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XIII Encontro AVA de Veículos Antigos – Juiz de Fora, MG

XIII Encontro AVA de Veículos Antigos – Juiz de Fora, MG

Uma festa multicolorida!

- 25 E 26 DE MARÇO -
Carros, motos, decorações, miniaturas, peças, ferramentas e literatura
(24) 2243-2876 / 98856-2876

Tradicional evento mineiro ampliou o sucesso de anos anteriores

[dropcap]C[/dropcap]ores, muitas cores! O pátio de eventos do Hipermercado Carrefour de Juiz de Fora, MG ganhou um colorido especial no último final de semana, 19 e 20 de julho. O espaço foi tomado pelo tradicional encontro anual de veículos antigos promovido pela Associação de Veículos Antigos — AVA-JF — em parceria com o VW Clube e o Hot Street.

A presença do público foi excepcional. Pessoas de todas as idades, das mais diversas cidades, admirando e clicando os veículos em exposição

A expectativa de se repetir o sucesso dos últimos anos foi não somente cumprida, mas ampliada. Em 2014, a administração do Carrefour apostou na causa e ampliou o espaço destinado à exposição dos veículos, já que nas últimas edições a organização do evento estava tendo que se desdobrar para acomodar a todos os participantes.

Havia muito o que fotografar…

Foram mais de 620 veículos inscritos e arrecadadas cerca de três toneladas de alimentos não perecíveis, além de itens de limpeza e litros de óleo vegetal. As doações foram feitas pelos expositores e os donativos foram encaminhados à APAE local. Números que mostram que se trata hoje do maior e mais popular evento do gênero em Minas Gerais.

O público visitante também não faltou à festa. Casais, pais&filhos, gente na ‘melhor idade’, jovens… Todos ávidos e curiosos para conhecer as máquinas que povoavam nossas ruas e estradas num passado distante ou nem tão distante assim!

Ford Modelo T: rodas de madeira e partida a manivela. Retrato de uma época

Comecemos então pelo vovô de todos eles: Ford Modelo T fabricado em 1926 e que ao lado do Fusca, representa um dos maiores sucessos da industria automobilística mundial de todos os tempos. Quem é ligado a automóveis, certamente conhece a história do pioneirismo de Henry Ford — seu criador — sobre a adoção da linha de montagem em sua produção, e outros fatos de uma história que começou há mais de 100 anos e que continua a atravessar a barreira do tempo. O T de Juiz de Fora, não é preto, como preconizava seu criador e tem como feliz proprietário o organizador do evento, Jorge Levi Mendes Coelho, ou simplesmente “Borboleta”, como é carinhosamente conhecido.

Um poucos mais “jovens”, três exemplares do Ford Modelo A, fabricados em 1929, 30 e 31. A pick-up em estilo hot rod e os Phaetons no padrão original. Um deles de carona na plataforma de um caminhão Fargo Coe 1946 com mecânica modernizada. O belo conjunto foi exaustivamente clicado pelos expectadores.

Utilitários

O empresário José Herculano da Cruz Filho e seus caminhões: preservação da história de sua transportadora

Por falar em caminhões e plataformas, a Trans Herculano, tradicional transportadora da região, levou ao evento vários de seus veículos históricos. Ao cavalo mecânico Mercedes Benz “Torpedo” 1958 foi acoplada uma plataforma recém fabricada especialmente para o transporte de um caminhão tanque Ford F6 de 1949. O conjunto nos foi apresentado pelo diretor comercial, José Herculano da Cruz Filho, juntamente com outro orgulho da empresa: o Ford F600 1961 que transportou café entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, depois imigrantes para o Estado Paraná e por fim querosene pelas estradas mineiras.

um Ciferal Cisne com carroceria em duralumínio. Modelo popular nos anos 1960

Os ônibus antigos também trouxeram doces recordações, como Mercedes Benz com carroceria em alumínio fabricado pela Ciferal em 1961 e cujo modelo era denominado de ‘Cisne’. Levante a mão quem, atualmente na casa dos 50 anos, nunca foi para a escola num desses!

Ainda sobre utilitários, mas agora no melhor estilo hot rod, quatro chamativas e muito bem personalizadas — além é claro, de potentes — pick-ups: Dodge vermelha 1949, International 1947, Ford F100 1958 e Chevrolet 3100 ‘Boca de Sapo’ 1951.

Norte-americanos

Entre os automóveis norte-americanos o carisma dos Cadillacs nas versões Eldorado 1967, Eldorado Conversível 1971 e Coupê Deville 1973. E mais: Impala Conversível 1965, Pontiac Grand Prix 1975, um raro Rambler American 440 1965, Mercury Cougar 1971, Lincoln Continental Mark V 1978, Corvettes Stingray 1973 e 1977, Oldsmobile Sedanette 1946, Bel Air 1959, Mustang 1994 e Camaro Type LT 1974.

Em sentido horário, a partir do alto: Corvettes, Cadillacs, Impala 1967 e Oldsmobile Sedanette 1946

Europeus

Mercedes Benz SL 280, Renault Caravelle e Alfa Romeo 164

Entre os europeus, Fiat 850 Sport Spider 1969, Jaguar XJ6 1975, Renault Caravelle 1964, Mercedes Benz SL 280 1982, Mercedes Benz 220 S 1959, além de alguns modelos ‘semi antigos’ como o Mercedes Benz SLK 230 1999, o Alfa Romeo 164 1995 e o BMW 325 I Cabriolet 1995.

Uma panorâmica da “Família Galaxie”

Nacionais

Como acontece via de regra nos encontros de autos antigos no Brasil, a grande maioria de veículos em exposição em Juiz de Fora foi de nacionais, sendo o VW e seus derivados os recordistas de presença. Uma ‘rua’ inteirinha somente com Fuscas, dos mais diversos anos, motorizações e cores, quase todos originais. Na fila oposta, Kombis, Variants, Brasilias, Karmann Ghias, TLs, VWs 1600 (Zé do Caixão), SP2…
Em outro setor, mais outro tanto de VWs, só que agora os modificados, a maioria deles da caravana do grupo Duke’s Air Colled, de Duque de Caxias, RJ.

A ‘familia’ Galaxie foi bem representadas por ótimos exemplares do 500, do LTD e do Landau. A extinta Willys Overland foi reverenciada através do Aero, do Gordini, da Rural, da pick-up F75 e, é claro, do Jeep.

O Charger nacional foi lançado em 1971

Um Charger raro…

Entre os Dodges nacionais, nos chamou a atenção um modelo, que além de estar em impecável estado de conservação, é um dos mais raros. O Dodge Charger (sem R/T!) 1971 é o modelo de lançamento da linha Charger e se distingue do Charger R/T por detalhes mecânicos e de acabamento: cambio na coluna de direção, bancos inteiriços e a ausência das faixas pretas. No ano seguinte, essa versão menos esportiva foi rebatizada de Charger LS, para melhor se diferenciar do R/T. Atualmente é uma versão quase impossível de ser encontrada. Quem tem um, dificilmente está disposto a vendê-lo.

…e um Opala idem!

José Carlos restaurou seu SS de acordo com o padrão da época

Encontramos outro esportivo raro, não pelo modelo em si, mas por causa de um pequeno detalhe. Em agosto de 1975 a Chevrolet apresentou uma versão de seu Opala SS que não agradou muito ao público. É que o carro agora possuía logo abaixo do vidro traseiro uma enorme faixa preta com a inscrição “Opala”. Quem comprou assim, tratou logo de tirar. E em fevereiro do ano seguinte, a própria GM aboliu o adereço. Encontramos em Juiz de Fora com o restaurador José Carlos Panthiol, que acabava de chegar ao evento a bordo de seu 1976 com as tais faixas. Ele nos contou que trabalhou na Chevrolet e que possui o carro há 34 anos, restaurado por ele mesmo. Fez questão de manter a faixa original, por uma questão de fidelidade. Esse item é tão raro, que em vê custa a acreditar que seja mesmo de fábrica.

Simples assim!

Em nossas coberturas já tivemos a oportunidade de falar dos irmãos Calazans, de Barbacena-MG. É que toda a família é não apenas apaixonada por veículos DKW. São verdadeiros adoradores da marca e conhecem muito sobre o assunto. Na garagem, há pelo menos cinco deles. E a novidade dessa vez foi a perua Pracinha 1965 recém restaurada e que inda não tínhamos tido a oportunidade de ver de perto. Pertence a Elton.

Os irmãos Calazans e seus DKWs. A Pracinha é o da esquerda e Elton é o primeiro, à direita

Trata-se da versão para lá de simplificada da Vemaguet, lançada como o popular da DKW-Vemag, com direito a financiamento pela Caixa Econômica Federal. Externamente não possui nenhum friso, as calotas são pretas e a tampa traseira abre para o lado. Os parachoques são simplificados e pintados da cor do carro. O único item cromado é o limpador de parabrisa. Internamente é despojada de qualquer conforto. Os bancos e forrações de porta são em napa vermelha, os painel é simples, sem qualquer ornamento e não possui sequer a tampa do porta luvas. Na parte mecânica, nada de sistema de lubrificação automático Lubrimat e nem roda livre. Tudo em nome da economia. Quem adquiria uma Pracinha na época, não tardava em mandar equipa-la, para não ‘pagar o mico’ de andar com um carro assim, espartano ao extremo. É justamente esse fato que torna tão difícil encontrar uma dessas no padrão original atualmente.

Mavericks, Corceis, Chevettes (inclusive um com motor de Opala 6 cc), Pumas VW e Chevrolet, MP Lafers, Passats, Escorts e Monzas completam o plantel nacional.

Duas Rodas

Gilson levou ao Cerrefour quase toda sua coleção de motocicletas; Em primeiro plano a Honda 750 Four 1976

O colecionador Gilson Pires levou ao evento anual AVA 10 de suas 13 motocicletas. Modelos dos anos 1970 como as pequenas Honda CB ‘Cinquentinha’ e a scooter Garelli, ambas de 1974, até uma Honda CB 750 Four 1976, passando pela Honda XL 250 também de 1974, que segundo ele foi o primeiro modelo trail da marca japonesa. Detalhe: todas as motos de Gilson são restauradas por ele mesmo.

O evento contou com a participação de diretores e membros de inúmeros clubes de Minas Gerais e Rio de Janeiro, além de antigomobilistas do Espírito Santo e São Paulo.

Homenagens

Dois momentos da festa de confraternização. A descontração na pista de dança e homenagem a Carlos Augusto Meurer

No sábado à noite aconteceu o coquetel de confraternização na Associação Portuguesa. Os antigomobilistas e seus acompanhantes se divertiram bastante e dançaram como nunca, ao som do Grupo Momentos, que trouxe no repertório flash-backs dos anos 1960 e 70, e de sucessos do momento. Além da homenagem dos clubes presentes, um video especial lembrou o antigomobilista juiz-forano Sr. Carlos Augusto Meurer — o Duty, figura muito conhecida no meio antigomobilista mineiro.

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Especial

Santa Matilde: a restauração do Nº 1

Fernando Monnerat (e), Geraldo Chapinotti e sua esposa Luisa. Muito trabalho para o renascimento do protótipo

 Presente ao XIII Encontro AVA — estreando em eventos, diga-se de passagem — o primeiro protótipo do SM 4.1, ou simplesmente Santa Matilde. O projeto teve início em 1975, quando o engenheiro Humberto Pimentel — diretor presidente da Companhia Industrial Santa Matilde, uma fabricante de vagões ferroviários com sede em Três Rios – RJ — decidiu criar um esportivo, depois da tentativa de compra de um Puma GTB, automóvel o qual julgou haver vários erros de projeto. Inicialmente a mecânica escolhida foi a do Alfa Romeo 2300, mas como a montadora de origem italiana se recusou a conceder a licença para o uso de seus motores, foi adotado o motor Chevrolet 6 cc 4.100, do Opala.

Pimentel não ficou nada satisfeito com o resultado desse protótipo. Achou que havia problemas de dirigibilidade e resolveu abandona-lo, começando de novo do zero. O carro foi abandonado nas instalações da fábrica, não tendo jamais ganhado as ruas. Nesta época trabalhavam na empresa os engenheiros — e irmãos — Flávio e Fernando Monnerat.

O protótipo em 2007: apenas escombros

Lançado oficialmente em 1978, o SM 4.1 foi produzido até 1989. Na ocasião a Companhia Industrial Santa Matilde já passava por sérias dificuldades financeiras. Foram fabricados ao todo 937 SMs, entre hatchs, coupês e conversíveis.

Em 2007, o empresário Geraldo Chapinotti e seu sócio adquiriram através de leilão as instalações e maquinário da Santa Matilde. Lá Chapinotti encontrou em lastimável estado, no meio do lixo, os ‘restos mortais’ do Protótipo Nº 1, faltava tudo no carro: as rodas, a mecânica, o interior e até mesmo uma das portas. Antigomobilista que é, o industrial soube reconhecer o valor histórico que aquela sucata de automóvel representava e decidiu restaura-lo (ou seria reconstruí-lo?). Para a missão contratou o próprio Fernando Monnerat, que hoje trabalha na restauração de Santa Matildes e é muito conhecido entre os proprietários do modelo. O carro, que ficou pronto recentemente, é fiel àquele pioneiro dos já longínquos anos 1970. [/box]

Texto: Fernando Barenco
Fotos e edição:
Fátima Barenco e Fernando Barenco


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