10 Perguntas ao Presidente, com Fatima Barenco Conteúdo Nossos Colunistas

WILSON CAMINHA DE AMORIM (WELCO) – Opala Clube do Rio de Janeiro – RJ

WILSON CAMINHA DE AMORIM (WELCO) – Opala Clube do Rio de Janeiro – RJ

“Amigos são, no fim das contas, a verdadeira razão da nossa vida”

[dropcap]E[/dropcap]le vem de tradicional família italiana, que por sinal é numerosa, e como ele mesmo comentou, adora uma “pasta”. Bancário aposentado, corretor de seguros, desenhista projetista, mecânico amador…e um grande antigomobilista. Quanto ao clube que preside, costuma chamar de “Nossa Família” pois, como diz “as mulheres e as crianças estão sempre conosco nos encontros e eventos”. Para ser sócio é preciso estar disposto a fazer parte desta “família”. O carro antigo é um motivo a mais para se fazer amigos. Converso este mês com o amigo Wilson Caminha de Amorim, mais conhecido como “Welco”, presidente do Opala Clube do Rio de Janeiro.

  Como e quando surgiu o Opala Clube do Rio de janeiro?

    “Ajudem-nos a manter a história do Galaxie, fazendo parte de nosso cadastro

VW Kombi 1973
R$ 150.000,00

R$ 32.000,00

BMW 2002 Tii 1972
R$ 220.000,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 100.000,00

DKW Belcar 1963
R$ 80.000,00

VW Brasília 1974
R$ 22.000,00

Porsche 924 1977
R$ 150.000,00

FNM 2000 JK
R$ 120.000,00

Welco – O Clube surgiu a partir de e-mails trocados entre três visitantes da página www.opala.com, criada pelo jornalista Júlio César Cohen ainda na década de 1990 e tida como a primeira destinada a um automóvel no Brasil. Como o Júlio já era colaborador do Clube do Opala de São Paulo, sugeriu que se criasse uma associação do tipo aqui no Rio também, o que foi levado a efeito por Ody Barros, Marco Aurélio S. Maior e Roberto dos S. Moura, além do Júlio. No nosso site temos um resumo dessa história escrito pelo Marco Aurélio, que conta mais detalhes dessa “saga”.

  Que tipo de atividades o clube realiza?

Welco – Basicamente o que todos os clubes de automóveis fazem: encontros, passeios e participação nos eventos de outros clubes também – aqui no Rio temos o Museu Conde de Linhares, a Praça XV do Veteran Car Club, o do Volkswagen Clube, o do Puma Clube, etc. Eventualmente viajamos a Volta Redonda, Teresópolis, Guapimirim, São Lourenço, Caxambu, Águas de Lindóia, etc… para participar de eventos ou mesmo só para botar os carros na estrada. Às vezes também fazemos umas disputas de kart bem divertidas. Ah, e às segundas feiras tem o voleizinho no condomínio do Hugo, nosso Diretor Financeiro.

Reunião do Opala Clube do Rio de Janeiro

  Algum episódio em especial que mereça destaque nos passeios realizados pelo clube?

Welco – Cada passeio e cada evento tem seu destaque, seu momento engraçado, carros que enguiçam… mas certa vez, numa viagem ao Sambódromo, em São Paulo, um dos carros da carreata ficou preso na Polícia Rodoviária Federal de Barra Mansa. Seu dono teve que voltar ao Rio de ônibus e acabou não participando do passeio: o Diplomata tinha mais de 300 HP e não tinha vistoria do DETRAN para circular…

  Manter um clube de carros antigos é tarefa difícil?

Welco – Não diria difícil, mas de responsabilidades. Apesar de ser um clube específico de proprietários de Opala, basta participar de uma reunião nossa para constatar a diversidade de carros que lá estão: tem de Opala a Fusca, Omega a Porsche, DKW a Thunderbird, Chevette a Ferrari. Assim, a primeira responsabilidade é a de manter e preservar a história rodante do País, tentando sempre elevar o nível de conservação e originalidade dos carros dos sócios bem como a de incutir nos mais jovens a importância de se preservar essa história. É importante também, disseminar a observância das leis de trânsito.
Quanto ao nosso quadro de associados, eu digo que administrar o Clube é tarefa fácil e prazerosa uma vez que todos somos amigos e muito unidos em tudo que fazemos e a quem eu costumo chamar de “Nossa Família” pois as mulheres e as crianças estão sempre conosco nos encontros e eventos. Tenho um orgulho enorme de ter grandes amigos como sócios do nosso Clube.

Stand do Opala Clube na edição 2010 do Encontro Anual do Veteran Car Clube do Rio de Janeiro

  Nos encontros ouvimos muitas histórias do quanto significa determinada marca de carro para uma pessoa, das lembranças de infância e de muitas outras recordações. De onde vem sua paixão pelos carros Antigos? E qual o seu xodó?

Welco – Eu acho que nasci atrás de um volante! Desde muito novo eu gosto de carros e fui incentivado pelo meu pai, que também gostava. Eu tinha três anos quando meu pai levou a então recem lançada Quatro Rodas para casa e fui juntando outras publicações à minha coleção de revistas ao longo da vida. Fui ao lançamento do Opala no Salão do Automóvel no Pavilhão do Ibirapuera, em novembro de 1968 (última edição lá: em 1970 o Salão aconteceu no Anhembi) e me apaixonei pelo carro, paixão que pegou meu pai, pois logo em seguida ele comprou um De Luxo Azul Astral que ficou conosco até o ano seguinte, quando ele trocou por outro 1970 Vermelho Vinho e assim foi até 1976. Uma Caravan, foi seu último Opala.

Coupê 1972: “filho primogênito”

Minha ligação com os antigos começou na década de 1980, com um amigo que me levou a comprar com ele um Jaguar muito ruim, que foi trocado por algumas Mercedes, que depois foram trocadas por outras… até que eu, finalmente, fiquei uns anos com uma “Fintail” 1967 230 que me marcou muito. Depois, a roda da vida me manteve longe dos carros antigos até o começo dos anos 2000, quando comprei meu Opala Cupê Especial 1972 e comecei tudo de novo… está comigo até hoje e posso dizer que ele, juntamente com os outros, são o meu xodó. São como filhos e não consigo apontar um deles como preferido!!!

  Atualmente depois do Fusca, o Opala é o carro que reúne o maior número de clubes especializados em todo o Brasil. Fale um pouco sobre a importância do Opala na história da indústria automobilística brasileira.

Welco – O Opala protagonizou uma revolução no mercado automobilístico do Brasil porque era muito mais moderno que a concorrência. Como comparar um Aero Willys ou um Simca, de concepção tão mais antiga, com um monobloco moderno, com suspensões sofisticadas e motores bem mais eficientes? O feito da GM foi um salto ousado no panorama brasileiro da época que tinha, quase no mesmo nível, apenas o Galaxie como parâmetro – mas não na mesma faixa de mercado, assim como o Dodge Dart, lançado quase concomitantemente. O JK, além de mais antigo (apesar da tecnologia italiana ser muito mais eficiente em todos os níveis), era pouco produzido e muito caro. Assim, a GM aproveitou muito bem a brecha de mercado que se abria, ocupando seu espaço com competência e eficácia. O próximo concorrente do Chevrolet foi o Ford Maverick, que teve equívocos de marketing e de construção que impediram um virtual sucesso nas vendas: foram fabricados pouco mais de dez por cento do número de Opalas que, assim, reinou durante quase 24 anos praticamente sozinho no País.

Integração: Pedro é Diretor Social do Opala Clube e Secretário do VW Clube

  Como é o relacionamento do Opala Clube do Rio de Janeiro com os outros clubes do modelo?

Welco – Não só com os clubes de Opala, mas com os clubes de automóveis de uma maneira geral, nosso relacionamento é muito bom. Aqui no Rio o grupo “ Amigos do Opala”, que se reúne na Taquara, é formado por conhecidos que frequentam nossas reuniões de vez em quando; o VW Clube do Rio – nosso clube irmão – com meu “irmão” Leo e Ary na batuta, conta com membros em sua Diretoria e Conselho que fazem parte do nosso Clube também (O Pedro Watson é Diretor Social do Opala Clube e Secretário do VW Clube do Rio de Janeiro). O Miura Clube do Rio, com o meu amigo Sandro no comando, é forte apoiador do nosso Clube. Os AGMH são como irmãos da gente, assim como o Veteran, com todos os seus decanos e “cardeais” – Associação em que procuramos nos espelhar na seriedade e nos objetivos -, o Puma Clube, cuja Diretoria é praticamente da nossa casa, o DKW Vemag do Rio, com Fróes e Newtinho sempre conosco, o Omega Clube que se reúne junto a nós nas quintas feiras, o Marea Clube…, e fora da cidade, o VW Clube de Teresópolis do Joel e Renildo, e mais todo o pessoal que organiza os encontros por lá _ Reinaldo, Tuninho, etc., o pessoal de Niterói, Besouros Cinquentões, Auto Relíquias, Volta Redonda que nos recebe tão bem, Zé Maria e Maurílio de Juiz de Fora… caramba , é muita gente legal e certamente deixei de mencionar muitos nomes, inclusive os que a gente encontra só em Lindóia ou no Forte, no Sete de Setembro…E mais um monte de amigos que não são associados de nenhum clube em especial mas estão sempre junto a nós, nos eventos e encontros.

     Temos muito orgulho de contar com a amizade desses caras que são tão especiais na vida da gente.”

Temos muito orgulho de contar com a amizade desses caras que são tão especiais na vida da gente. E falo em nome de todos os sócios do Opala Clube, não apenas por mim. Felizmente a comunidade antigomobilista do Rio de Janeiro é composta de pessoas excepcionais e de quem nos orgulhamos pela amizade e consideração a nós dispensadas.

  Uma das principais qualidades do Opala foi a sua versatilidade: viatura de Polícia, carro oficial da Presidencia da República, carro de resgate do Corpo de Bombeiros, ambulância, táxi… Na sua opinião, porque o modelo foi escolhido para usos tão diferentes?

De ambulância a viatura policial: a versatilidade do Opala

Welco – Como você disse, pela sua versatilidade: tanto podia ser um carro de representação, como o Diplomata e o Comodoro faziam numa época de importações fechadas, como podia levar doentes como fazia a Caravan Ambulância, ou presos, como os Opala SL fizeram na PM, Polícia Civil, Exército e Polícia Federal muitas vezes. Eram carros resistentes e de pouca manutenção, o que explica sua escolha como taxi, carro de polícia, bombeiros, etc. Reunia qualidades que justificam a sua produção de um milhão de exemplares em quase 24 anos.

Quando digo “baixa manutenção”, “economia”, “versatilidade”, “resistentes”,etc., estamos sempre nos referindo à época de produção, bem entendido…pois não há termos de comparação técnica entre esses carros e os que hoje se fabricam.

Welco, ao lado do amigo José Eduardo (e) e Roberto Rusch presidente do Veteran Car Clube do Rio de Janeiro

  Como fazer parte do Clube?

Welco – Para ser sócio do Opala Clube do Rio de Janeiro é preciso frequentar nossas reuniões semanais e cumprir algumas exigências previstas nos regulamentos. Somos rigorosos com a admissão de sócios por sermos um clube “família”, onde a participação de todos é muito importante e o convívio é parte do “pacote”. Mas nossas reuniões semanais são abertas a todos, que são sempre muito bem-vindos para aproveitar uma noite de bom papo, lindos carros e frequência selecionada!! E ainda temos uma lanchonete e uma pizzaria bem ao lado. Visite nosso site: www.opalacluberj.com.br

  Nossa entrevista está chegando ao fim e deixamos aqui com a palavra o amigo e presidente Wilson Welco, a quem agradecemos imensamente pela grande colaboração ao Portal Maxicar.

Welco – Eu penso que, muito mais importante do que os carros, são as pessoas que os mantêm: a gente gosta mesmo é de encontrar as pessoas e fazer cada vez mais amigos, que são, no fim das contas, a verdadeira razão da nossa vida. Os carros são a nossa paixão mas são, também, apenas o mote para tanto trabalho não só de mantê-los como para organizar os eventos em que, aí sim, nos realizamos.

Nós, antigomobilistas, é que temos de agradecer o trabalho de vocês, Fátima e Fernando, em divulgar e registrar tudo o que se tem feito nesse nosso mundo mágico do automóvel antigo.

 

[box type=”shadow” ]Fátima Barenco é administradora do Portal Maxicar e traz a cada edição uma entrevista com 10 perguntas ao presidente de um clube de automóveis antigos do Brasil. E-mails para esta seção: fatima@maxicar.com.br[/box]

 

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