Conteúdo Roda de Amigos

HENRIQUE THIELMANN — “Não somos infalíveis, porém buscamos acertar sempre!”

HENRIQUE THIELMANN — “Não somos infalíveis, porém buscamos acertar sempre!”

Desde 2007, o mineiro Henrique Nehrer Thielmann preside a Federação Brasileira de Veículos Antigos — FBVA. Órgão máximo do antigomobilismo no Brasil, a entidade com sede de Juiz de Fora-MG abriga hoje 100 clubes filiados, que mantêm um total de 4.200 sócios e 21 mil automóveis antigos. Nesta entrevista coletiva on-line, Thielmann fala sobre encontros, rallys de regularidade, legislação, inspeção veicular, importação, patrocínios e outros assuntos de interesse dos antigomobilistas. E para entrevista-lo, o Portal Maxicar convidou 12 expoentes do antigomobilismo nacional.


Nilson Carratu – Colecionador – Vinhedo, SP

Amigo Henrique, durante muitos anos lutei para a criação de um Museu do Automóvel Antigo. Eu lhe pergunto: a FBVA com sua força nos ajudaria nessa realização? você ja pensou quanta história iria renascer através dessa exposição? Quantos antigomobilistas poderiam realizar um sonho de ter uma parte dessa história expondo seu veículo? Se nossa força lhe diz alguma coisa, estamos com você. Um grande abraço.

HENRIQUE THIELMANN – Meu amigo Nilson:
Com certeza o que for preciso para viabilizar a criação de Museus, a FBVA estará sempre junta.
A experiência atual, acontecida em Belo Horizonte, nos mostra que a viabilização envolve o poder público, muitas vezes na concessão do espaço, mesmo que precise ser todo adequado; da iniciativa privada de forte poder de captação de recursos, tanto para a construção/adequação, quanto manutenção; e o envolvimento do colecionador que fará dali o seu ponto de concentração na manutenção da história.

Olavo Vasconcelos – Editor do Programa Auto+ – Rede Bandeirantes – São Paulo, SP

Senhor Henrique Thielmann, por que nós dificilmente conseguimos sensibilizar os poderes públicos para a questão da preservação dos museus do antigomobilismo e para a colaboração para a abertura de outros, como, por exemplo, cedendo terrenos para isso?

O Museu do Automobilismo Brasileiro, de Passo Fundo-RS, é um exemplo de entidade mantida pela iniciativa privada

HENRIQUE THIELMANN – Olavo:
Conforme citei acima, só com o poder público não conseguiremos atingir o nosso objetivo, pois a visão deste poder é muito mais política, o que muitas vezes inviabiliza este apoio tão necessário. Existem alguns exemplos no Brasil, de colecionadores que por amor ao automóvel e por disporem de recursos financeiros, fazerem o seu próprio museu, o que é uma atitude extremamente louvável, mas que não serve como regra.

gomide_mini[1]André Gomide – Jornalista especializado, diretor da HP Press Comunicação. Idealizador e promotor dos Prêmios Antigomobilista do Ano e Clube de Carros Antigos do Ano – Santo André, SP

O Brasil possui um extenso acervo de veículos antigos, porém não existe um trabalho de cadastro nacional desses automóveis. A FBVA planeja fazer algo a esse respeito?
Aproveitando a oportunidade, pela importância mundial, o Brasil está pronto para sediar um grande evento internacional de veículos antigos. A FBVA trabalha nesse sentido?

HENRIQUE THIELMANN – Prezado Gomide:
O cadastro que temos refere-se aos que solicitaram à FBVA a liberação do certificado de originalidade. Fora deste horizonte, torna-se impossível qualquer tipo de levantamento, pelo menos nas condições atuais.
Quanto ao evento internacional, depende do que se considere o mesmo como internacional, pois evento como o Encontro Nacional de Araxá, com certeza tem a qualificação de qualquer evento de padrão internacional. Por outro lado a FBVA não realiza eventos, mas apóia aqueles organizados pelos clubes federados.

Edenise Carratu – Presidente da Sociedade Feminina de Autos Antigos – Vinhedo, SP

Henrique, durante sua gestão tivemos algumas mudanças. Me diga: quais os obstáculos que encontrou em seu caminho, se é que teve algum, claro… Os jovens vem se aproximando e os veteranos estão se afastando, por força da propria natureza. A solução seria dar mais força para o carro nacional? Parabéns pelo seu trabalho!

HENRIQUE THIELMANN – Querida Edenise:
Obrigado pelo seu sempre carinho. As aproximações e afastamentos são normais com o passar da idade. Os automóveis nacionais já conquistaram o seu espaço entre nós, e isto para a FBVA é motivo de orgulho, pois temos sempre lutado pela pluralidade de gostos e prazeres.
A chegada do jovem, não implica que o desejo se feche no carro nacional, pois existem muitos que curtem o importado, mas o que diferencia é o ano de fabricação, o que é perfeitamente compreensível. A maior dificuldade na gestão da FBVA, são as conseqüências da falta de controle por parte dos órgãos responsáveis, pelos abusos na concessão do certificado de Originalidade, ou seja, a tão conhecida Placa Preta.
É preciso que fique claro que a FBVA, não tem poder de polícia, e quando constatamos algum erro ou abuso por parte de algum clube ou sócio, buscamos a correção do erro.
Não somos infalíveis, porém buscamos acertar sempre!

Eurico Estima – Engenheiro, diretor do Classic Car Club – Porto Alegre, RS

III Campeonato Brasileiro de Regularidade para Veículos Históricos

Prezado Thielmann: sem nenhuma dúvida, tua gestão como Presidente da FBVA ficará marcada pelo incentivo a fazer com que o carro antigo não participe somente de exposições estáticas. Ele deve sair de sua garagem e ir para as estradas! – O Campeonato Brasileiro de Regularidade é uma realidade, levando para todo o Brasil uma modelagem esportiva que era praticada por poucos clubes, entretanto muito ainda deve ser feito nesse sentido.
Que tal incentivar os antigos pilotos de competição a participar de nossos rallies? – Isso é muito comum na Europa, “qualificando” as provas com seus nomes e experiências que ainda seriam compartilhadas com todos os competidores.

HENRIQUE THIELMANN – Lembro-me da conversa que tive com vocês do Classic Car Club RS, com a participação do Oscar Leke, onde discutimos esta necessidade de abrirmos o horizonte para a utilização dos carros antigos, o que fico feliz passados 3 anos, que estamos amadurecendo e com certeza temos que a cada dia buscar modelagens que nos equiparem ao que acontece em outras partes do nosso planeta terra.
Julgo a sua idéia muito importante e interessante, pois no fundo se buscamos a preservação da história, temos que trazer para junto de nós os antigos pilotos de competição.
Conto com a sua ajuda, para modelarmos um projeto com esta linha de raciocínio.

Elisa Asinelli do Nascimento – Empresária, colecionadora, Diretora Regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos – Curitiba, PR

Sr. Presidente Henrique Thielmann, qual a posição da FBVA com relação aos carros nitidamente fora dos padrões originais que competem nos rallies de automóveis antigos? Qual o critério de avaliação adotado pela FBVA, para aceitar a participação desses automóveis, se pelo regulamento da competição, os carros dos competidores têm que ter nível de originalidade compatível ao exigido quando da concessão de Certificado de Originalidade?

HENRIQUE THIELMANN – Querida Elisa:
Temos um regulamento geral que vale para todas as etapas, como é do seu conhecimento, sendo que ao mesmo é incorporado o regulamento preparado pelo clube que está organizando a etapa, porém os critérios de originalidade, tem que ser mantidos.
Os que não se enquadrem acabam sendo desclassificados para fins de premiação. A cada ano, procuramos melhorar e melhor ajustar o regulamento, e, como só erra quem faz, acreditamos que no próximo ano, já teremos algumas novidades melhores, como com certeza este ano de 2011 está sendo melhor do que 2010.

Clayton Pinteiro – Presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo

Por favor, fale um pouco sobre como está sendo o relacionamento entre a FBVA e Confederação Brasileira de Automobilismo.

HENRIQUE THIELMANN – Amigo Clayton:
Tem sido para mim uma honra e prazer estar convivendo com a CBA, nos últimos 3 anos, pois através do nosso amigo Miguel Meira ainda durante a sua campanha, pudemos começar a falar da necessidade do entrosamento entre as entidades. Este fato vem acontecendo, com crescimento a cada ano, pois no 1º ano você foi de observador em uma nossa prova de Rally, momento que tínhamos uma grande preocupação com a utilização da palavra, Rally.
Lembro-me de você em Águas de Lindóia, confirmando que no ano de 2010, o nosso campeonato teria a chancela da CBA, o que ocorreu, culminando com a premiação para os 3 primeiros colocados na Geral, em Brasília, com o Troféu Deusa da Velocidade.
Começamos a liberar as carteiras de Piloto / Navegador estreante Rally, a custo zero, bem como do custo zero para o campeonato.
Neste ano de 2011, o nosso Campeonato é reconhecido pela CBA, fazendo parte do calendário da mesma, o que nos trouxe uma responsabilidade ainda maior.
Esperamos não desapontar, e em 2012, faremos um campeonato maior e melhor, quem sabe com a prova do CODASUR. As equipes técnicas trabalham para que os regulamentos possam ter o máximo de critérios iguais, permitindo o crescimento no Brasil, da prática do Rally de Regularidade para Autos Históricos.

Fernando Gameleira – Diretor de Patrimônio do Veteran Car Clube do Brasil – RJ – Rio de Janeiro, RJ

Tenho acompanhado o seu trabalho frente à FBVA, o seu empenho, a sua forma ousada e moderna de gerir esta entidade. Já estive à frente da presidência do primeiro clube de automóveis antigos do Brasil, o Veteran-RJ, e sei exatamente as dificuldades que enfrentamos ao assumir essa missão.
Qual o maior desafio que você enxerga para os próximos anos para a FBVA e quais os maiores problemas enfrentados atualmente? Aproveito para deixar o meu abraço e felicitá-lo por este trabalho incansável.

Thielmann defende a realização de encontros regionais, como forma de incentivar os patrocinadores

HENRIQUE THIELMANN – O maior desafio atual e futuro é buscarmos, sempre, pela mudança nos critérios que nortearam as decisões que tomamos, como por exemplo, a ampliação na realização de eventos estáticos, onde na sua maioria, os carros são os mesmos com diminuição a cada dia do número de colecionadores presentes.
Há mais de 3 anos, tenho lutado para aumentar a realização de eventos regionais, com a unificação dos clubes, que aceitem a eliminação dos eventos individuais, nos padrões atuais.
Os eventos precisam continuar a existir, mas em um porte menor e local, utilizando a regionalização para podermos dar mais visibilidade para o segmento, o que gerará em consequência a possibilidade de voltarmos a ter grandes patrocinadores interessados em aportar recursos em eventos. Com o modelo atual, na minha opinião, não teremos patrocinadores.

Paul William Gregson – Diretor do Clube do Ford V8 e colunista do Portal Maxicar – São Paulo, SP

Caríssimo Henrique Thielmann, muito bom ter sua participação no MAXICAR, nos trazendo mais informação e conhecimento.
A pergunta que lhe encaminho é no sentido das restrições que de tempos em tempos aparecem em nossa volta. Já tentaram muitas coisas, mas agora a ameaça é para o futuro, pois restringe muito o uso dos antigos.
A inspeção veicular, tão necessária e adequada para gerar uma sobrevida melhor às pessoas, tem sido um problema para os carros antigos em geral. Penso que estes são pontos importantes neste assunto:
* níveis de controle extremamente rígidos somados à incapacidade de pensar daqueles que “apertam os botões” dos equipamentos, causando pequenos danos no ato da inspeção;
* impossibilidade total de argumentar com a (única) empresa concessionária;
* veículos na “adolescência” – entre 25 e 30 anos – se tentam passar na inspeção, há grande chance de serem reprovados e, se não atenderem ao chamado, terão o licenciamento bloqueado, gerando custos elevados e multas, com risco de apreensão e podendo até chegar ao ponto de inscrição em dívida pública;
* veículos guardados para uma restauração futura;
* placas pretas irregulares – a proliferação de PPs sem o devido cuidado, visando apenas a aprovação na inspeção.
Como a FBVA pode agir no processo de criação (ou alteração) de leis como esta, que interferem e prejudicam diretamente o Antigomobilismo e nossas atitudes em preservar a história? No mesmo pensamento, não estaria na hora de veículo antigo receber legislação de proteção de patrimônio histórico?
Receba um grande e fraterno abraço.

HENRIQUE THIELMANN – Amigo Gregson, vamos por partes:
01- Quanto à inspeção veicular, que nós sabíamos há mais de 15 anos, que um dia iria chegar, está sem dúvida trazendo transtornos imensos, pois quem legisla sobre os índices de poluição, são as Secretarias Estaduais do Meio Ambiente, onde cada uma tem um critério.
Nos contatos mantidos nos últimos 3 anos, com o DENATRAN, recebemos sempre a informação de que: placa preta está isento, placa cinza tem que seguir os níveis de poluição que os veículos tinham na época de sua fabricação. Este é o ponto que não é, na maioria das vezes, seguido.
O que estamos lutando, junto ao CONTRAN, é para um maior rigor na concessão das placas pretas, com mudança na legislação, o que no nosso entendimento reduzirá ou eliminará as “falsas placas pretas“.
Quanto aos veículos em restauração, como a própria situação (em restauração) , não há o que se fazer até que ele fique pronto.
Caso tenhamos sucesso nas gestões, que desde 2009, estamos fazendo junto aos órgãos competentes, certamente dias melhores virão.

Portuga Tavares – Editor de textos do programa Auto Esporte, colaborador de revistas especializadas – São Paulo, SP

Na cidade de São Paulo foi instituída a “inspeção ambiental”, sem ela um automóvel não pode circular. Alguns carros não passam no teste da emissão de poluentes, então muitos antigomobilistas optam pela emissão do certificado de originalidade, pois carros com “placas pretas” estão isentos. Infelizmente muitos carros nacionais, principalmente os “fora-de-série” ainda são desconhecidos e por isso alguns recebem a certificação sem merecimento. Como minimizar a possibilidade de erro? Há alguns meses fui consultado pela Federação, conversei com a família do fabricante, descobrimos itens excludentes (segundo regras da Federação) e mesmo assim o certificado foi emitido via FBVA. Qual a atitude que eu deveria ter tomado para que apuração dos erros fosse levada em consideração?

HENRIQUE THIELMANN – Caro Portuga:
Você que sempre nos auxilia, via Tiago Songa, na elucidação de alguns mistérios que nos são apresentados, faz parte de um grupo de conhecedores e apaixonados por veículos antigos, que também são consultados.
Sempre tomamos a decisão levando em consideração, a maioria das opiniões, e, no caso específico que você cita (Avalone), a decisão foi muito difícil para nós, mas foi tomada dentro do critério citado acima.
Continuaremos a contar com os seus conhecimentos, o que agradecemos em prol de toda a comunidade que acredita na preservação da história.

Eduardo Rodrigues – Jornalista, historiador da indústria automobilística brasileira e colaborador da revista Classic Show – Santos – SP

Prezado Henrique: como você observa o crescimento dos automóveis de produção brasileira no antigomobilismo (uma tendência cada vez mais abundante, se levarmos em consideração o crescimento e a evolução de nossa indústria automobilística). Qual a sua visão de futuro com relação aos carros nacionais das décadas de 1980 e 90?

Aos poucos, os nacionais dos anos 1980 e 90 vêm sendo “descobertos”.

HENRIQUE THIELMANN – Conforme citado por mim acima, na pergunta de Edenise, o veículo antigo nacional é uma realidade, pena que a sua restauração é muito difícil, pela falta constante de peças e partes necessárias. Outro fato preocupante, são os valores que muitas vezes escutamos falar para os mesmos, o que afasta a possibilidade de uma nova geração se aproximar, e manter um veículo antigo.
Quanto ao futuro, o que é muito difícil de se prever, tenho muitas dúvidas se carros nacionais da década de 80/90 serão encarados como raros para coleção, como fruto da globalização. Mas isto só o próprio futuro poderá dizer.

Romeu Nardini – Diretor do MP Lafer Clube de SP e colunista do Portal Maxicar – São Paulo, SP

Primeiramente é um prazer muito grande mais uma vez participar de uma entrevista com o nosso Presidente da FBVA. O assunto é delicado, polemico e envolve Importação/Exportação de veículos antigos. Não existem ainda regras que regulem esse intercambio, mas o que se vê na pratica é a saída do país, de carros com muito mais valor histórico e cultural, tanto nacionais como estrangeiros, nem sempre devidamente valorizados. Em contrapartida são importados carros que embora sejam também valiosos, do ponto de vista comercial, não têm a mesma importância histórica, causando na minha opinião, uma preocupante discrepância. A FBVA tem uma posição sobre esse assunto e o Senhor particularmente, teria alguma sugestão a respeito?

HENRIQUE THIELMANN – A decisão do que exportar e importar é do foro intimo de cada um, pois sabemos que num passado recente, muitas Simcas foram enviadas para a França, em função do valor ofertado pelos importadores.
Quanto às importações atuais, embora esteja entrando muito carro de valor histórico relativo, também temos o acervo brasileiro com um patamar de carros raros, que não existiriam caso não existisse a atual legislação.
Esta contradição de gostos, sempre teremos, mas tenha certeza de que o Brasil hoje, dispõe de belos e raros veículos, na maioria das vezes “escondidos“ por decisão dos proprietários. O que também é uma decisão dele.

Og Pozzoli – Colecionador, ex-presidente da FBVA – São Paulo, SP

Amigo Henrique,
Vários colecionadores acham que as licenças de Importação para Veículos antigos, somente deveriam ser consideradas para carros com mais de 50 anos de Fabricação e não apenas os 30 anos atuais. Qual o seu ponto de vista e opinião?

Atualmente a legislação autoriza a importação de automóveis com pelo menos 30 anos

HENRIQUE THIELMANN – Meu Gurú Og: não devemos nos esquecer de que para o jovem que hoje tem 20 anos, um carro fabricado com 30 anos já é antigo, o que aliado ao fato de a FIVA que é a nossa entidade internacional maior, definir que a maioridade está nos 30 anos, prefiro continuar com este prazo, pois temos que fazer todos os esforços para trazermos esta geração que está chegando.

Ricardo Oppi – Restaurador de autos antigos – São Paulo, SP

Inicialmente, gostaria de dizer que me sinto honrado em poder participar dessa Roda de Amigos e poder conversar com você Thielmann, o presidente de uma federação que tem por finalidade maior, a preservação dos veículos antigos do nosso país.
Baseado nisso, gostaria de saber de você, se existe algum projeto da FBVA para legalizar a importação de peças, sem similar nacional, a fim de facilitar o processo de restauração de nossos veículos antigos.

HENRIQUE THIELMANN – Ricardo, a honra é nossa de poder trocar as informações que dispomos sobre o nosso mundo automobilístico.
No ano passado, estávamos na reta final de se conseguir um belo resultado junto ao Governo Federal, para a liberação de importação de peças usadas para a restauração de carros, com a documentação e projeto, em fase de assinatura do Ministro da Área.
Porém, por razões que a própria razão desconhece, a regulamentação não foi assinada e tivemos a troca de governo.
Estamos aguardando as posições se firmarem, para voltarmos a negociar este projeto.
Quanto à importação de peças novas, não há restrição, desde que cumprida as exigências legais.

Tiago Songa – Diretor Regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos. Jornalista especializado. Ribeirão Preto, SP

Sabemos que um dos principais desafios do antigomibilismo brasileiro é a falta de incentivo cultural. Na realidade teórica eles até existem, mas na prática o caminho parece ser cada vez mais burocrático e desinteressante. Os Governos, de certa forma, fizeram sua lição de casa ao instituir a Lei da Placa Preta, “Dias do Antigomobilismo”, etc.
Os clubes de carros antigos do país lutam anualmente na conquista de patrocínios e demais parcerias comerciais para manter acesa a esperança de apresentar a um público geral “como foi interessante nosso passado”. Tendo isto posto, eu pergunto:
Colocando de lado a condição de Presidente da FBVA, minha pergunta vai para o Henrique, empresário, que também buscou caminhos para este incentivo à cultura criando a “Melpoejo Cultural” que hoje, além de alguns eventos de antigomobilismo, patrocina equipes universitárias em competições esportivas. Enfim, mate minha curiosidade e também a de vários outros empresários que também são colecionadores: partindo do princípio de que “patrocínio é um negócio e não é um favor”, vale a pena patrocinar? Como é medido esse resultado? De que forma outros colecionadores que também são empresários podem envolver seus negócios com o antigomobilismo?
Beijo nas crianças.

HENRIQUE THIELMANN – Tiago, quem lhe responde não é Presidente da FBVA, pois você me consultou na condição de empresário.
Vamos lá: cada empresa tem a sua gestão de negócios definida dentro do horizonte que melhor possa lhe permitir um posicionamento adequado, nos meios da concorrência. No nosso caso, fabricamos medicamentos há 80 anos, para crianças, e entendemos a carência social e econômica que nos cerca, sem qualquer constrangimento por parte da maioria da população.
A decisão de criarmos a Melpoejo Cultural, foi com a idéia de podermos centralizar e dar um maior poder de gestão às solicitações que nos eram apresentadas, sabendo que por sermos uma empresa que trabalha com base em Lucro Presumido, nada ou quase nada de incentivos fiscais poderiam ser por nós utilizado.
Todos os nossos projetos são feitos com capital próprio, com exceção do projeto que apoiamos ao compositor e músico Dudu Lima, que tem a contrapartida do ICMS, de Minas Gerais. Projetos não caem do céu, o que é imprescindível é pela contratação de profissionais, para trabalharem as necessidades do segmento e analisar que tipo de projeto, podemos viabilizar para o nosso meio antigomobilista. Aí você tem a outra ponta, pois dificilmente no nosso segmento, vemos clubes dispostos a trabalhar na elaboração das informações necessárias para a busca dos incentivos.
Esperam que a aprovação e liberação aconteçam na semana seguinte, o que é impossível.
Os projetos levam anos para amadurecer e se tornarem realidades.
De todos os projetos que participamos, o que mais nos traz realizações pessoais é o que fazemos em uma comunidade carente, mas de forte expressão turística, que é Conceição do Ibitipoca, onde há 3 anos mantemos um programa de saúde da família. Eles podem ser vistos através do nosso site www.melpoejo.com.br
Projetos Sociais não foram feitos para se aumentar o faturamento, mas para provar que se tratarmos as dificuldades com seriedade, poderemos fazer uma país melhor. Esta é a nossa decisão, ou seja, dentro do nosso micro-mundo, fazemos o que podemos para a melhoria da qualidade de vida.
Abraços e obrigado por ter me dado a oportunidade de falar um pouco do outro Henrique Thielmann.

Organização, texto introdutório e edição: Fernando Barenco

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