Coberturas

VIII Passeio de Veículos Antigos em Raposo – Itaperuna, RJ

Detalhes que fazem toda diferença

Evento agitou o pequeno distrito de Itaperuna no final de semana. Além da exposição dos automóveis, teve festa junina, desfile performático, entre outras atrações

Não é encontro. Não é exposição. Foi oportunamente batizado de “passeio”! É que esse evento que acontece anualmente nesse pequeno distrito de Itaperuna — no Noroeste Fluminense, próximo da divisa com Minas Gerais — tem características que o distinguem do que normalmente se vê: tudo acontece dentro de um mesmo local, o Hotel Fazenda Raposo, que empresta seu espaço para a exposição dos automóveis. E grande parte dos expositores e entusiastas se hospeda ali mesmo. Então, são três dias de um evento que acontece 24 horas por dia, sem interrupções. Se você quiser dar uma paquerada nos automóveis às 10 ou 11 da noite, é só dar uma chegadinha no “quintal”, que eles estarão lá te esperando. Por outro lado, se no meio do dia você se cansar de bater perna e preferir dar uma descansada, é só tirar um cochilo em sua suíte. Tudo sem hora, sem compromisso. Coisa de passeio mesmo!

- 25 E 26 DE MARÇO -
Carros, motos, decorações, miniaturas, peças, ferramentas e literatura
(24) 2243-2876 / 98856-2876

Outro detalhe curioso: no último dia, domingo, enquanto os que vieram de longe (sim, porque esse evento reúne gente dos quatro cantos do Sudeste!) estão partindo, quem vive nas redondezas está chegando. A festa não pode parar!

A bênção das chaves

É um evento também sem cerimônia. Minto! A única cerimônia é a da Benção das Chaves, sempre tão bem proferida pela Padre Rodrigo Henrique Mello.

A edição 2018, (a oitava) que aconteceu nos dias 8, 9 e 10 de junho, a exemplo de edições anteriores, lotou todos os espaços disponíveis para a exposição e levou a Raposo um grande público.

Ford Escort XR3 1992
R$ 29.900,00

R$ 48.900,00

Ford LTD 1978
R$ 85.000,00

BMW 740i 1997
R$ 95.000,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

R$ 80.000,00

Porsche 924 1977
R$ 150.000,00

R$ 45.000,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 100.000,00

R$ 25.000,00

Pelo segundo ano, o coquetel de abertura de sexta-feira teve como principal atração o desfile performático dos antigomobilistas e seus automóveis, que esse ano contou com uma produção ainda mais caprichada. Os temas foram variados: coreografias dos anos 1960 e 70, pic-nic, demonstração de jiu-jitsu com dois aplicados lutadores-mirins, declaração de amor musical e uma homenagem à Copa do Mundo, que está chegando.

A turma do Pick-ups Group fez uma eletrizante apresentação, que reviveu a Chicago dos tempos de Al Capone (se lembra de Os Intocáveis?), com direito a tiroteio e a prisão de dois perigosos meliantes.

Para elas, a Tarde das Damas trouxe esse ano uma palestra sobre saúde, com a médica ginecologista Drª Lúcia Ximenes, que falou sobre a menopausa.

Tarde das damas teve palestra sobre saúde

Lógico que não podia faltar a tradicional atração da noite de sábado: a festa junina, com fartura de comidas e bebidas típicas, casamento na roça e, é claro, a quadrilha, que teve a adesão de casais de dançarinos de todas as idades, muitos deles ‘elegantemente’ trajados.

A estreia de 2018 foi a corrida de calhambeques, onde quem ganha é quem chega por último. Explicamos: o antigomobilista regula os pontos de aceleração e ignição através do avanço do distribuidor, dentro do carro. Depois, vai caminhando ao lado dele — que anda ‘sozinho’ lentamente —, mas sem permitir que ele morra. Vence quem conseguir cumprir a distância estabelecida pela organização.

Leandro Fardial foi o vencedor da 2ª bateria

Participaram quatro competidores, divididos em duas baterias. Na primeira o desafio foi entre o Ford A 1928 de Manoel Leal e o Chevrolet Ramona 1931 de Rodrigo Oliveira. A segunda foi entre o Ford A 1929 de Leandro Fardial e Chevrolet 1928 de José Paulo.

A sequencia do acidente e o Ford amassado

A primeira bateria foi marcada por um acidente envolvendo o vencedor da prova, Manoel Leal. Após cruzar a linha de chegada, ele ainda conduzia seu Ford pelo lado de fora, quando tropeçou e acabou caindo. O carro disparou sozinho em direção à cerca, saltando sobre a pequena fundação de concreto e indo parar do lado de fora do piquete onde a prova acontecia. Felizmente, foi apenas um susto, já que ninguém se machucou seriamente. Sr. Manoel teve algumas escoriações no braço, perna e rosto e certamente alguma dor no coração por causa das avarias no seu Phaeton, que teve dois paralamas e uma porta amassados e um farol quebrado.

Mais uma vez o gramado em frente à recepção do hotel esteve enfeitado por automóveis de fino trato. Por exemplo, os americanos Pontiac Grand Prix 1976, Chevrolet Del Ray 1958, Dodge Charger SE 1973,  Corvette 1978 série especial Indianapolis 500 Pace Car e Lincoln Continental MK V também 1978 e também de uma série especialíssima: a Diamond Jubilee Edition, em comemoração aos 75 anos de Fundação da Ford. Foram produzidos somente 5.190 unidades deste Lincoln, que era o automóvel mais caro de toda linha Ford Motors naquele ano. O carro tem acabamento ainda mais luxuoso e nas janelas laterais em forma de escotilha, além da inscrição, uma pedrinha imitando diamante. Um verdadeiro luxo!

Manoel e seu colaborador “Peixe”, ao lado do Consul

De Guarapari – ES, onde realiza anualmente seu Expo Guará de Carros Antigos, Manoel Guimarães debutou seu inglês Ford Consul 1952, depois de um longo processo de restauro. Ficou novinho!

Pick-ups foram algo em torno de 25, entre nacionais e importadas. Grande parte delas pertencentes aos membros do Pick-ups Group, que reúne entusiastas de todo o Brasil. Não faltaram americanas icônicas como as Chevrolets 3100 “Marta Rocha” e Apache, a Ford F100 e Furgão F1 e a Studebaker 1950, essa última pertencente ao colecionador Pedro Ladeira, de Barbacena – MG.

Diretamente de São Paulo Capital, o conhecido Zé da Xuxete rodou 600 km, a maior distância percorrida entre as pick-ups. Dessa vez ele deixou em casa seu Furgão Chevrolet Boca de Sapo (a Xuxete) e optou pela nacional Chevrolet C10 laranja.

Cabo Nascimento e o antigo Opala do BOPE, hoje no Museu da PM

Entre os Opalas — que sempre prestigiam bastante o Passeio de Raposo — o destaque ficou por conta do SL 1992 que pertence ao Museu da Polícia Militar, com sede no Rio de Janeiro. A antiga viatura do BOPE foi escolhida em homenagem aos 50 anos do Opala. Cabo Nascimento, que foi quem conduziu o carro de Itaperuna até Raposo, nos explicou que ele foi incorporado ao acervo do Museu do jeito em que estava no dia em que se ‘aposentou’, sem passar por nenhum restauro.

Puma GTS com a raríssima capota rígida

18 Pumas estiveram reunidos no II Encontro Regional da marca, com exemplares de todo o Sudeste. Destaque para o GTB Série II 1982, o AM1 1988 (já da ‘Fase Curitiba’ da Puma) e o GTS 1973 laranja, que exibia sua raríssima capota rígida de época.

Esta edição do Passeio de Raposo veio comprovar a ascensão dos chamados ‘novos clássicos’ nos encontros de carros antigos. Foram vários e vários exemplares, nacionais e importados, fabricados entre o final dos anos 1980 e comecinho de 2000. É que a criançada que curtia esses carros naquela época, agora cresceu e quer realizar seu sonho de infância.  Por isso, essa tendência está cada vez mais forte a cada ano que passa.

Sabiamente, a organização separou uma ala só para os importados com esse perfil. Ali podiam ser admirados o Volvo C70 Conversível 1999, o Chrysler 300M 2000, o Honda CRX 1993, o Fiat Coupê 1994, o Ômega Australiano 1998…

Nacionais dessa fase então, eram muitos: do Ford Del Rey eram quatro, inclusive um 1988 já com placas pretas. Os amigos Sérgio Castelo Branco, Fabrício Pessanha e Rafael Souza promoveram lá um miniencontro das VWs Parati — todas GLS, diga-se de passagem — fabricadas respectivamente em 1993, 94 e 95.

Damasceno, de Campos dos Goytacazes – RJ, nos apresentou orgulhoso seu recém adquirido Uno 1.6R 1993. Da versão esportiva do ultra popular Fiat, o carrinho permanece em estado de novo. Também pudera: tem só 38 mil km rodados.

Saveiro movida a diesel? Teve também! Aliás, a primeira com placas pretas do Brasil com Certificado de Originalidade da FBVA. Seu proprietário, Guilherme Gomes, nos deu uma aula sobre essa rara versão. Nos contou que a Volkswagen começou a fabrica-la para o mercado externo, mas que chegou a 200 unidades vendidas aqui no Brasil. No entanto a comercialização foi proibida, porque a Saveiro não atendia os requisitos para veículos a diesel no Brasil: transportar 8 passageiros ou mais, carregar 1 tonelada de carga ou possuir tração 4X4 com reduzida. Assim, graças a uma liminar que foi derrubada somente 1991, a VW ainda vendeu várias Saveiro com essa configuração, caso da 1988 de Guilherme.

Se você perdeu a edição deste ano do Passeio de Veículos Antigos a Raposo, anote aí, porque a edição 2019 já tem data marcada: será de 07 a 09 de junho.


ÁLBUM DE IMAGENS


Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco

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