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O carro mais antigo do mundo

Simplex do acervo do Museu Mercedes Benz, Alemanha

O carro mais antigo do mundo

Entre vários projetos, aquele que é considerado o primeiro automóvel ‘de verdade’

 Não houve um exato momento na história do automóvel que se possa convencionar como início desta grande invenção”.

Essa frase, seguida por uma corrente de historiadores, pode perder o sentido, se analisada sob a ótica de “historiadores de automóveis” que afirmam sim, que temos um modelo que pode ser considerado o primeiro automóvel. Vejamos alguns passos que foram dados pela humanidade para se chegar a ele:

* Há seis mil anos, a roda foi inventada na Suméria, antiga região da Ásia, o que resolveria o problema de transporte de carga do homem primitivo.

* O poeta grego Homero foi o primeiro a usar a palavra “auto” ao idealizar, em poemas, um veículo com rodas de ouro para visitar os deuses. Século VIII a.C.

R$ 14.000,00

R$ 48.900,00

R$ 45.000,00

Mercedes-Benz 280S 1971
R$ 150.000,00

FNM Jk 2150
R$ 150.000,00

VW Brasília 1974
R$ 22.000,00

MG TD 1953
R$ 190.000,00

DKW Belcar Rio 1965
R$ 80.000,00

Ford Verona GLX 1.8
R$ 30.000,00

Willys Rural 4X2 1968
R$ 80.000,00

* No século XV, Leonardo da Vinci desenhou o primeiro carro de quatro rodas, dando forma a um veículo terrestre.

* Em 1600, na Holanda, foi construído um ônibus a vela, inspirado em embarcações. Do litoral para o interior ia bem, pois os ventos o levavam, mas a volta contra o vento era impossível, impedindo o desenvolvimento da ideia.

* Em 1768, na Escócia, foi construída a primeira máquina a vapor, dando asas à imaginação de muitos inventores. Ela mudou o rumo da história, contribuindo para o advento da Revolução Industrial.

A evolução histórica para se chegar ao primeiro automóvel

CarruagemMotorizadaDaimler1886
Carruagem motorizada Daimler

 

A CARRUAGEM MOTORIZADA DAIMLER DE 1886

O motor de combustão interna surgiu gradualmente. Em 1824 percebeu-se a necessidade de um sistema que usasse a compressão e o primeiro motor a vapor de petróleo apareceu em 1826. Em 1838 seguiu-se a compressão em cilindros e, em 1856, um motor de 5 cv foi projetado pelo italiano Pietro Benini, embora nunca tivesse pensado em usá-lo em uma carruagem.

Em 1860, o engenheiro belga, Jean Lenoir, criou um motor a gasolina de 1,5 cv com pistões, bielas e cilindros, instalado em um vagão de madeira, que chamou de hipomóvel. Percorreu 18 Km de Paris a Joinville le Point. Em 1876, em Viena, Áustria, Nicolaus Otto inventou um motor de quatro tempos, pistão por ciclo, movido a gasolina e criou a primeira motocicleta. Gottlieb Daimler e Maybach William adaptaram os seus próprios motores a bicicletas e até mesmo a um barco antes de criarem o projeto de um novo motor leve, movido a gasolina injetada, com 1 cv, um único cilindro vertical e um carburador de nível constante que permitia a combustão a gasolina. No início de 1886, Daimler comprou uma carruagem, montou o seu motor à frente do banco traseiro e em 8 de março de 1886 – depois de adequadas modificações na estrutura – nascia a CARRUAGEM MOTORIZADA DAIMLER. Em 1887 seguiu-se uma refrigerada a água.

O VICTORIA BENZ DE 1893

Victoria Benz 1893
Victoria Benz 1893

Às vésperas de 1878, o projetista e engenheiro alemão Karl Benz dava retoques em sua última invenção: um motor de combustão interna de dois tempos refrigerado a água. Movido a gasolina, era mais leve e compacto que os desajeitados motores a vapor do passado.

Em 1885, Benz combinou esse motor com diversas outras invenções recentes – o carburador, a bateria, a bobina de ignição, as velas de ignição e o diferencial – em um triciclo motorizado ao qual chamou de “carroça motor”. Mas sua única roda dianteira não era adequada às esburacadas estradas européias e o público descrente não se interessou. Finalmente, em 1893, em face de pedidos vindos de sua própria empresa para produzir um veículo de quatro rodas, Benz seguiu o caminho de seu rival, Gottlieb. Então foi acrescentada mais uma roda à sua carroça motor. O BENZ VICTORIA, como foi batizado, tornou-se o carro favorito de Benz. Projetado para transportar dois passageiros, apresentava um revolucionário eixo dianteiro móvel que o motorista podia orientar usando uma alavanca conectada ao eixo através de uma correia e uma junta de manga de eixo patenteada.

O DOGCART ARROL-JOHNSTON DE 1897

Dogcart 10 hp
Dogcart 10 hp

Os engenheiros William Arrol e George Johnston combinaram seus talentos para produzir o primeiro carro britânico. Como muitos carros antigos, o “Dogcart” escocês era como uma carruagem puxada a cavalo, mas comparada a muitos concorrentes, o Arrol Johnston tinha um projeto prático e preciso. O motor, que ficava sob o chão e era acionado puxando-se uma corda, movia as rodas traseiras através de uma corrente. Parecido com uma carruagem, o DOGCART tinha uma leve carroceria de madeira, grandes rodas de madeira com pneus sólidos e uma sapata de freio operada à mão que era pressionada contra a parte de trás do pneu traseiro. A suspensão era eficiente com molas lamelares elípticas.

O CURVED DASH OLDSMOBILE DE 1899

Enquanto Ransom Olds, o fundador da Oldsmobile, competia com Henry Ford – que trabalhava no projeto do Ford Model A – para ver quem fabricaria um carro bem sucedido no grande mercado dos Estados Unidos, o Oldsmobile Curved Dash se tornou o primeiro carro americano a ser produzido em linha de montagem. O Curved Dash herdou o nome de seus para-barros curvos, no estilo das carruagens puxadas a cavalo na época. O modelo jamais seria produzido se não fosse um incêndio na primeira fábrica da Oldsmobile em East Jefferson, Michigan. Antes do incêndio, Olds e seus engenheiros haviam criado 11 protótipos, incluindo dois veículos elétricos. O incêndio destruiu a todos, exceto o CURVED DASH e Olds dedicou-lhe toda a sua energia.

Electric Columbia e Curved Dash Oldsmobile
Electric Columbia e Curved Dash Oldsmobile

O ELECTRIC COACH COLUMBIA DE 1899

Por volta de 1899 a Columbia Automobile Company começa a produção em série de um dos primeiros carros elétricos dos Estados Unidos. A fábrica tinha sessenta e nove mil metros quadrados e empregava mais de dez mil funcionários.. Montava centenas de carros por ano enquanto os concorrentes, algumas dezenas. O COLUMBIA ELECTRIC COACH era movido por quatro baterias – totalizando 44 células – que produziam quase 2 cv e ofereciam uma autonomia de 48 km. A carroceria não era diferente de uma diligência tradicional puxada a cavalos, com juntas e métodos de reforço semelhantes. Mas a grande novidade eram as rodas com pneus de borracha capazes de rodar mais de cinco mil quilômetros.

simplex4p
Simplex 4 passageiros

O SIMPLEX/MERCEDES DE 1902

Em 29 de março de 1901, o motorista alemão, Wilhelm Werner, pilotou um Mercedes de 35 cv na corrida Nice-La Turbie, na Riviera Francesa e terminou a prova 43 segundos à frente de seu rival mais próximo, após manter uma inédita velocidade média de 51 km/h. A notícia se espalhou como fogo. Quando uma versão de passeio de 40 cv foi lançada no ano seguinte, o carro já estava a caminho de se tornar uma lenda, antes de ser vendida a primeira unidade.

O projetista William Maybach queria que sua criação de 1902 fornecesse conforto através de simplicidade. Uma maior distância entre os eixos deu ao carro um centro de gravidade mais baixo. O acréscimo de uma alavanca tornou possível a desembreagem automática. Um segundo pedal de freio foi acrescentado para controlar o motor de 7.600 cc modificado e um novo sistema de arrefecimento fez uso de cata-ventos para direcionar o ar de modo mais eficiente através de um radiador em colméia. Carroceria de vanguarda e detalhes como enormes faróis de latão e uma charmosa buzina determinaram o sucesso do Mercedes.

Ancestral de diversas gerações posteriores de Mercedes, o Simplex é reconhecido atualmente como o primeiro verdadeiro automóvel do mundo, criado de acordo com princípios atemporais como caixa de câmbio de quatro marchas, válvulas de admissão, tração traseira (por corrente) e uma configuração de assentos para quatro passageiros. A técnica e a forma do Mercedes Simplex foram copiadas por outras empresas, sem maiores cerimônias. Assim nasceu um invento que, em apenas pouco mais de cem anos, viria exercer mais influência no progresso mundial do que os seis mil anos anteriores da história da civilização.

 

Texto: João Baptista Jorge Pinto Filho
Edição: Fernando Barenco

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