10 Perguntas ao Presidente, com Fatima Barenco Conteúdo Nossos Colunistas

AUGUSTO MÓSCA — Nictheroy Clube de Veículos Antigos – Niterói, RJ

Tradição, com inovação e democracia

[dropcap]J[/dropcap]á há algum tempo seu clube vem se destacando pela nova filosofia, criando um círculo de simpatia, novas amizades e parceria com outros clubes. Carioca, Engenheiro Químico, ele nos fala um pouco sobre seus gostos e sua família. “Gosto de fazer novas amizades, de um bom papo com os amigos. Curto uma boa música, bandas de Rock dos anos 60 e 70 de preferência. Sou casado com Iamara Salioni, pai de três filhos e avô da Sofia, de três anos, — que adora passear de carro antigo — e do Theo, de seis meses. Além de antigomobilismo, gosto muito de aeromodelismo.”   Em nossa primeira entrevista de 2013, converso com o presidente e mais um grande amigo do Nictheroy Clube de Veículos Antigos, Augusto Goldschmidt Mósca.


Augusto Mósca –
O Nictheroy começou com a união de três amigos, profundos conhecedores de mecânica e apaixonados por carros antigos, que, volta e meia, se encontravam nos fins de semana, para curtirem seus carros. Outros amigos foram se aproximando e aos poucos foram sentido a necessidade de se organizarem melhor, daí surgindo a ideia da criação do Clube, que foi fundado em cinco de abril de 1986.

“Embora com uma diretoria pequena, contamos com uma legião de sócios que participam das decisões, fazendo com que as deliberações tenham sempre um apoio e uma adesão muito grande.”  

1.gifEm primeiro lugar vamos conhecer um pouco a história do Nictheroy Clube de Veículos Antigos. Seus objetivos? Quantos membros possui?

O clube valoriza muito a participação da família

Nosso objetivo é manter e preservar essas maravilhas e preciosidades que temos. Contribuir de alguma forma para manter acesa essa vontade e vocação comum a todo o antigomobilista e participar de eventos não só do Nictheroy, mas de outros Clubes parceiros, também.

Embora com uma diretoria pequena, contamos com uma legião de sócios que ativamente participam das decisões do clube, fazendo com que as deliberações tenham sempre um apoio e uma adesão muito grande de todos, num ambiente respeitoso e democrático. Somos um grupo em crescimento constante, com uma proposta de termos um maior número de associados que, realmente, além de gostarem de carros antigos, buscam novas amizades e parcerias. E temos tido uma adesão forte de uma nova geração que busca no Nictheroy essa convivência sadia que tanto precisamos.

 Como começou o seu envolvimento com o clube até chegar à presidência?

    “Agora, as contas do Clube são apresentadas no nosso site, balancetes, extratos bancários, normas internas, controle de estoque e todas as informações administrativas de relevância.”

Augusto Mósca – Eu diria que eu sou um antigomobilista de primeira viagem. Embora sempre tenha gostado de carros, só comecei realmente a me dedicar ao assunto há cerca de seis anos. E como morador de Niterói, busquei aqui nesta cidade, um clube para me associar, fazer novos amigos e aumentar um pouco mais os meus conhecimentos sobre o assunto. Por diversas razões, não consegui me filiar ao Nictheroy logo de início, mas sempre busquei participar dos eventos e encontros na cidade. Sem saber onde começar, buscava na internet um encontro e a ele comparecia, de modo a tomar conhecimento de como tudo funcionava.

Aos poucos fui conhecendo muitos antigomobilistas e fazendo novas amizades, até que, em meados de 2011, surgiu um convite para fazer parte da nova diretoria do Nictheroy, que seria eleita no final daquele ano. E, assim, fui eleito Presidente e, daí para frente, montamos uma equipe, que recomendou uma série de alterações no Estatuto, todas acolhidas. Arregaçamos as mangas e começamos a administrar o Clube, com humildade, transparência e seriedade.

  Novas atividades, com muito dinamismo e uma grande aproximação com outros clubes. Fale sobre essa nova filosofia.

Augusto Mósca – Realmente, foi ótimo você tocar neste assunto. O fato é que montamos uma equipe administrativa que atua com muita transparência e seriedade. Para se ter uma idéia de como as coisas se modificaram, basta acentuar que, agora, as contas do Clube são apresentadas no nosso site, balancetes, extratos bancários, normas internas, controle de estoque e todas as informações administrativas de relevância são disponibilizadas para os sócios através do nosso site.

Homenagem aos 50 anos de lançamento do Karmann Ghia nacional

As decisões, na sua grande maioria, são ratificadas e respaldadas de forma democrática por um número significativo de sócios e isso faz com que as nossas propostas sejam acolhidas por expressiva maioria. Daí, a presença de numerosos sócios e outros amigos em passeios, em visitas a outros Clubes, em carreatas, em churrascos, nos próprios eventos mensais.

Criamos uma gama de atividades que possibilita ao sócio, escolher dentre elas, a que melhor se encaixa em sua programação.

Essa ideia de aproximação e “Visitas Oficiais” a outros Clubes surge da necessidade que vimos e da importância da união entre os Clubes. Em todos os locais que visitamos, falamos sobre esse tema e seus benefícios e isso vem dando certo. Tanto é assim, que vários colegas de outros Clubes, passaram a freqüentar, com assiduidade, os nossos eventos, o que é muito gratificante e incentivador para nós.

Ao mesmo tempo, novos sócios estão se filiando ao nosso Clube, justamente em função dessa filosofia que estamos implantando. Não fazemos distinção a nenhum tipo de filiação, bastando que a pessoa goste de carro antigo, de fazer novas amizades e que sua admissão obedeça às regras estatutárias.

Visita ao Museu de Arqueologia de Araruama, RJ 

4.gifUm momento marcante para o clube que mereça destaque…

Augusto Mósca –Certamente o Clube teve vários momentos marcantes no passado, mas eu diria que recentemente alguns eventos ficaram na memória de muitos de nós. Eu destacaria o nosso primeiro grande passeio, ocorrido em junho do ano passado, que consistiu numa visita ao Museu de Arqueologia de Araruama, seguida de um almoço na Ilha do Lazer, o que, até hoje, é comentado com grande entusiasmo.

Foi um fato marcante para a nova administração, porque foi a partir daí que o Clube começou a ganhar mais adeptos e o reconhecimento de todos, mesmo daqueles que ainda não são nossos associados.

 Fale sobre os encontros realizados pelo clube.

Augusto Mósca – Bem, nós temos o nosso encontro mensal, realizado no primeiro domingo de cada mês, no estacionamento do Sam’s Club, a partir das 09h00 horas. Este ano, resolvemos fazer também um encontro mensal à noite. Então, toda terceira quarta-feira do mês, estamos promovendo mais um Evento no Shopping Camboinhas Mall, a partir das 19h30min.

Além desses dois encontros, procuramos participar, no que chamamos de “Visita Oficial”, na qual juntamos o maior número possível de sócios para integrarem eventos promovidos por outros Clubes no Estado do Rio de Janeiro.

“visita oficial” ao encontro do Clube de Antiguidades Automotivas de Volta Redonda

Sempre que possível, temos um churrasco ou um almoço e às vezes sorteios de brindes aos participantes. Ano passado, participamos de dez carreatas inclusive duas delas com escolta da Polícia Militar.

Essas atividades geralmente são programadas com antecedência e divulgadas, sistematicamente, aos nossos sócios, de forma a permitir que todos se programem.

6.gif Placa Preta irregular. O que acha do assunto? Teria alguma sugestão para moralizar essa questão?

Augusto Mósca – Esse é um assunto sério e que,além de preocupante, tem gerado muita polêmica. Quando assumimos a direção do Nictheroy, uma das primeiras providências que tomamos, foi a de nos filiarmos a Federação Brasileira de Veículos Antigos. Achamos importante para o Antigomobilismo o fortalecimento dos Clubes em primeiro lugar e obviamente de sua Federação. Só teremos uma legislação forte sobre o assunto, se tivermos representatividade e isso precisa ocorrer através da FBVA.

“visita oficial” ao encontro do Puma Clube do Rio de Janeiro

Quanto à placa preta, seguimos a legislação a risca, avaliamos os veículos rigorosamente, de acordo com os critérios e padrões preestabelecidos, seguindo as planilhas da FBVA.

O que mais nos preocupa é o que ocorre, algumas vezes, após a obtenção do Certificado de Originalidade. Algumas pessoas descaracterizam o veículo certificado, outras vendem seus carros ou deixam os Clubes a que eram filiados e isso acaba contribuindo para a existência de carros com placa preta totalmente descaracterizados e, por conseguinte, irregulares, fora dos padrões exigidos. Entendo que precisamos ter dispositivos na legislação que permitam à Federação a adoção de providências junto aos Detrans, objetivando a cassação das placas pretas, pela perda do Certificado de Originalidade, nestes casos.

[su_pullquote align=”right”]“Algumas pessoas descaracterizam o veículo certificado, outras vendem seus carros ou deixam os Clubes a que eram filiados e isso acaba contribuindo para a existência de carros com placa preta totalmente descaracterizados.”[/su_pullquote]Não é demais lembrarmos que, com freqüência, vemos circulando pelas cidades veículos portadores de placas pretas que não reúnem as mínimas condições para tanto. Como disse, é um assunto polêmico que deve ser seriamente tratado sem açodamento e com todo o respaldo jurídico necessário.

  7.gifQual a sua visão do antigomobilismo no Brasil? Precisamos melhorar de alguma forma? Alguma sugestão?

Augusto Mósca – Aumentam a cada dia os adeptos do Antigomobilismo, que passa por um processo constante de amadurecimento. No passado, muitos grupos, amigos, associações e Clubes surgiram ao mesmo tempo, na mesma cidade, às vezes, até por dissidência de uma determinada pessoa ou grupo de pessoas, e isto, de certa maneira, enfraquecia os demais. Hoje, isso ainda acontece, naturalmente em menor escala e principalmente com aqueles que não aceitam a democracia como a forma mais sensata de convivência.

No entanto, muitos já se aperceberam desse equívoco e, aos poucos, estão reavaliando seus paradigmas. Penso que a tendência natural, seja de um reagrupamento até por uma questão de otimização de custos, mas sempre respeitando e entendendo as diferenças, aceitando de forma democrática as deliberações internas, o que, certamente, fortalece os Clubes e todos ganham.

Karmann Ghia, o primeiro clássico de Mósca

  O envolvimento com carros antigos sempre está ligado a algum fato marcante na vida das pessoas que o admiram. O que o levou a ser um antigomobilista?

Augusto Mósca – Aprendi a dirigir com onze anos de idade, em um Ford Vedette 1949 que pertencia a meu pai. Sabia marca, ano, modelo e principais diferenças de tudo que era carro da época. Sempre fui um apaixonado por carro, mas a ideia de me tornar um antigomobilista surgiu há bem pouco tempo, mais por sugestão da minha esposa. Na realidade, comprei um Karmann Ghia, que sempre foi um desejo meu, mas não pretendia passar disso, mas como dizem, quando se tem ferrugem no sangue, fica difícil “segurar” a vontade de ter outro.

  Sei que você possui um belo e raro Ford Zodiac. Ouvi dizer que o carro tem uma interessante história de como o comprou e restaurou. Poderia contar?

Augusto Mósca – Minha esposa viu esse carro abandonado numa rua aqui em Niterói, num estado deplorável, tendo comentado comigo:
— Olha, você que gosta tanto de carros antigos, eu vi um bem diferente, talvez você goste. Vai dar uma olhada…

Não precisou falar duas vezes. No dia seguinte estava eu lá a admirar a relíquia. Era o Ford Inglês Zodiac, Modelo MKII, 1961. O estado era deplorável. Depois vim saber que o carro estava há 15 anos abandonado naquela rua. Conhecia o modelo anterior, MKI que era exportado para o Brasil na década de 50, mas este, era a primeira vez que tinha visto. Pesquisei muito na internet sobre o carro e mais ainda para encontrar seu proprietário. Cheguei ao cúmulo de bater de porta em porta, em todas as casas e apartamentos daquela rua e das que ficavam próximas, até que encontrei o proprietário: um senhor simpático. E depois de muito diálogo — durou uns três meses — conseguimos chegar a um acordo sobre o preço.

Ford Zodiac: resgatado depois de anos de abandono

Aí começa a odisseia para a restauração. Entrei para o grupo Inglês de proprietários de Zephyr e Zodiac e lá consegui muitas dicas sobre peças, manuais etc. O carro, embora todo furado, estofamento em péssimo estado, com corrosão até no aro da buzina, estava quase todo completo. Foi todo desmontado e refeito. Em pouco mais de três anos conseguimos “dar os primeiros passos”.

Já participou de vários encontros, inclusive em São Paulo e Minas Gerais e é sempre apreciado com carinho pelos amigos, já tendo recebido, inclusive, alguns prêmios. Até hoje é o meu preferido.

 Nossa entrevista está chegando ao fim e deixamos aqui com a palavra o amigo e presidente Augusto Mósca, a quem agradeço imensamente pela grande colaboração ao Portal Maxicar e a todos que nos prestigiam com suas visitas.

Augusto Mósca – Eu é que agradeço a você por esta oportunidade e pela simpatia, atenção e carinho que sempre nos são dispensados pela equipe do Portal Maxicar.

Aproveito e parabenizo a todos do Maxicar pelo profissionalismo e dedicação dispensada a todos nós antigomobilistas de um modo geral, esperando que essa entrevista, possa de alguma forma, contribuir para o engrandecimento deste “hobby”, que muito fortalece e incentiva nosso trabalho.

Um abraço a todos e mais uma vez obrigado.

 

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