Com mecânica Chevrolet e baixa produção, ele se tornou um dos mais raros esportivos brasileiros dos anos 1960

Brasinca 4200 GT, mas pode chamar de Uirapuru

Diferente de outros foras-de-série brasileiros da época — com carroceria em fibra de vidro e mecânica VW —, o Brasinca 4200 GT era de metal e tinha mecânica Chevrolet de 6 cilindros. 

Foi projetado Rigoberto Soler Gisbert, um espanhol radicado no Brasil, e que antes de ir trabalhar na Brasinca, trabalho na DKW-Vemag e na Willys. 

Lançado em 1965, o Uirapuru tinha carroceria feita a mão e sua aerodinâmica foi testada em túnel de vento, outro coisa pouco usual no Brasil naquela época.

Foi mostrado pela primeira vez no Salão do Automóvel do ano anterior e causou sensação. Inicialmente se chamava Brasinca GT 4200.

Sua estrutura era monobloco e era vendido apenas sob encomenda. Devido a seu alto valor, era um esportivo ao alcance apenas dos mais abastados.

A mecânica, a suspensão e os freios eram os mesmos da picape Chevrolet 3100 Brasil. O motor de 6 cilindros ganhou três carburadores ingleses SU. 155cv e torque bem elevado.

Houve ainda duas outras versões ainda mais potentes. A de 163cv tinha comando de válvulas Iskenderian C4. A mais potente, de 170cv, tinha comando E2, câmbio de 4 marchas, diferencial autoblocante e suspensão do Corvette.

Com espaço para dois ocupantes, tinha carroceria elegante e moderna. Com capô longo e traseira curta. As portas avançavam um pouco sobre o teto e sua primeira versão tinha dois faróis redondos.

Era bem rápido: podia chegar aos 100 km/h em primeira marcha, graças ao câmbio Clark de três marchas com diferencial longo. A velocidade final era de 200 km/h.

Tinha muita estabilidade, graças à distribuição de pesos, que era próxima da ideal: 50% na frente e atrás. Os freios eram a tambor.

O interior era sofisticado. Um largo console central dividia os bancos de couro reclináveis. O painel tinha sete instrumentos e era revestido em jacarandá.

Um ano após o lançamento a Brasinca vendeu os direitos de produção do carro e todo o ferramental para sua fabricação para a STV — Sociedade Técnica de Veículos —, empresa da qual Rigoberto Soler era diretor.

Foi então que o carro foi rebatizado de Uirapuru e ganhou faróis retangulares. Estava disponível em duas versões, de 160 e 180cv.

No V Salão do Automóvel, de 1966, a STV apresentou a nova versão conversível. A linha Uirapuru ganhou novo painel e escapamento mais silencioso.

Houve ainda o protótipo da versão station wagon, batizada de Gavião. Tinha carroceria blindada e equipamentos de viatura, já que o objetivo era vender para a Polícia Rodoviária, o que não se concretizou.

Em julho de 1967, com a falência da STV, o Uirapuru deixa de ser fabricado, sendo produzidas apenas 77 unidades.

Baseado em matéria de Márcio Antônio Sonnewend. Conheça a história completa do Brasinca 4200 GT, ou Uirapuru!