Conteúdo Repórter Maxicar

Nascimento Jr., vencedor esquecido

automobilismo

Nascimento Jr., vencedor esquecido

*Antonio Carlos Buarque de Lima

[dropcap]P[/dropcap]oucos pilotos brasileiros conseguiram juntar tantas vitórias e boas participações em tempo tão curto, nas simplórias corridas de sua época, quanto o paulistano Arthur Alberto do Nascimento Jr. E com certeza ninguém foi esquecido tão rapidamente quanto ele. Seu período de atuação, unindo duas décadas de 1925 a 1945, foi de grande desenvolvimento no automobilismo esportivo nacional.

Nasceu em São Paulo aos 18 de maio de 1902, filho do empresário Arthur Alberto do Nascimento e Idalina Pereira do Nascimento. Faleceu aos 43 anos na mesma cidade, deixando sucessores a viúva Haydée e três filhos: Paulo, Fernando e Maria Idelise.

VW Brasília 1976
R$ 30.000,00

MG TD 1953
R$ 190.000,00

Alfa Romeo 2300 Ti4 1985
R$ 100.000,00

R$ 80.000,00

VW Fusca 1300 1968
R$ 33.000,00

VW Saveiro Summer 1996
R$ 80.000,00

FNM Jk 2150
R$ 150.000,00

Willys Rural 4X2 1968
R$ 80.000,00

BMW 740i 1997
R$ 95.000,00

R$ 45.000,00

Sua carreira nas pistas teve três etapas e, nem sempre contínuas – de 1926 a 1928; 1936 a 1940 e 1943, permitindo verificar a evolução do cenário das corridas, dos veículos, dos circuitos.

Era um “Gentleman Driver”, o esportista que corre nos finais de semana e nos dias úteis trabalha em outra atividade, no caso a empresa metalúrgica de seu pai, cuja lista de produtos se iniciava com os Cofres Nascimento, conhecidos pelo patrocínio ou ajuda a pilotos. Alto, gordo, simpático, piloto competente, era bem recebido nas pistas de corrida. Antes de se dedicar a elas, fora remador do Club de Regatas Tietê, na capital paulista.

COMEÇO

Suas duas primeiras provas foram as de Subida de Rampa da Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, na cidade de São Paulo, em 1926, com um carro americano Buick Master 6, de 6 cilindros e válvulas no cabeçote. Na primeira, em 2 de maio, sob o pseudônimo de “Gato Bravo”, foi o 2º colocado na classe turismo até 5 litros de cilindrada. Na seguinte, assumindo seu nome, foi o 4º colocado, na mesma classe. Depois, em 15 de agosto, com outro carro americano de 6 cilindros e válvulas no cabeçote, um Marmon 74, automóvel hoje clássico de contadas unidades remanescentes no Brasil, conseguiu ótimos resultados: na Prova de Velocidade, 1º lugar; na de Habilidade ao Volante, 2º lugar absoluto; e na Taça ‘Rei do Volante’ , 1º lugar absoluto. Na ocasião, disputou-se a Taça Rainha do Volante para mulheres piloto, sendo vencedora a Sra. Dulce Barreiros.

Quase um mês após, em 12 setembro de1926, mesma cidade, mesmo Marmon, participou do Quilômetro Lançado, na Avenida Paulista, obtendo 2º lugar na classe até 6 litros esporte.

Em seguida, de prova de estrada, em caminhos precários, a São Paulo-Tatuí em comemoração do centenário desta última cidade. Venceu-a o mecânico e piloto ítalo-brasileiro Ernesto Gattai, concessionário da Alfa Romeo na cidade de São Paulo, com carro adaptado dessa marca. O grande adversário desse piloto, pai da consagrada escritora Zélia Gattai, era o corredor de motocicletas e automóveis Antonio Lage, em Bugatti do concessionário paulista da marca conde Luiz Eduardo Matarazzo.

Derrotado na prova Lage pediu revanche e obteve a realização de uma segunda corrida São Paulo-Tatuí, pouco depois. Lage venceu-a, ao passo que Gattai sofreu um acidente, no qual teve ferimentos graves. Seu amigo Nascimento Jr. abandonou a prova, quando em 2º lugar, por pane no motor de seu Bugatti adaptado. Nascimento Jr. era católico e prometeu mandar celebrar uma missa se Gattai, um anarquista sem religião, saísse vivo do hospital.

Segundo Zélia Gattai, em um de seus livros de memórias, Nascimento Jr. conseguiu que Gattai o acompanhasse à igreja, onde o primeiro rezou agradecendo a recuperação do segundo.

Em outubro, naquele movimentado 1926, Nascimento Jr. venceu a Prova Prefeitura Municipal de São Vicente, na Praia Grande, entre as cidades de Santos e São Vicente, voltando a usar o Marmon.

Em 19 de junho de 1927 competiu na prova paulistana Taça Jabaquara, no Circuito Jabaquara-Vila Guarani, de 350km, com Bugatti ”Grand Prix” de fábrica, abandonando por pane no motor, após percorrer 310 km. Menos de 60 dias após, em 14 de agosto de1927 realizou-se a II Taça Rei do Volante e Rainha do Volante, no Circuito do Vale do Pacaembu, cidade de São Paulo, sendo vencedores na parte masculina Nascimento Jr., com Bugatti, e na parte feminina a Sra. Dulce Barreiros. Ambos ficaram da posse definitiva da respectiva taça e do título.

No final da década de 1920, Nascimento Jr. era referido pela imprensa paulista como o “Rei do Volante”.

Em 11 de dezembro de1927 houve a prova paulistana Taça Luiz Eduardo Matarazzo, na Vila Heliópolis, na qual Nascimento obteve 2º lugar, com Bugatti. Terminando o ano de 1927, em 28 de dezembro houve a prova de habilidade na área externa da V Exposição Automobilística da Cidade de São Paulo, no Palácio das Indústrias, obtendo o 3º lugar, com Bugatti. Ainda como evento da mesma Exposição, na Prova de Marcha a Ré, em 2 de janeiro de 1928, venceu com Bugatti de corridas.

No período 5 a 9 de setembro de 1928 realizou-se grande prova de estrada Dr. Washington Luis, então presidente da República e que em sua carreira política cunhou o lema ‘Governar é construir estradas’.

A competição buscava conciliar grandezas diversas, como consumo e confiabilidade, disputada nas toscas vias ligando São Paulo-Rio de Janeiro-Petrópolis-Rio de Janeiro-São Paulo. Nascimento Jr. obteve lº lugar na categoria amadores e carros de mais de 25 HP, com um carro de turismo Graham-Paige 619, um dos poucos modelos americanos de 4 marchas à frente. Inscrevera-se na última hora e competiu sem prévia revisão em seu carro.

Por seis anos, de 1929 a 1935 parou de correr, para dedicar-se à metalúrgica de sua família, a Nascimento & Filhos Limitada, mas em 1936 voltou às pistas, já ganhando e com intensa atividade, usando um Ford V-8 1934 adaptado.

Em 30 de março 1936 os Automóveis Clubes de São Paulo e de Minas Gerais organizaram na cidade de Poços de Caldas – MG, o Grande Prêmio Termal Poços de Caldas. A ele compareceram vários pilotos do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, inclusive Nascimento Jr., e ases como Manuel de Teffé, Benedicto Lopes e Francisco Landi. Venceu Nascimento Jr., após duelo com Benedicto Lopes, cujo carro quebrou a poucas voltas do final. Landi e Teffé abandonaram por quebra.

Já na prova carioca de subida de montanha II Rampa do Ascurra, no ainda chique bairro carioca do Cosme Velho, em 19 de janeiro de 1936, Nascimento Jr. foi apenas o 6º colocado, na categoria corrida força-livre. Também não foi feliz em sua estreia no G.P. do Rio de Janeiro, Circuito da Gávea, em 7 de junho de1936: desistiu, por pane no motor, na 16ª volta, quando em 5º lugar.

Largada do GP do Rio de Janeiro, Circuito da Gávea, de 1936

Em sua terra natal, no G.P. de São Paulo, Circuito do Jardim América, em 12 de julho de 1936, a primeira corrida paulista internacional, Nascimento Jr. foi o 6º e último colocado dos 6 classificados nessa histórica prova, interrompida por invasão da pista, após o acidente com mortos e feridos, envolvendo a célebre corredora francesa “Hellé-Nice”.

O ano de 1937 foi novo patamar na carreira do piloto tendo importado um carro Grand Prix de fábrica e por ter competido no exterior, no caso na Argentina. Era um Alfa Romeo modelo B 2900, chegado ao Brasil ainda na cor vermelha e com a placa de licença italiana VA-10847.

P3

A Alfa Romeo produziu o Tipo B, também conhecido como “P3” ou ‘Monoposto”, no período 1932-1935, em 3 subtipos, conforme a cilindrada: o B 2600 de 2,6 litros, o B 2900 de 2,9 litros e o B 3200 de 3,2 litros, sendo o primeiro com 4 marchas à frente e os outros dois com 3 marchas à frente. O de Nascimento Jr. era de 1934, comprado à Scuderia Ferrari (nº SF 39), que corria de Alfa Romeo, e era um dos primeiros B 2900 fabricados, por apresentar o compressor visível por uma abertura em um dos lados do capô.

O recém chegado Alfa Romeo

No ano de 1937, ainda com o Ford-V8 adaptado, Nascimento Jr. foi correr em Porto Alegre, no I G.P. Folha da Tarde, Circuito do Cristal, em 14 de fevereiro de 1937, conquistando o 1º lugar, competindo, entre outros, com alguns ases, como os irmãos paulistas Francisco e Quirino Landi e o gaúcho Norberto Jung. Mesmo ano, em 6 de junho participou de sua segunda incursão no G.P. do Rio de Janeiro, na prova mais emocionante do Circuito da Gávea, devido ao duelo entre o austro-alemão Hans Stuck, com Auto-Union tipo C de 520 hp, e o italiano Carlo Pintacuda, em Alfa Romeo 8C 35 de 330 hp, o vencedor da prova. Nascimento Jr., ainda acostumando-se com seu B 2900 chegado pouco antes, obteve o 7º lugar.

Neste ano, em 12 de setembro, correu pela primeira vez no exterior, com o B 2900, na prova 500 Milhas Argentinas, na cidade de Rafaela, abandonando, quando em 4º lugar, reclamando das péssimas condições da pista de terra. Três semanas após, em 3 de outubro, ainda na Argentina, desta vez em piso pavimentado, no Circuito de San Isidro, na cidade do mesmo nome, obteve 2º lugar na bateria e 3º na prova final, com o B 2900.

Nesse ano de 1937 o jornal carioca O Globo instituiu concurso para o público escolher, por voto, o melhor corredor brasileiro de automóveis. Ao vencedor seria doado um carro Grand Prix moderno, importado pelo Automóvel Club do Brasil (ACB), com dinheiro fornecido pelo jornal. Venceu o piloto Manuel de Teffé, com Nascimento Jr. em segundo lugar, seguindo-se outros menos votados. Sempre gentil, Nascimento Jr. ofereceu um almoço aos participantes do concurso. Quando o carro chegou ao Brasil, Manuel de Teffé teve uma decepção: ao invés de um bólido moderno, tratava-se de um tipo mais antigo, um Alfa Romeo B 3200, sem revisão nem peças sobressalentes.

Teffé reclamou publicamente do carro e foi suspenso pelo ACB, e impedido de correr no G.P. do Rio de Janeiro, daquele 1937. Desgostoso, o diplomata/piloto vendeu o carro a seu amigo corredor Fernando de Moraes Sarmento, que morreu em acidente pilotando-o no II G.P. de Campinas, Circuito a Volta do Chapadão, em 19 de setembro, na qual Nascimento Jr. não participou.

Ano seguinte, 1938, participou de 3 provas com o B2900, com duas vitórias e uma boa colocação: em 29 demaio venceu o I Circuito da Gávea Nacional, exclusivo a pilotos residentes no Brasil, no qual liderou de ponta a ponta e obteve a volta mais rápida; no em 12 de junho obteve 4º lugar no G.P. do Rio de Janeiro, Circuito da Gávea; e em 9 de outubro venceu e marcou a volta mais rápida no G.P. Comércio e Indústria, no circuito paulistano do Pacaembu.

Em 1939 e 1940 Nascimento Jr. participou de apenas 2 provas. Por essa época, vendeu o B 2900 ao médico e corredor carioca Geraldo Affonso de Avelar, recebendo como parte do pagamento o mítico Ford V-8, antes pertencente a Irineu Corrêa, quando venceram o Circuito da Gávea em 1934.

Logo a seguir comprou do argentino Carlos Arzani um Alfa Romeo Grand Prix mais moderno, o 8C 35, de tipo também utilizado Carlo Pintacuda no Circuito da Gávea de 1937 e por Arzani no mesmo circuito em 1938, quando foi o segundo colocado.

Vitória na inauguração do Autódromo de Interlagos, em São Paulo

No II Circuito da Gávea Nacional, em 29 de outubro de 1939, Nascimento Jr. liderando a prova, abandonou por quebra do diferencial do 8C 35. Meses após, na histórica corrida inaugural do autódromo de Interlagos, de 12 de maio 1940, o G.P. Automobilístico da Cidade de São Paulo, venceu, liderando de ponta a ponta e obtendo a melhor volta, com o 8C 35.

Comemorando a inauguração de Interlagos, Nascimento Jr. ofereceu um almoço, em apreciado restaurante paulistano, a jornalistas esportivos e locutores esportivos de rádio. Ele, por sua vez, devido a sua expressiva vitória em Interlagos, foi homenageado com um concorrido almoço, pelo Club de Regatas Tietê, no restaurante da agremiação.

Depois da vitória em Interlagos, Nascimento Jr. resolveu parar de correr e vendeu o 8C 35 ao piloto fluminense Oldemar da Silva Ramos.

Parar de correr não significou esquecer as corridas ou perder o interesse. No II Circuito da Gávea Nacional, em 1940, Nascimento Jr. ofereceu prêmios adicionais ao vencedor geral e ao 1º colocado pilotando carros adaptados, bem como compareceu à prova, na qual, a pedido do ACB, deu a bandeirada de largada. Venceu-a o carioca Rubem Abrunhosa, o popular “Von Bimba”, piloto civil de avião e corredor de automóveis, com Studebaker adaptado abiscoitou os prêmios de 1º colocado geral e 1º colocado de carros adaptados.

De fora

O afastamento das corridas deu-se apenas como participante, pois nessa época, juntou frota de carros de corrida, cedendo-os a pilotos de sua confiança, mediante condições: 2 Fords V-8 1934 adaptados – o utilizado para correr em 1936 e 1937, e o ex-Irineu Corrêa recebido de Geraldo Avelar como parte do pagamento do Alfa Romeo B2900; 2 Alfa Romeos 8C 2300 Monzas, um comprado em 1939 ao empresário carioca Jacintho Abitam, antes pertencente a Manuel de Teffé e ao corredor português residente no Brasil Luís Canedo. O outro Monza, Nascimento Jr. recebera de Oldemar Ramos como parte do pagamento do Alfa Romeo 8C 35.

Em 1939 Nascimento Jr. emprestou o Monza, ex-Teffé, a este último, para treinar para a corrida inaugural de Interlagos, cancelada devido a um temporal.

Dois anos após o paulista veio ao Rio de Janeiro, para assistir à corrida do Circuito da Gávea, e enviou a essa metrópole o Monza, ex-Oldemar Ramos, ex-Benedicto Lopes e ex-“Hellé-Nice”, para uso de Rubem Abrunhosa. Este testou o carro na referida pista, mas não gostou de seu desempenho, e voltou a usar o Studebaker adaptado de sua vitória de 1940.

Gasogênio

De 1942 a 1945 por interferência da II Guerra Mundial, determinando racionamento de gasolina, cessaram as corridas de carros Grand Prix e adaptados no Brasil. Além disso carros particulares a gasolina foram proibidos de circular, devido ao racionamento de derivados de petróleo. Carros particulares só poderiam fazê-lo se convertidos para uso do álcool ou de gás pobre produzido por conversores a lenha ou carvão, chamados gasogênios.

A firma Nascimento & Filhos Ltda. produziu, nessa época, gasogênios para uso automobilístico com a marca Nascimento Jr.

Em 1943 foram organizados pelo Dr. Geraldo Avelar e outros, campeonatos anuais de corridas de carros de turismo equipados com gasogênio. Nesse ano Nascimento Jr. resolveu voltar a correr, usando um carro de turismo Chevrolet, com gasogênio de sua marca.

Na prova do circuito carioca da Quinta da Boa Vista, em 2 baterias e uma final, Nascimento Jr. obteve 2º lugar na bateria e 2º na final. Em 18 de julho de 1943 na V Subida da Estrada Rio-Petrópolis, mesma colocação. Mês seguinte, na prova de estrada Niterói-Campos, denominada I Prêmio Interventor Amaral Peixoto, Nascimento Jr. tirou 3º lugar. Em 14 de outubro, no autódromo de Interlagos, na competição I Prêmio Interventor Fernando Costa, Nascimento Jr. chegou em 7º lugar.

Em 12 de dezembro, na prova carioca II Circuito da Amendoeira, Nascimento Jr. foi o vencedor, encerrando sua carreira de piloto.

Começou com vitórias em seu primeiro ano de atividades e terminou com vitória.

O campeonato de carros de turismo a gasogênio de 1943 foi vencido pelo piloto português Vasco Sameiro, com Buick equipado com gasogênio da marca Nascimento Jr., seguido em 2º lugar por Nascimento Jr. Sameiro viera ao Brasil para competir em 1937 no Circuito da Gávea (4º colocado) e em 1940 na corrida inaugural de Interlagos (abandonou por quebra), usando um Alfa Romeo 8C 2600 Monza, vendido em 1940 ao jovem corredor mineiro Rodrigo Valentim de Miranda.

Sameiro morou no Brasil, no Rio de Janeiro, de 1940 a 1945, depois voltou a Portugal, vindo ao Brasil, periodicamente para corridas de carro e negócios.

Paralelamente ao campeonato de pilotos, havia também um certame de marcas de gasogênio, vencido em 1943 pela marca Nascimento Jr., com 78 pontos, contra 13 da 2ª colocada, devido ao desempenho de Sameiro, Nascimento Jr. e outros pilotos.

Bandeira final

Em julho de 1945, com a Segunda Guerra Mundial terminada na Europa, mas ainda em curso na Ásia contra o Japão, falecia Nascimento Jr., aos 43 anos de idade, devido à pertinaz enfermidade que o prendera ao leito por vários meses. Sua morte prematura causou consternação nos meios esportivos, onde era considerado piloto de escola e perfeito cavalheiro. Na ocasião, o ACB enviou um telegrama de pêsames à família do finado e hasteou o pavilhão da entidade em funeral, em sua sede na cidade do Rio de Janeiro.

A carreira de piloto de Nascimento Jr. durou um total de 9 anos, com interrupções, e está gravada nos anais do automobilismo esportivo brasileiro, por expressivo cartel de vitórias, inclusive em provas históricas, como o I Circuito da Gávea Nacional, em 1938, e a corrida inaugural do autódromo de Interlagos, em 1940, nas quais liderou de ponta a ponta e ainda obteve a melhor volta.

O piloto argentino Carlos Arzani

O piloto foi enterrado, com grande acompanhamento, no Cemitério da Consolação, na cidade de São Paulo, que lhe prestou uma homenagem póstuma dando o nome Nascimento Jr. a uma de suas ruas. Coerentemente ao lado de cenário de grande velocidade: o retão do Autódromo de Interlagos.

Paralelo

Há curioso paralelo entre sua carreira de piloto e a de seu equivalente argentino, Carlos Arzani (1909-1952): ambos eram ricos e competentes “gentleman drivers”, com um número apreciável de vitórias; ambos competiram no Brasil e na Argentina; ambos foram chamados em seus países de reis de coisas relacionadas à condução de carros de corridas, um era o “Rei do Volante”, outro era o “Rey de la Velocidad”; ambos foram donos, em sucessão, do único Alfa Romeo 8C 35, importado e ficou competindo na América Latina, carro no qual ambos obtiveram vitórias em provas importantes; ambos faleceram prematuramente, por problemas de saúde, um aos 43 anos completos, o outro com 43 anos incompletos.

[box type=”shadow” ]Quem é O AUTOR

O engenheiro aeronáutico (ITA) carioca *Antônio Carlos Buarque de Lima, ao lado de uma exitosa vida profissional cultivou um hábito de infância: automobilismo de competição. Viu uma parte das provas, conheceu pilotos, e por vivência e argúcia entendia os cenários, os quês e os porquês. Reuniu tão infindável quanto precioso arquivo de informações sobre as românticas corridas que tornaram o país conhecido no exterior. Sugeri, e ele acedeu em produzir este texto sobre o piloto paulistano Nascimento Jr. Gostei muito e creio o mesmo acontecerá aos leitores. Espero seja o primeiro. Agradeço ao historiador Paulo Scali ter-me apresentado ao Dr Buarque.”

Roberto Nasser

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