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20º Encontro do Automóvel Antigo de Juiz de Fora, MG

A Praça Cívida da UFJF se mostrou ideal para este tipo de exposição

20º Encontro do Automóvel Antigo de Juiz de Fora, MG

Entre Cadillacs, Ferraris, Rolls Royce e outras ‘beldades’

Pela primeira vez, evento aconteceu no Campus da UFJF. Local agradou

[dropcap]A[/dropcap] Praça Cívica fica localizada no coração do movimentado campus da Universidade Federal de Juiz de Fora, a gigante que conta hoje com cerca de 19 mil alunos e mil professores em seu corpo docente. Este foi o local escolhido pelo Veteran Car Clube do Brasil – JF para realizar seu encontro bienal, que aconteceu nos dias 29 e 30 de agosto. E a escolha foi muito bem acertada: espaço amplo com ótimo piso; fácil acesso, estacionamento para os visitantes, banheiros limpos, praça de alimentação e restaurantes próximos.

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No centro da praça, Ferrari Mondial e Rolls Royce Corniche

De acordo com a equipe organizadora, este ano as dificuldades de patrocínio foram grandes, reflexo da atual situação econômica e política do Brasil, fazendo com que as empresas reduzam seus investimentos em publicidade e divulgação.
— Tivemos 30 dias para organizar o evento e só foi possível a sua realização graças à parceria com a UFJF, o apoio da Prefeitura Municipal e o patrocínio de algumas empresas. – comentou o presidente da VCC-JF, Luiz Fernando da Silva Bastos.

Como já é tradicional neste evento, entre os cerca de 200 veículos em exposição, exemplares importados sofisticados, que podem ser apreciados apenas nos encontros mais seletos do Brasil. Comecemos pelos Cadillacs, símbolo máximo do luxo norte-americano, com três exemplares: Conversível 1941 – eleito o ‘the best’ na edição 2013 deste mesmo encontro -, Series 62 Sedan 1947 e Conversível Coupê 1951 – que se já não bastasse toda sua sofisticação, exibia um exuberante Kit Continental.

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Cadillacs Conversível 1951 e Series 62 Sedan 1947

A extinta marca Studebacker foi otimamente representada por um Champion Conversível 1948. O modelo foi uma revolução em sua época, já que a Studebaker foi a primeira a apresentar sua nova linha de automóveis do pós II Guerra Mundial, desbancando as três gigantes – GM, Ford e Chrysler – que continuaram a fabricar seus antigos modelos pré-guerra por mais um ano. Este carro foi merecidamente eleito o “The Best” de 2015. Veja o álbum com fotos dos premiados no final desta reportagem. Em 1950 a Studebaker voltaria a causar sensação, com o lançamento de sua linha ‘bullet noose’ (em português, ‘nariz de bala’).

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O Studebaker Champion foi eleito o melhor do evento

O conjunto era beeem grande e por isso não pode ficar em exposição junto com os demais veículos. Teve que ocupar a área do estacionamento. O caminhão, um Ford L8000 “Louisville”, que recebeu este apelido nos EUA em alusão à cidade onde era produzido, no estado do Kentucky. Lá é um modelo comum, já que foi produzido por quase 30 anos. Aqui é pouco visto. Sobre a sua plataforma, uma pick-up Ford F100 ao melhor estilo ‘monster truck’, com rodas enormes e bandeiras confederadas nas portas. Para completar o conjunto, que veio de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, uma motocicleta Harley Davidson.

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Um vistoso conjunto vindo do Norte Fluminense

Mustang Conversível 1966 e Match 1 1971; pick-ups Sudebaker 1950 e Dodge Job Rated 1954 (também premiada); Ford Coupê 1940,   Impala 1963; Bel Airs 1955 e 1956; e é claro, os simpáticos Fordinhos Modelo A — que não podem faltar a nenhum encontro de autos antigos que se preze — foram alguns outros ‘made in USA’.

Chevrolet Bel Air 1955 e Dodge Job Rated 1954
Chevrolet Bel Air 1955 e Dodge Job Rated 1954

Mas a grande curiosidade entre os americanos ficou por conta de um Chevrolet Master de Luxe 1938, que depois de servir como veículo de auto-escola e como taxi ali mesmo em Juiz de Fora, foi trancafiado em uma garagem que teve suas portas lacradas com tijolos e lá permaneceu ‘hibernando’ por mais de 30 anos. Foi resgatado por seu atual proprietário, Carlos Fernando da Silva em 2006. Ele fez questão de mantê-lo como se encontrava: sem qualquer restauração. Tudo no velho Chevy permanece inalterado desde que deixou a linha de montagem, como se pode notar!

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O velho Chevy está ‘como veio ao mundo’

O número de automóveis europeus talvez tenha sido maior que a de americanos. E eles não chamaram a atenção apenas pela quantidade. Entre os esportivos, uma dupla de Ferraris: Berlinetta Boxer 512i 1982 e Mondial Cabriolet 1984; um trio de Alfa Romeos Spider: 1972, 1974 e uma ‘semi-antiga’ 1996; Porsche 911 1976; Renault Caravele 1968 – que pertenceu ao pai do atual proprietário desde zero km; Jaguar XJ-S 1977 – um luxuoso e poderoso grand turismo com motor V-12 de 5.3 l, lançado com a ingrata missão de substituir o E-Type; Mercedes-Benz dos mais variados modelos e anos de fabricação; um Rolls Royce Corniche II Conversível 1985, que foi um dos carros mais fotografados do evento, não apenas pela beleza e estado de conservação, mas certamente por tudo que a marca representa para a indústria automobilística mundial.

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A partir do alto em sentido horário: duas gerações da Alfa Romeo Spider, Porsche 911 e Ferrari BB 512i

Mas de todos os europeus, dois nos chamaram a atenção por suas características. O primeiro foi o Dauphine francês, que os desavisados poderiam julgar ser de fabricação nacional. Mas prestando mais atenção neste exemplar fabricado especialmente para o mercado americano, nota-se as sutis diferenças: rodas com pequenas talas, escapamento de modelo diferente, sistema de ar quente, velocímetro em milhas, acabamento interno diferente do brasileiro. No porta-malas, um adesivo de fábrica com a bandeira dos Estados Unidos e a inscrição: “Special USA, made in France”. O carro foi recém restaurado pelo especialista na marca Nelson Cintra, em sua oficina em Petrópolis, RJ.

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Cintra e ou Dauphine francês. No detalhe o adesivo que indica a origem

O segundo foi o MG 1948 que a principio também não chama muito a atenção. Mas se prestarmos mais a atenção neste Roadster, ele se difere dos demais MGs de sua época por um pequeno detalhe: é um automóvel de configuração 2+2, ou seja, de quatro lugares, e não de dois. Trata-se de um raro exemplar do modelo YT, cuja produção foi de apenas cerca de 900 exemplares. Eles eram parcialmente fabricados na Inglaterra e depois encarroçados na Suíça. Apesar da exclusividade, não vendeu muito… A grande maioria possuía volante do lado direito, o que torna esse exemplar com volante convencional ainda mais especial.

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Foram produzidos apenas 900 MGs Roadsters com 4 lugares

Até agora só falamos de importados. Mas esteja certo que os brasileiros não deixaram nadinha a dever a eles em termos de qualidade. Muitos deles poderiam ter recebido o título de Melhor Nacional, prêmio que foi dado ao DKW Belcar 1961 de Sérgio Lima, de Belo Horizonte, MG. O sedan de um vermelho ultra vivo e teto branco, possui como curiosidade as famosas portas Dê-Xa-Vê de abertura invertida, que equipou os modelos da marca até o primeiro semestre de 1964.

O DKW Belcar 1961 foi eleito o melhor nacional

O ‘time’ da Família Galaxie estava de altíssimo nível: a começar pelo Landau 1979 que serviu o Papa João Paulo II em sua viagem ao Brasil em 1980. E mais: LTD Landau 1972, LTD 1974 e 1976, outro Landau 1980…

O mesmo pode-se dizer dos Opalas. Havia pelo menos quatro exemplares de fazer babar qualquer fã do modelo: os De Luxo azuis 1970 e 1974; o Gran Luxo vinho 1974 com câmbio automático e o SS 6 amarelo 1976. Difícil apontar o mais bem conservado! Entre os Corcéis, da Ford, dois carros iguais na cor, laranja, e na impecabilidade: um 1972 e o outro 1976.

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A partir do alto, em sentido horário: vários Galaxies, Opala SS 1976 e Opala De Luxo 1970

Utilitários foram vários: pick-ups das linhas Chevrolet C10/14 e Ford Willys F75, Rurais, Kombis, e um furgão Chevrolet Amazona 1963, modelo de três portas, derivado da pick-up 3100 Brasil.

Estranha no ninho: uma Ford F75 entre três Chevrolets C10/14
Estranha no ninho: uma Ford F75 entre três Chevrolets C10/14

Depois de uma manhã de sábado (29) bastante nebulosa, com alguns raros momentos de chuviscos até, a tarde o sol deu o ar de sua graça, aumentando significativamente a presença do público. Foi nesta hora que chegou à Praça Olímpica um roadster bastante avantajado, com jeitão de carro de playboy americano dos anos 1930, desses que vemos em filmes antigos, em preto e branco. Que modelo seria aquele, cujo emblema trazia a inscrição “Concorde”? Apesar das aparências, trata-se na verdade de um nacional fora-de-serie fabricado no interior de São Paulo, entre 1976 e 1980. Projeto do empresário João Storani, foram fabricados apenas 15 exemplares do Concorde, que possui carroceria de fibra de vidro, com chassi exclusivo e mecânica Ford V8 302 (a mesma de Galaxie e Maverick).

O Concorde e seus detalhes
O Concorde e seus detalhes

O jantar de confraternização teve seus ingressos esgotados e aconteceu na noite de sábado, no Independência Trade Hotel, onde boa parte dos expositores esteve hospedada. Os presidentes dos clubes presentes prestaram homenagens aos Veteran Car Clube de Juiz de Fora.

Jantar de Confraternização
Jantar de Confraternização

O tradicional Troféu Grande Amigo deste ano foi um tributo ao antigomobilista Hugo Carvalho de Oliveira, falecido recentemente. Ele que sempre foi um apoiador e incentivador deste clube, era muito conhecido pelo comércio de peças e acessórios de automóveis antigos. Para receber o prêmio, seus dois filhos William e Wellington e sua esposa, Maria da Glória.

O presidente do VCC-JF Fernando XXX e os familiares de Hugo: homenagem póstuma
O presidente do VCC-JF, Luiz  Fernando da Silva Bastos (e) e os familiares de Hugo: homenagem póstuma

A cerimônia de premiação aconteceu na manhã de domingo (30), e por razões econômicas foram premiados veículos em apenas seis categorias: o veículo que veio rodando a maior distância, o veículo mais antigo, o melhor veículo nacional, o melhor veículo importado, o melhor escolhido pelo voto popular e o “The Best of Show”. Confira as fotos dos veículos premiados no álbum de imagens especial.

 

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Texto:
Fernando Barenco

Fotos e edição: Fátima Barenco e Fernando Barenco

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