Conteúdo Roda de Amigos

BORIS FELDMAN — Sr. Multimidia

BORIS FELDMAN—  Sr. Multimidia

Nos perdoem pelo clichê, mas Boris Feldman realmente dispensa maiores apresentações. É editor do caderno de automóveis Vrum do jornal O Estado de Minas. Pelo rádio você pode ouvi-lo diariamente no quadro Auto Papo em inúmeras emissoras FM espalhadas pelo Brasil, onde fala tudo sobre o mundo dos automóveis, com curiosidades e dicas de manutenção. Nas manhãs de domingo, Boris está no programa Vrum, a partir das 8 e meia pelo SBT. Na internet, você o encontra no Blog do Boris. Engenheiro, jornalista especializado desde 1966, é rotineiramente convidado a participar de eventos e lançamentos automotivos no mundo inteiro.

É colecionador e ex-presidente do Veteran Car Club do Brasil – Belo Horizonte. Como piloto, Boris teve o privilégio de participar em 1999, a convite da Audi, da famosa corrida de Laguna Seca (Califórnia) com seu GT Malzoni de competição, acompanhado de outros dois brasileiros: Paulo Lomba e Eduardo Pessoa de Mello — que participa desta entrevista.
A paixão de Boris pelos clássicos começou nos tempos em que trabalhava na Metal Leve, conforme ele nos conta a seguir nessa Roda de Amigos.


Paulo Afonso Trevisan – Curador do Museu do Automobilismo Brasileiro – Passo Fundo, RS

Boris,você que acompanha desde os primórdios a evolução do antigomobilismo no país, como vê esse avanço,a formação de grandes coleções e a graduação dessa simbiose paixão/hobby e investimento das pessoas envolvidas? E dentro de uma perspectiva digamos de 10 anos à frente, que cenário e dimensão podemos imaginar?

BORIS – O movimento cresce em todo o mundo e não será diferente no Brasil. A simbiose hobby/investimento é inegável e a tendência é de um número cada vez maior de colecionadores e prestadores de serviços no setor. Afinal, o apaixonado pelo antigomobilismo acaba optando pelo carro antigo até porque, como investimento, ações da Petrobrás não levam ninguém para passear no fim de semana…

FNM Jk 2150
R$ 150.000,00

Ford Jeep CJ-5
R$ 48.000,00

VW Fusca 1300 1968
R$ 33.000,00

BMW 2002 Tii 1972
R$ 220.000,00

VW Fusca 1300L 1977
R$ 35.000,00

Fiat Coupê 1995
R$ 60.000,00

R$ 25.000,00

FNM 2000 JK 1963
R$ 190.000,00

DKW Belcar Rio 1965
R$ 80.000,00

VW Saveiro Summer 1996
R$ 80.000,00

Tiago Songa – Diretor Regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos. Jornalista especializado. Ribeirão Preto, SP

Assim como poucos antigomobilistas do Brasil, você participou da famosa corrida London to Brighton, que é uma competição/passeio para carros fabricados até 1904. Baseado na sua experiência em eventos e na sensação que teve ao dirigir um veículo com mais de 100 anos, nos responda:
É um evento que traz algum entusiasmo?
Vale a pena, para os demais, economizar para fazer uma viagem até a Inglaterra para “tentar” participar com algum carro emprestado?
Ou valeria mais a pena tentar algo semelhante no Brasil?

BORIS – “Tudo vale a pena quando a mente não é pequena”…
Claro que vale a pena tentar participar desse raid pois é uma experiência única, emocionante e inesquecível. Nasser e eu rodamos quase 100 km em estradinhas secundárias da Inglaterra apinhadas de gente nos acostamentos acenando, aplaudindo e também se emocionando com a passagem dos carros, algo indescritível. E, para quem quiser passar por essa emoção, existem veículos habilitados ao raid (fabricados antes de 1904) que podem ser alugados. Nossa história pode não ser tão rica como a inglesa, mas, adaptando às nossas condições e acervo, por quê não realizar evento semelhante?

London to Brighton: mais antiga corrida do mundo, onde participam somente automóveis fabricados até 1904

Marcus Vinicius Meduri – Presidente do Veteran Car Club do Brasil – São Paulo, SP

Boris, hoje temos um sem número de clubes de antigomobilismo e um número ainda maior de eventos espalhados pelo pais. Se por um lado isto demonstra o crescimento do movimento, por outro lado temos uma completa perda de referência na qualidade. No seu entendimento, seria necessária uma volta às origens primando pelo clássico, criando restrições, ou ainda há um outro caminho para nortearmos o movimento?

BORIS – No meu entendimento, a seleção é natural. Sempre existirão colecionadores que se destacarão pela qualidade e outros que se satisfazem com o “mais ou menos”. É assim no carro antigo, como é assim em outras atividades sociais e econômicas. Mas, sempre prevalece, no nosso caso, o respeito à história.

Ricardo Oppi – Restaurador de autos antigos – São Paulo, SP

Primeiramente é uma honra poder participar desse bate papo com um jornalista de tamanha importância no cenário automobilístico mundial. Boris, mais do que uma pergunta, uma grande curiosidade minha e acredito que de muita gente que acompanha seu trabalho.

Fiat Mefistofele

Descreva a sua emoção no exato momento em que esta a bordo de um Fiat Mefistofele, um Alfa Romeo 8C Competizione ou um Mercedes 300 SLR em teste para o programa de TV.
Tecnicamente, são fantásticos, ou precisam de uma dose extra de coragem para tocá-los?

BORIS – Confesso que alguns deles até me arrepiam. É indescritível a emoção de estar ao volante do Mercedes Asa de Gaivota que foi pilotado pelo Caracciola ou colocar a bunda no mesmo banco que já recebeu o Stirling Moss. Ao mesmo tempo, é interessante a percepção que se tem de perceber o “braço” que tinha essa turma do passado, a coragem e o talento de passar dos 200 por hora com umas baratas que não tinham nem freio, nem suspensão…

Eduardo Pessoa de Mello – Presidente do Auto Union DKW Club do Brasil – São Paulo, SP

Como você vê estas descobertas, ao cair da noite, principalmente dos DKWs Malzoni de corrida e também dos Karmann Ghias Dacon de competição?

BORIS – Historicamente importantes. E, se geram controvérsias, estimulam ainda mais o colecionador a buscar mais e mais o rigor da história, da perfeição no restauro, no cuidado com os detalhes e o respeito ao passado.

Recentemente este Malzoni foi reconhecido por Jan Balder e Miguel Crispim como sendo o carro que participou das Mil Milhas de 1966

Flávio Gomes – Jornalista especializado, escritor e piloto. São Paulo, SP

Você é fã confesso dos dois tempos, da Vemag, das corridas dos anos 60. Tanto que tem um lindo Malzoni. Recentemente, um dos Malzonis sobreviventes foi reconhecido como o carro que correu as Mil Milhas de 1966. Quem, digamos, “autenticou” o carro foram Miguel Crispim, mecânico-chefe da Vemag, e Jan Balder, que pilotou o carro. Qual a importância de um reconhecimento como esse? Num automobilismo que não tem nenhuma “história oficial” preservada, episódios como o do Malzoni das Mil Milhas e o esforço do Paulo Trevisan para manter viva a memória das pistas brasileiras não mereceria uma atenção maior das entidades esportivas e, eventualmente, das montadoras que já tiveram envolvimento com corridas no Brasil?

BORIS – O movimento de preservação da história, seja do antigomobilismo, seja de selos ou de pianos, é complexo e passa por fatos de difícil comprovação e que podem ou não serem autênticos. O simples fato desse Malzoni estar preservado já é importantíssimo. Se for mesmo o pilotado pela dupla “Rato e Omelete”, melhor ainda. Ainda podem surgir outros documentos ou depoimentos que comprovem ou não a história, sempre foi assim. Não importa, por exemplo, que o Malzoni adquirido pelo museu da Audi tenha bancos ou outros detalhes não originais: o passo mais importante já foi dado, que é a presença do esportivo brasileiro lá em Ingolstadt. Depois, aos detalhes. As nossas montadoras, aos poucos, estão percebendo a importância de preservar sua própria história no Brasil. A GM se desfez de toda a coleção que obteve para integrar o museu que iria construir em São Caetano e a Ford jogou sua documentação no lixo. Mas a Fiat e a Volkswagen estão montando seu acervo e, mais dia menos dia, teremos museus dessas marcas. Sem contar o esforço do Nasser com seu museu (e seu evento, o “Carro do Brasil”) em Brasília tendo que enfrentar a miopia das autoridades que tentam despejá-lo e já até o lacraram na semana passada.

Roberto Fróes – Colecionador e apaixonado por corridas e DKWs – Rio de Janeiro, RJ

Você e mais alguns brasileiros estiveram em Laguna Seca com os GT Malzoni’s, no evento de homenagem aos antigos Auto-Union da década de 1930. Carros sensacionais, que tive a oportunidade de conhecer recentemente, no Museu da Audi, em Ingolstadt. Qual a reação dos alemães ao conhecerem o GT Malzoni? Isso foi muito antes deles adquirirem o que tem hoje… Quais os comentários a respeito do carro, e qual a impressão geral que o mesmo causou? Qual a sua reação ao conhecer as “Flechas de Prata”? Soube que o Lettry – que também estava por lá – pelo menos sentou-se lá dentro e curtiu! Por que o Nick Mason pode, e você – e eu – não podemos?

Em 1999, o GT Malzoni de Boris esteve no Circuito de Laguna Seca

BORIS – Foi muito interessante a participação do Paulo Lomba, Eduardo Pessoa de Mello e minha com nossos três Malzonis na pista de Laguna Seca, em 1999, na homenagem aos 90 anos da marca Auto Union. O Lomba levou o de rua dele para ficar exposto, Eduardo e eu levamos os nossos para correr, só que nos enquadraram na categoria de “esportivos da década de 60”, competindo com Mercedes 300 SL e outros foguetes de 200 a 300 cv. Mas foi divertidíssimo e nossos Malzonis viraram verdadeira atração até pelo susto dos alemães e americanos de se deparar com uma “Ferrari em miniatura” e, na hora de ligar o motor, o inconfundível “pó-pó-pó” de um dois tempos. Ninguém entendia nada….

Bird Clemente – Ex-piloto, palestrante e escritor. São Paulo, SP

Compartilhando os mesmos sentimentos, contemplamos o surgimento do automóvel nacional que serviu como instrumento para que a história do automóvel e do automobilismo brasileiro fosse escrita de forma tão pitoresca, com DKWs, Carreteras, JK, Simca, Berlinetes entre outros, e que oriundos desta simplicidade, nossos pilotos iriam conquistar oito campeonatos mundiais, oito vice, seis vitórias na quinhentas milhas de Indianápolis, o maior evento esportivo do mundo. Naquela época não poderíamos imaginar tudo isto, e que o Brasil se transformaria num dos maiores mercados de automóvel do mundo. No reflexo do seu trabalho, com toda a sua vivencia, como você vê o desdobramento de tudo isto?

BORIS – Toda essa história só me leva a lamentar que a evolução do automóvel nacional tenha passado ao largo do estímulo ao desenvolvimento de projetos realmente brasileiros. A paixão, o talento e a sensibilidade de tantos gênios envolvidos nas competições e nos esportivos e outros fora-de-serie revelaram durante décadas o enorme potencial para que tivéssemos automóveis realmente nossos, resultado de nossas necessidades e adequados para as nossas condições. Infelizmente, a nossa criatividade está enterrada com os jipes do Gurgel, o Democrata, Farus, Puma, Miura e tantos outros projetos do gênero. Quem sabe o registro de sua memória (preservada pelos antigomobilistas) abre o olho de alguém?

Antonio do Monte Furtado Filho – Presidente do clube Galaxeiros das Gerais – Belo Horizonte, MG

O Antigomobilismo Nacional encontra-se, atualmente, no centro do debate com relação à Certificação de Originalidade, ou seja, a Placa Preta, sonho de conquista de muitos apaixonados pelos automóveis antigos.
Temos observado que hoje há uma certa banalização com relação a esta importante certificação pois há muito interesse em se livrar da inspeção veicular. Concedida pelo CONTRAN aos Clubes, sentimos que a Placa Preta foi literalmente abandonada pelas autoridades competentes e perdeu seu status devido ao negligenciamento das regras impostas por alguns antigomobilistas após a aprovação na vistoria. Sem dúvida alguma, medidas severas devem ser tomadas para a criação de normas e regras que sirvam de modelo para todos os Clubes a fim de garantir a transparência deste processo.
Como ilustre jornalista e um das maiores autoridades deste país em Antigomobilismo, gostaria de ouvir a sua opinião sobre este importante assunto pois parece ser uma discussão sem fim.

BORIS – A criação da placa preta foi importantíssima para o antigomobilismo. Mas você tem razão: a lei tem que ser complementada por uma regulamentação que exija o respeito às regras básicas e ao conceito de originalidade. A placa preta vai acabar se distanciando de sua finalidade que é o estímulo à preservação dos automóveis.

Francis Castaings – Jornalista especializado. Mantenedor do site www.retroauto.com.br – Belo Horizonte, MG

No final dos anos 1960 e começo dos 70, por três anos, houve corridas no circuito do Mineirão, que é o nosso grande estádio de futebol daqui. Usava-se a pista externa e parte das áreas do estacionamento como pista. Pilotos como os irmãos Fittipaldi, Paulo Gomes, Tite Catapani, Toninho da Matta e inclusive o Boris Feldman correram. Eram protótipos e carros de produção em série preparados. Nacionais e estrangeiros. O mineiro Toninho da Matta ganhou por duas vezes com um Opala seis cilindros bem preparado. Fazer um autódromo aqui sempre foi uma promessa, mas nada saiu do papel ou de maquetes. Até os kartodromos acabaram. Um na década de 1950/60 outro na de 80. Existe um ainda em Ipatinga no interior.
Gostaria de saber se você sabe se há ainda planos de alguma empresa em fazer. Estados como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Espírito Santo tem grande atividade automobilística. O Rio de Janeiro infelizmente acabou de perder Jacarepaguá. Será que teremos uma pista algum dia?

Wilsinho Fittipaldi e seu FittiFusca de dois motores no Circuito do Mineirão, em 1970

BORIS – Foram várias as tentativas de se construir autódromos em Minas. Na época que fui vice-presidente da CBA eu fiz o que pude para tentar alavancar a ideia. Mas sempre tivemos uma visão meio míope, de tentar atribuir a responsabilidade da obra ao governo estadual. Que deveria, no máximo contribuir com o terreno ou coisa que o valha. Cansamos, na época, de plantar pedras fundamentais que estão enterradas até hoje nos arredores de Belo Horizonte. Afinal, décadas depois, uma primeira pista acabou saindo recentemente, fruto da iniciativa privada: o autódromo “Mega Space” em Santa Luzia, ao lado da capital mineira.

Alexander Gromow – Historiador e preservador da história do Fusca, escritor. Ex-presidente do Fusca Clube do Brasil. Colunista do Portal Maxicar – São Paulo, SP

Minha pergunta se refere à preocupação de transmitir aos Antigomobilistas, que não as tenham ainda, informações fidedignas sobre os objetos de seu hobby. Na minha acepção dos fatos, um colecionador se integra com mais propriedade ao hobby se ele conhece a história real de carros antigos de seu interesse. Para colocar a minha pergunta eu gostaria de delinear como eu vejo o cenário atual que mostra uma proliferação, não sei se intencional ou por desconhecimento de causa mesmo, de informações erradas seja pela Internet ou até em livros desfocados ou mal intencionados – que visam somente a venda e não a informação fiel – ultrapassando até a questão da polêmica, inclusive enveredando pelo mau caráter meramente mercantilista. Os exemplos estão ai para quem quiser e puder ver. Sim, puder ver, pois para poder filtrar este tipo de coisa, a pessoa já tem que ter um bom conhecimento prévio sobre o assunto, caso contrário ela se torna presa indefesa destas armadilhas da informação errada.
Isto posto, eu gostaria de saber o que você, como um dos mais distinguidos antigomobilistas do Brasil, reconhecido como tal nacional e internacionalmente, jornalista de várias mídias, que visitou uma infinidade de museus e conhece uma infinidade de veículos, não só por ver, ou ouvir falar, mas por ter dirigido ou pilotado estas máquinas incríveis, acha desta situação? Adiante eu gostaria de saber se você tem alguma sugestão ou orientação para conduzir esta questão?

BORIS – Será que tinha razão um ministro nazista ao afirmar que “de tanto insistir na mentira ela acaba se tornando verdade”? Não acredito e nem é o que aponta a história. A verdade sempre prevalece.

Paul William Gregson – Diretor do Clube do Ford V8 – São Paulo, SP

Suas atividades sempre trazem a tônica das questões de educação e conhecimento, tanto no uso cotidiano de um automóvel, quanto no contexto histórico, este mais voltado ao que tange esta proposta. Neste sentido, mais do quê apenas uma pergunta, convido-o a opinar sobre o “jeitinho” e as regras. No Antigomobilismo existem regras sérias (como por exemplo a da Placa Preta ou as aplicadas para premiar veículos em eventos) e que são de conhecimento geral. Contudo, observa-se na prática que, as ações de muitos (colecionadores e organizadores de eventos) tem por objetivo as interpretações pessoais e com isto, desrespeitam as regras. Imagino que em algum tempo teremos as regras como exceção e as exceções como regras. Quero acreditar que podemos evitar este quadro inverso, então lhe pergunto: pode-se imaginar um prazo em que o processo de educação e respeito logrará êxito no Antigomobilismo?

BORIS – As regras são necessárias, mas, assim como a própria humanidade, o antigomobilismo caminha pendularmente. Pende para um lado, para o outro e acaba achando sua posição de equilíbrio. Que, no caso, é o respeito à história. Há alguns anos, o mais famoso e sofisticado encontro de automóveis antigos do mundo, Pebble Beach, decidiu instituir uma nova categoria, a dos carros conservados. Alguém poderia imaginar que algum dia iria se deparar, naquela praia, com automóveis já quase sem pintura, com os cromados enferrujados e couro rasgado desfilando para receber trofeu na mais famosa passarela do antigomobilismo mundial?

Felipe Nicoliello – Presidente do Puma Clube de São Paulo – São Paulo, SP

Boris, parabéns pelo seu grandioso trabalho ao longo dessas quatro décadas! Quando guiou pela primeira vez um Puma GT DKW e qual foi sua sensação? O que você poderia nos dizer sobre o Puma DKW? Você teria alguma história interessante da época envolvendo os veículos Puma?

BORIS – Tenho a minha própria história. Na década de 60, ainda estudante de engenharia, eu tinha um DKW Belcar e uma grana que juntei como professor de matemática. O valor dos dois seria suficiente para dar de entrada no Puma DKW, sonho de consumo na época. Ou usar a grana para preparar o carro para as pistas. Adivinha o que decidi? No dia seguinte estava em São Paulo, na oficina do Marinho (rua Tabapuã…) comprando os Weber duplos (um e meio…), coletores, velas, manga de eixo traseira, pistões, anéis… e nem poderia imaginar que, trinta anos mais tarde, eu iria participar, com meu GT Malzoni, de uma corrida na California. A primeira e, por ora, única vez que um esportivo nacional participa da famosa prova de Laguna Seca.

Fernando Barenco – Antigomobilista. Administrador do Portal Maxicar de Veículos Antigos – Petrópolis, RJ

Você e o Roberto Nasser conseguiram um feito ainda insuperado no Brasil: participaram juntos da London to Brighton (já citado na pergunta de Tiago Songa) e da Mille Miglia Storica, a convite de equipes de fábrica.  Além disso, são os únicos jornalistas brasileiros sempre presentes no Pebble Beach Concours D’elegance. Fale sobre a importância da participação nesses eventos internacionais. Aprende-se muito? A cada texto do Nasser sobre Pebble Beach ele enfatiza que dirigentes de clubes brasileiros deveriam ir para aprender com os norte-americanos. Você também recomenda isto?

Feldman e Nasser são os únicos jornalistas brasileiros convidados a cobrir Peeble Beach

BORIS – Europeus e norte-americanos organizam esses eventos há décadas e só se tem muito o que aprender em cada um deles. O de Pebble Beach começou em 1950, o de Villa D’este (na Italia), em 1929… Claro que colecionadores, diretores de clubes e organizadores de eventos tem quase que obrigação de conhecê-los. Um diretor da Fiat (que patrocina o encontro de Araxá, o mais importante do Brasil), por exemplo, já esteve em Pebble Beach especificamente para perceber como se faz o mais sofisticado concurso de elegância do mundo.

Otávio Pinto de Carvalho – Presidente do Veteran Car Club do Brasil – Belo Horizonte, MG

Como surgiu em sua história de vida a paixão pelos automóveis antigos?

BORIS – Surgiu quando o Dr José Mindlin, presidente da Metal Leve, onde trabalhei por 20 anos, me disse que iria colocar a venda o seu Ford modelo “T”. O carro foi para minha garagem no dia seguinte e, daí, o virus já estava inoculado, sem possibilidade de cura….

Organização, texto de introdução e edição: Fernando Barenco

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