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Apesar da crise…

[dropcap]N[/dropcap]ão é segredo para ninguém que o Brasil virou de ponta-cabeça em 2015. Depois de um período de estabilidade e até crescimento econômico em anos anteriores, este já começou mal e parece que vai acabar pior ainda: estamos vivendo ao mesmo tempo o pior de dois mundos em termos econômicos: inflação + recessão. E mais: desemprego desenfreado e alta do dólar. Nem preciso falar que somado a tudo isso há ainda uma crise política e moral sem precedentes, com corrupção, toma-lá-dá-cá, caos nos serviços públicos, falência das prefeituras… Ufa! Que momento!

O cenário não poderia ser mais desfavorável para o nosso querido hobbie, o antigomobilismo. É que automóvel antigo não é algo de primeira necessidade. É um artigo de luxo, e imagina-se que seja a última coisa na lista de desejos de alguém neste tempo de incertezas.

Mas, apesar de tudo, este ano pode não ter sido legal para o antigomobilista, mas não foi assim tão ruim para o antigomobilismo. Quer ver?

Encareceram os combustíveis, os pedágios, a alimentação fora de casa, as hospedagens. Panorama desfavorável para quem curte viajar. Mas mesmo assim os antigomobilistas não se intimidaram e colocaram o ‘velhinho’ na estrada. O número de encontros de carros antigos e eventos relacionados, se não chegou a bater recordes em 2015, foi bastante grande, tornando até difícil em alguns finais de semana decidir de qual participar. E de modo geral o nível de qualidade e quantidade de automóveis também se manteve estável. Chego à conclusão então, que se tudo tivesse corrido dentro da normalidade, o movimento antigomobilista teria avançado ainda mais.

E olha que para quem organiza esses eventos — clubes, associações e abnegados — a tarefa foi quase impossível. Por falta de verbas, as prefeituras apoiaram ainda menos e a dificuldade de patrocínio foi enorme, com o número crescente de empresas com a corda no pescoço.

Em termos comerciais, a coisa ficou bastante devagar, é verdade, mas não parou completamente. Quem tinha um dinheiro guardado destinado a comprar o primeiro ou mais um carro antigo para sua coleção, de modo geral avaliou que seria melhor manter a grana investida para uma emergência e esperar passar esse furacão de incertezas. Nunca se sabe o dia de amanhã…

Mas por incrível que pareça, os preços dos veículos antigos não caíram, como é de se esperar diante desse quadro. Pelo contrário: subiram significativamente! Alguns modelos nacionais tiveram uma valorização bastante elevada — algo inexplicável na minha opinião. Porém, um modelo em especial teve valorização justificada, já que viu sua procura disparar. Estou falando da Kombi, que teve sua produção ser encerrada em dezembro de 2013 e de repente foi ‘descoberta’ por colecionadores do mundo inteiro — principalmente da Europa —, que estão levando embora nossa ‘velha senhora’ aos montes. Vira e mexe se vê postadas nas redes sociais fotos de caminhões cegonhas carregados delas a caminho do porto, algumas até em péssimo estado, sinal de anos e anos de trabalho. Então, é natural que quem possua uma Kombi e queira vender, peça bem mais por ela. A famosa lei da oferta e procura.

Entre modelos importados, os preços também subiram e para isso também há uma explicação, embora o mercado não esteja conseguindo absorver esses aumentos. É que as importações de veículos com mais de 30 anos, que nos últimos anos estava crescendo — com o dólar na casa dos R$ 2,00 — despencaram em 2015, com ele de repente valendo o dobro. Segundo me disse em junho o Presidente da FBVA, Roberto Suga, em 2014 passaram pela entidade 428 processos de importação de veículos antigos. Em 2015 os números haviam caído vertiginosamente. Não temos ainda os dados oficiais, mas a expectativa é a de que o número de carros antigos importados tenha sido bem menos do que a metade de 2014.

Com esse cenário, muitas vezes quem possui um importado e deseja vende-lo, calcula qual seria o custo de importação daquele modelo atualmente. E acaba chegando a um valor bastante alto, o que espanta a clientela.

Em 2015 também surgiram diversos novos clubes de antigomobilismo Brasil a fora. Muitos dos que funcionavam de modo informal, decidiram se regularizar. E outros que já estavam regularizados se filiaram à FBVA. Com isso ela viu um crescimento significativo desde o início da gestão da atual diretoria, em outubro de 2014.

Enfim, 2015 não foi fácil para nenhum de nós, brasileiros. Para o antigomobilismo não foi diferente. Mas poderia ter sido pior!

 

 

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Fernando Barenco

É editor do Portal Maxicar. Emails para essa coluna: fernando@maxicar.com.br

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