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Os incríveis caminhões decorados do Paquistão

Os caminhoneiros paquistaneses têm muito orgulho de seus caminhões

Cultura Popular

Os incríveis caminhões decorados do Paquistão

- 25 E 26 DE MARÇO -
Carros, motos, decorações, miniaturas, peças, ferramentas e literatura
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[dropcap]C[/dropcap]ores! Uma profusão de cores! Assim podem ser descritos, sem exageros, os caminhões do Paquistão, um país sul-asiático com 160 milhões de habitantes, que faz fronteira com a Índia, China, Irã e Afeganistão.

É quase impossível se ver por lá um caminhão original de fábrica. Assim que são comprados, são encaminhados imediatamente para uma das inúmeras oficinas de decoração que se espalham por esse país muçulmano. Lá eles têm suas cabines e carrocerias ampliadas, são pintados e enfeitados. Cada veículo tem um visual único, não havendo dois iguais. São empregados os mais diversos materiais, dependendo da região: metais, madeiras, plásticos, tecidos, partes de animais como peles e chifres, luzes, pedras, bijouterias e tudo o mais que a imaginação do decorador mandar.

A maioria dos caminhões do paquistão é da extinta marca inglesa Bedford

Aliás, o mercado de decoração de veículos emprega um número enorme de profissionais das mais diversas áreas como pintores, escultores, eletricistas, carpinteiros, soldadores e tapeceiros. Somente na cidade de Karachi, um dos principais centros dessa arte no Paquistão, calcula-se que mais de 50 mil pessoas dependam direta ou indiretamente do ofício.

R$ 45.000,00

MG TD 1953
R$ 190.000,00

Fiat Coupê 1995
R$ 60.000,00

VW Kombi 1973
R$ 150.000,00

BMW 2002 Tii 1972
R$ 220.000,00

Ford Verona GLX 1.8
R$ 30.000,00

Ford Escort XR3 1992
R$ 29.900,00

DKW Belcar Rio 1965
R$ 80.000,00

R$ 48.900,00

Ford LTD 1978
R$ 85.000,00

FNM 2000 JK
R$ 120.000,00

Atualmente o Paquistão é dominado pelas marcas japonesas, como a Nissan

Decorar um veículo não custa barato, apesar da baixa remuneração dos trabalhadores. Dependendo do grau de sofisticação, o caminhoneiro pode desembolsar entre US$ 800.00 e US$ 5.000.00. Uma quantia altíssima, se levarmos em consideração que o Paquistão está entre os mais pobres países em todo o mundo, com renda anual per capta de somente US$ 2.100,00. Além disso, o caminhoneiro precisa ficar semanas sem trabalhar, aguardando a conclusão do serviço, que pode levar até 2 meses.

Um fato curioso é que grande parte dos caminhões paquistaneses pertence a empresas frotistas, onde os caminhoneiros são apenas funcionários. Entretanto, é a norma entre os proprietários de frotas autorizar o motorista a levar o seu veículo de trabalho a uma loja de carroçarias para tê-lo decorado de acordo com seu gosto pessoal, com as despesas pagas pela empresa.

Os temas são os mais variados e vão de cotidiano a mulheres, de políticos a símbolos patrióticos, de artistas de cinema a imagens ocidentais, de talismãs a símbolos religiosos como imagens de divindades e templos. Geralmente, todos esses temas se mesclam num mesmo caminhão, ficando os religiosos na parte dianteira e os profanos na traseira. Mas a decoração não se limita somente à parte externa. É enorme também o número de ornamentos no interior da cabine: fotografias, franjas, bordados, poesias manuscritas, tapetes e peles.

Um interior ricamente decorado
Um dos milhares de profissinais do ramo. A decoração de caminhões movimenta bastante a economia

Não se sabe exatamente quando começou essa tradição. De acordo com historiadores, foi em meados de 1940. Nessa época os caminhões começaram a se popularizar no país no transporte de mercadorias e houve o surgimento das primeiras transportadoras. Como era grande o número de analfabetos, cada empresa passou a dar destaque a seu logotipo, para que a população pudesse reconhecer. Gradualmente as pinturas foram tornando-se mais e mais fantasiosas.

Desde os anos 1950, os caminhões da marca Bedford são os preferidos dos caminhoneiros paquistaneses. Com cabines arredondadas — consideradas ideais para pinturas e modificações — esses pesos pesados de origem inglesa foram fabricados até meados dos anos 1980, quando a Vauxhall, uma subsidiária da GM, detentora da marca, decidiu encerrar sua produção. Desde então, foram adotados os japoneses, principalmente os das marcas Hino, Nissan e Isuzu. Mas até hoje os clássicos Bedford são os preferidos para essa incrível arte popular.

Texto: Equipe do Portal Maxicar
Fotos: Autoria desconhecida
Agradecimento: a Odair Ferraz, pela dica de pauta

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