Isotta Fraschini Tipo 8A SS 1928, tendo o segundo sido premiado. Confira em nossa reportagem.
Hispano-Suiza em madeira custou mais de US$ 9 milhões
O atual proprietário do Hispano-Suiza “Best of Show” é o colecionador da Flórida Lee Anderson, que afirmou que foi o material inusitado da carroceria que o atraiu para o carro. “Sou um colecionador de antigos barcos de madeira. Comecei a colecioná-los há 40 anos, antes de virar moda. Então, sempre adorei madeira envernizada, e quando vi isso, pensei: meu Deus! É disso que eu realmente gosto.”
Lee pagou por ele nada menos que US$ 9.245.000 em um leilão realizado pela tradicional RM Sotheby’s há cerca de três anos. Ainda assim viu a necessidade de restaurá-lo, num processo que durou dois anos.
É que nos anos 1980 o carro já havia passado por outra restauração, sem no entanto seguir à risca a sua originalidade. Por exemplo, ele havia ganhado paralamas também em madeira, agora substituídos por peças de metal, como o original de 1924.

Antes e depois da restauração. Compare!
Como nasceu o Hispano-Suiza H6C Tulipwood
O ano era 1924 e o magnata francês do ramo de bebidas Andre Dubonnet tinha como hobbies, entre outras coisas, a aviação e as corridas de automóveis. Juntando essas duas paixões, ele encomendou à Nieuport Aviation Company — uma fabricante de aviões que se notabilizou durante a 1ª Guerra Mundial — um carro que fosse leve o suficiente para corridas, mas ainda utilizável nas ruas.

Andre Dubonnet e seu exclusivo Hispano-Suiza na década de 1920
Mogno e milhares de rebites
Para o projeto foi usado um Hispano-Suiza H6C 1924 padrão que recebeu uma carroceria construída artesanalmente toda em madeira. Foi fabricada uma estrutura com ¾ de polegada de espessura, que foi recoberta por finíssimas folhas de mogno.
Para juntar tudo, nada menos que 8.500 rebites de latão, que ficam aparentes. Pesando apenas 73 quilos, a carroceria foi então selada, lixada e recebeu várias demãos de verniz.
A leveza do conjunto, combinada a um motor 6 cilindros de 8 litros de 200cv trouxe bons resultados. Com seu Hispano-Suiza em madeira Dubonnet teve relativo êxito em famosas corridas europeias, como por exemplo o sexto lugar na italiana Targa Florio.
Embora a Hispano-Suiza fosse uma marca de automóveis espanhola, esse H6C em madeira é considerado um carro francês, já que sua carroceria foi fabricada na França e seu conjunto mecânico pela subsidiária francesa da Hispano-Suiza.
Ao longo das décadas, ele integrou várias coleções de prestígio e participou de eventos automobilísticos importantes na Europa e nos EUA.
Suas características e história o tornam um carro literalmente único, merecedor do prêmio máximo do Pebble Beach Concours d’Elegance 2025.
Redação: Fernando Barenco
Fotos: RM Sotheby’s e pebblebeachconcours.net/















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