Fernando Barenco

72% dos antigomobilistas têm limitado idas em encontros devido aos preços dos combustíveis, aponta enquete

A pesquisa foi feita pelo Portal Maxicar no Facebook e foi respondida por 180 antigomobilistas de todo o Brasil

Lá se vão os bons recentes anos, quando os preços dos combustíveis permaneceram praticamente congelados na casa dos R$ 3,00. Como se sabe, de dois anos para cá — depois que assumiu a presidência da Petrobrás o engenheiro Pedro Parente — a política da estatal mudou para cobrir o rombo de bilhões deixado pela turma que hoje responde pela roubalheira na Operação Lava Jato. Louvável! Mas essa nova política inclui os preços flutuantes dos derivados de petróleo nas refinarias, de acordo com os valores do mercado internacional. Mas como o Brasil não é um país muito sério, quando os produtos têm reajuste na refinaria, os postos tratam logo de aumentar também na bomba. O problema é que quando o preço cai na refinaria, nada acontece na bomba… Pelo menos, essa é a impressão que tenho.

Em Petrópolis, a gasolina aditivada já custa R$ 5,00

Assim, a gasolina — e a reboque também o álcool — estão chegando a valores astronômicos. Petrópolis – RJ, a minha cidade, tem os preços entre os mais altos do Brasil, bem acima da média nacional. Hoje, (21 de março) fotografei essa tabela de preços acima num posto BR aqui próximo. Gasolina comum R$ 4,89 e aditivada R$ 4,99. A média nacional é de R$ 4,25. O curioso é que Petrópolis fica distante apenas 60 km da Refinaria de Duque de Caxias, uma das mais importantes do Brasil. Então, o preço alto certamente não se deve ao custo do frete. E nem adianta pesquisar: os preços variam em poucos centavos entre postos das mais variadas bandeiras. Por que será?

Diante desse panorama, perguntamos aos antigomobilistas através de uma enquete em nossa Fan Page no Facebook:

“Os altos preços dos combustíveis têm limitado a sua participação nos encontros de carros antigos?”

O placar foi de 72% para o SIM, contra 28% para o NÃO.

180 antigomobilistas participaram de nossa enquete

Façamos então um pequeno exercício de custos, usando como base o valor médio da gasolina comum no Brasil. Quanto custa para o antigomobilista participar de um encontro de carros antigos distante 100 km de sua casa? Carro antigo de modo geral não é muito econômico. Os de 6 ou 8 canecos fazem na estrada no de 6 a 8 km/litro, no máximo. Mas vamos usar um consumo médio de 10 km/litro, já que alguns são até mais econômicos que isso.

R$ 45.000,00

R$ 32.000,00

VW Kombi Standard 1995
R$ 55.000,00

VW Brasília 1976
R$ 30.000,00

Willys Rural 4X2 1968
R$ 80.000,00

FNM 2000 JK
R$ 120.000,00

Ford LTD 1978
R$ 86.000,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

Chevrolet Tigre 1946
R$ 170.000,00

BMW 2002 Tii 1972
R$ 220.000,00

BMW 740i 1997
R$ 95.000,00

Nesse nosso exemplo, o antigomobilista leva a sua esposa e como é um evento que dura dois dias, eles chegarão no sábado e dormirão em um hotel na cidade anfitriã.

  • Gasolina (ida e volta – 200 km) – R$ 85,00
  • Pedágios (ida e volta) – R$ 45,00*
  • 2 Lanchinhos na estrada para 2 pessoas cada – R$ 40,00
  • Almoços self service – Sábado e domingo – R$ 100,00
  • Hotel popular – 1 diária – R$ 150,00
  • 4 Lanchinhos/chopinhos nos dois dias do evento – R$ 50,00
  • Total da brincadeira: R$ 470,00

É uma boa grana! Não estão computados nestes custos o valor da inscrição do veículo no encontro, nem as despesas com os jantares do antigomobilista e sua esposa no sábado, supondo que por se tratar de um evento de dois dias haverá uma confraternização já inclusa na inscrição.

Nos meses de ‘alta temporada’ dos encontros — de maio a setembro — o número eventos é enorme, às vezes dois ou três num mesmo final de semana num raio de 200 km. E todos esses custos listados acima vem sofrendo alta significativa nos últimos três anos. Então, diante desse panorama, só resta ao antigomobilista limitar a sua participação. Nossa pesquisa informal reflete bem essa realidade.

Veja o que comentaram alguns dos participantes de nossa enquete, tanto os que disseram SIM, quanto os que responderam NÃO:


José Marcos Lopes – São Paulo, SP

Possuo uma F100 1958 e uma Landau 1982, ambos V8 e naturalmente beberrões. No menor consumo ambos fazem 4,5km/l na cidade e 6km/l na estrada e em qualquer passeio, por mais curto que seja, “gasta-se” de R$ 50,00 a R$ 150,00 de combustível. Assim há pouco mais de 12 meses podíamos participar de eventos distantes até 400km e ir a mais eventos num mês com o mesmo dinheiro que “gastamos” hoje.

Por exemplo. Neste último final de semana (11 de março) participamos do passeio do Baton do Galaxie Clube do Brasil e percorremos ao todo 160 Km com um “gasto” de R$ 100,00 de combustível, fora os comes e bebes.

Para o assalariado este custo teve o reajuste muito maior que nosso salário. Portanto o lazer é o primeiro a ser cortado. Coloco gasto entre aspas por que os passeios sempre são uma festa, uma brincadeira a parte e está mais para um investimento pessoal do que um gasto supérfluo.


Herve Salmon – São Paulo, SP

Acredito que existam vários tipos de colecionadores; os que querem ter a posse (e não gostam de andar) e os que gostam de usar o carro antigo, ter aquela sensação de dirigir um ione do passado. Ouvir o motor, sentir o vento, ver as cabeças girarem para olhar o lindo carro na estrada.

Eu sou da segunda categoria. Tenho poucos carros, mas viajo a qualquer hora com todos. E por isto, o preço da gasolina não é o que me freia. Se fosse preciso teria só um carro; mas usaria toda semana. O dia que o preço da gasolina for impeditivo, deixarei de ter carro antigo, pois ele terá perdido o principal atrativo que vi nele: dirigi-lo!


Renan Nery – Santo Antonio de Jesus – BA

O antigomobilismo no Brasil está passando por um momento muito delicado devido principalmente à atual momento econômico. Todos nós sabemos que trata-se de um hobby para a maioria dos nossos colecionadores, e quando percebemos que o cenário financeiro não reage, pensamos em gastar apenas nas prioridades, ficando assim nossa vontade em participar ou investir no antigo de lado. É perceptível a redução na quantidade dos veículos antigos apresentados nos recentes encontros. Aguardaremos dias melhores.


João Reinaldo Abrahão – São Paulo, SP

Ao escolher ter um clássico jamais pensaria no seu consumo. Faria minha escolha pela história que ele traz, por uma ligação afetiva, se o modelo chama a minha atenção, se a década da fabricação corresponde a um momento da minha vida. Tudo isso é mais importante do que seu consumo, pois o máximo que ele pode gastar por ano não chega a décima parte do que gasto com meu carro de “plástico”, esse sim mexe no meu orçamento.

Jamais um litro de gasolina me tiraria de um encontro de carro antigo onde encontraria meus ‘amigomobilistas’ com seus clássicos que me fariam viajar no túnel do tempo, além de ser admirado por outros que compartilham das mesmas coisas que eu. Deixar o carro na garagem ao invés de leva-lo para passear pelo preço da gasolina é o mesmo que deixar uma criança de castigo.

Sou de São Paulo, pertenço ao Fusca Clube do Brasil e participo de passeios com eles, e também sou do Reumatismo Car Club que tem como características viajar por vários dias com nossas famílias desfrutando da companhia uns dos outros. Já fui com meu Impala SS 1967 para Araxá, Curitiba, Águas de Lindoia e tantas outras.


Hélio Silveira Jr. – Araraquara, SP

O combustível é mais um dos custos de um participante de eventos de carros antigos. Nos eventos maiores temos além das despesas de viagem, os custos de inscrição, hotéis, restaurantes, etc.

Nos eventos menores, o combustível pesa mais. Os carros antigos não são tão eficientes. Gastam muito e na conta final, acabamos por selecionar eventos, não mais indo a todos que íamos antes.


Enzo Lazzerinni – Limeira, SP

Acredito que os preços altos dos combustíveis não afetem (muito) a presença em eventos antigomobilistas. Talvez aqueles muito distantes desanimem alguns, mas acho que a maioria (aqueles que efetivamente participam de tudo) não são afetados.


Nelson Cintra – Petrópolis, RJ

Tenho sentido que com a disparada do preço da gasolina está ficando cada vez mais complicado ir a vários eventos de carros antigos. E a razão é bem simples: não e só a gasolina que pesa no bolso do antigomobilista, pois a rede hoteleira também consegue fazer a sua parte, colocando os preços dos hotéis nas alturas. Como sabemos, todos estes carros consomem gasolina à vontade, pois foram fabricados para uma outra época, em que este custo não era tão pesado. Veja só um exemplo: você sai do Rio de Janeiro e vai para Águas de Lindoia com um carro V8 ou rebocando um.  Chegando lá tem uma taxa de inscrição bem salgada e principalmente uma estadia com um valor que seria melhor fazer uma viagem para fora do país. Assim todos estes fatores vão diminuindo a frequência nos eventos. Uma triste realidade esta nossa, bem diferente de outros países que já frequentei…


Artur Vidal – São Paulo, SP

Quantas vezes fui indagado, em encontro de carros antigos, em relação ao consumo de combustível dos veículos. Eu sempre respondo ‘Não sei’. Os carros antigos circulam em ocasiões especiais e o consumo não é importante e nem o valor do combustível é impeditivo para que tenhamos o prazer de dirigi-los.


Jocelyn Sant Anna Jr. – São Caetano do Sul, SP

É claro que não fico satisfeito de pagar a conta dos desmandos do governo através do preço exorbitante dos combustíveis, da energia elétrica, dos impostos e da redução dos nossos ganhos com reajustes de salários e aposentadorias que não acompanham a inflação, nem com a falta de reajustes na tabela do IR. Tudo isto me revolta, mas não impede que eu vá a encontros de veículos antigos.


Pedro Watson – Rio de Janeiro, RJ

Nem todo carro antigo é econômico e com os preços de combustíveis no patamar que aí estão, principalmente aqui no Rio de Janeiro, fica inviável a participação em eventos com grande distância a percorrer.


Ronaldo Ferdinando Miranda – Valparaiso, SP

Os preços dos combustíveis, principalmente a gasolina, são muito altos no Brasil, devido à alta carga de impostos. Se somos auto-suficientes em petróleo, porque de se pagar tão alto assim nos preços. Quem está cobrindo o rombo que os políticos deixaram na Petrobrás, é o povo pagando estes valores astronômicos nos combustíveis.


Cláudio Negri – São Caetano do Sul, SP

Como todos sabem, os carros antigos têm um consumo maior que os novos e com o preço da gasolina a mais de quatro reais, fica inviável irmos a encontros mais distantes. Pois o consumo é alto e ainda existe o risco de quebras. Com esse grande aumento nos combustíveis, reduzi muito minhas idas a encontros e quando vou, geralmente são os que ficam no máximo a cinquenta quilômetros de minha casa.


José Luiz Moraes Dias –  São Bernardo do Campo, SP

Sem dúvida, gasolina a R$ 4,10, e os automóveis fazendo 5 km/l, eleva o custo já chega o custo dos pneus americanos faixas brancas.


Paulo Guino – Tremembé, SP

O fato do preço da gasolina estar elevado não tem limitado o uso de meus carros antigos porque os passeios geralmente são curtos, não ultrapassam 150 km e a frequência é a cada dois meses. Demais movimentações são menores, somente para funcionamento do veículo. Não ultrapassam 10 km e frequência semanal. Desta forma o preço da gasolina não é o maior impacto do carro antigo. A manutenção de um carro antigo hoje é o maior custo e o fator limitante.

 


*De Petrópolis-RJ a Juiz de Fora-MG, por exemplo, são 120 km pela BR-040. Neste trecho da Rodovia há dois pedágios de R$ 12,50, o que daria um total de R$ 50,00 ida e volta.

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Fernando Barenco

É editor do Portal Maxicar. Emails para essa coluna: fernando@maxicar.com.br

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